terça-feira, 22 de setembro de 2015

Denúncia: Empresas fantasmas no Brasil estão financiando o Estado Islâmico

A Polícia Federal (PF) investiga a ligação de apoiadores da rede terrorista Estado Islâmico (EI) com empresas fantasmas em Indaiatuba e São Paulo, que seriam utilizadas para enviar dinheiro ao Líbano a fim de financiar ações terroristas. No dia 28 de agosto, a Operação Mendaz da PF cumpriu 18 mandados judiciais de busca e apreensão nas duas cidades. Na ocasião, a PF realizou ação sigilosa e não deu detalhes da apuração, limitando-se a informar que tinha o objetivo de combater uma quadrilha responsável por evasão de divisas. Os policiais recolheram notas fiscais, computadores e contratos.

Reportagem da revista Época publicada no último final de semana informou que a operação teve o objetivo de investigar um grupo suspeito de movimentar dinheiro ilegalmente para apoiar o terrorismo. O líder da organização criminosa seria o libanês Firas Allameddin. 

Conforme revelou o Correio no final de agosto, foram movimentados mais de R$ 50 milhões pelo grupo suspeito em cinco anos para o Exterior. Porém, não havia informações sobre quais países ou grupos seriam os beneficiários. 

A PF não revelou os endereços e os nomes dos investigados em Indaiatuba, porque as informações são sigilosas. A corporação cita apenas que a operação teria desbaratado uma rede de empresas e CPFs falsos, montada para enviar dinheiro para fora do País. 

A reportagem do Correio apurou ainda que empresas de Indaiatuba do ramo de importação estão entre as investigadas. Uma casa de câmbio de São Paulo, cujo proprietário reside em Indaiatuba, também está na mira da PF. 

Conforme a reportagem da Época, a Operação Mendaz foi conduzida pela Diretoria de Inteligência da Polícia Federal e acompanhada pela Embaixada dos Estados Unidos. A Embaixada de Israel também foi avisada pela PF sobre a ação. O ponto de partida da investigação seria o egípcio Hesham Eltrabily, acusado pelo governo egípcio de ter praticado ação terrorista em 1997 e residente no Brasil desde meados de 2000. O egípcio foi sócio de Allameddin em um comércio de roupas na Capital, que está fechado. 

Segundo a reportagem da Época, a PF apura que o grupo de Allameddin utilizava empresas de fachada e nomes falsos para repassar valores ao Líbano. A suspeita é de que o dinheiro tenha origem em estelionato, cheques sem fundo e empréstimos fraudados. 

O grupo usaria então uma corretora especializada em transferências de dinheiro e fazia repasses de baixo valor, sem a necessidade de conta bancária. Em cerca de 300 operações realizadas em menos de dois anos foram enviados cerca de R$ 2,5 milhões ao Líbano. Uma casa de câmbio clandestina localizada na Rua Frei Caneca, na Consolação, em São Paulo, transferia o dinheiro para a corretora, que por sua vez remetia ao Exterior, dificultando o rastreamento do dinheiro. A PF apurou que o dono da casa de câmbio é morador de Indaiatuba. 

“Foram colhidos indícios da existência de uma quadrilha que se dedica à prática de crime de falso, remessa de divisas à margem do controle cambial (...) bem como lavagem de ativos. Tal rede se utilizaria de informações falsas para a obtenção de documentos que propiciaria a criação de pessoas físicas e jurídicas fantasmas”, afirmou a decisão da 10ª Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo, que autorizou as investigações. 

Além de Firas Allameddin, a tarefa de enviar dinheiro ao Líbano — segundo apuração, para as mãos de pessoas ligadas ao Islâmico — caberia a seus dois irmãos, através de empresas de fachada e pagamento da fatura de cartões de crédito com valores acima do total, para o excedente ser sacado no Líbano. O trio publicava na internet imagens e mensagens de apoio ao Estado Islâmico, incluindo a execução de prisioneiros pela organização. O perfil na rede social foi apagado.


Informações: http://correio.rac.com.br/

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