Os organizadores do Salão Internacional Gospel, a feira oficial da música evangélica, que representa o segmento e acontece de 12 a 14 de Abril, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, comemoram o reconhecimento da Música Gospel como manifestação cultural. A lei 12.590 foi sancionada na última semana pela presidente Dilma Rousseff, alterando a Lei Rouanet para estender os benefícios da renúncia fiscal também à música religiosa.
O texto abrange no escopo da Lei Rouanet (legislação que define o leque de atividades culturais passíveis de financiamento público), o artigo 31-A, que estabelece o seguinte: "Para os efeitos desta Lei, ficam reconhecidos como manifestação cultural a música gospel e os eventos a ela relacionados, exceto aqueles promovidos por igrejas." Assina conjuntamente com a presidente o ministro da cultura interino, Vitor Paulo Ortiz Bittencourt.
O texto abrange no escopo da Lei Rouanet (legislação que define o leque de atividades culturais passíveis de financiamento público), o artigo 31-A, que estabelece o seguinte: "Para os efeitos desta Lei, ficam reconhecidos como manifestação cultural a música gospel e os eventos a ela relacionados, exceto aqueles promovidos por igrejas." Assina conjuntamente com a presidente o ministro da cultura interino, Vitor Paulo Ortiz Bittencourt.
Na prática, explica recente matéria publicada no Estadão, significa que megaeventos de Música Gospel poderão ser subsidiados com verbas do tesouro nacional; embora o texto da presidente impeça a realização de megaeventos promovidos por igrejas (como showmissas e cultos em estádios), abre a possibilidade de que empresas ligadas ao segmento religioso possam usufruir da renúncia fiscal - em geral, usando recursos vultosos.
A Lei Rouanet completou em dezembro 20 anos de existência. Em 2010, destinou R$ 1,16 bilhão para a cultura, beneficiando 7.473 projetos - 77% dos recursos ficaram no Sudeste, enquanto o Norte do País ficou com apenas 2,3%. Há uma nova lei de incentivo em trâmite no Congresso Nacional, mas a atual gestão do MinC (que elogia entusiasticamente a lei antiga) avalia que a transição entre a velha e a nova lei deverá levar de três a cinco anos, "em razão da quantidade de projetos em execução, cerca de 12 mil".
Para Marcelo Rebello, diretor de marketing do Salão Internacional Gospel, o momento é importante, a música gospel está vivendo dias jamais vividos antes. Ele lembra: "Pesquisas recentes revelam que esse mercado é um dos mais rentáveis no país. Segundo dados da Associação Brasileira de Produtores de Disco (ABPD), o estilo está presente entre os 10 CDs mais vendidos no Brasil. A Música Gospel, que tinha espaço apenas dentro das igrejas no início do século XIX, hoje é executada em todos os cantos do mundo. No Brasil, espalhada em hipermercados, lojas de conveniência e lojas de discos, ela é um sucesso! Acha se tratar de um exagero na hora dos cálculos? Nada disso! A verdade é que atualmente esse mercado não para de crescer e se multiplicar, movimenta mais de R$ 2 bilhões por ano e é o único segmento fonográfico que cresce em venda de discos no País. O termômetro de tudo isso é a popularização do estilo, notado nos últimos anos nas grandes mídias: começou em 2007, na novela "Duas Caras", da Rede Globo, a cantora evangélica Aline Barros teve sua música "Recomeçar" incluída na trilha sonora da novela. Em 2009, o sucesso "Faz um milagre em mim", do cantor Regis Danese, virou tema até dos gols do "Fantástico". Em 2010, anúncios do Ministério Diante do Trono, Irmão Lázaro, participações de Fernanda Brum, Aline Barros e Ana Paula Valadão no "Domingão do Faustão" e muitas premiações como o prêmio Hutúz onde Dj Alpiste, rapper gospel, foi um dos destaques e até o Grammy Latino, que em anos passados premiou a cantora Soraya Moraes e Marina de Oliveira em 2011, na categoria Melhor Álbum de Música Cristã em Língua Portuguesa; no início de 2011 a emissora SBT abre as portas para a Música Gospel no Programa da Eliana onde pela primeira vez um quadro totalmente gospel chamado "Tem um Cantor Gospel lá em casa" fica 2 meses seguidos em evidência, sendo vice-líder absoluto em audiência. Patrocinado e produzido artisticamente pelo Salão Internacional Gospel, o concurso é considerado pela crítica o grande evento Gospel do ano, onde se apresentaram nas tardes de domingo Marina de Oliveira, Cassiane, Fernandinho, Oficina G3, Ana Paula Valadão, Irmão Lázaro, Fernanda Brum, Bruna Karla e outros artistas de renome, abrindo portas para que outras emissoras se rendessem de vez ao ritmo do Senhor. Ainda no mesmo ano, impulsionadas pelo sucesso de audiência do quadro no SBT, algumas outras iniciativas aconteceram como o Festival e Troféu Promessas, feitos pela Rede Globo, que apesar de no primeiro momento ter um público muito abaixo do esperado, depois manteve a audiência da emissora no horário em que foi exibido. Todas essas ações e muitas outras confirmam que o mercado do Senhor tem a força espiritual e econômica. O maior país católico da América Latina está cada vez mais evangélico. Interessante que toda essa movimentação não é percebida apenas nos números, que por sinal não faltam para quem conhece a fundo esse oceano Gospel e pretende navegar nele. A mesma ABPD, em entrevista à revista Isto É Dinheiro, chegou a dizer que "as gravadoras evangélicas não reportam o número de discos vendidos, mas que, na preferência do consumidor, os cantores Gospel aparecem como os primeiros para 10% dos compradores". Essa opção do consumidor também é percebida no ramo de eventos, o que é o caso do grupo Chevrolet Hall, que passou a investir em eventos cristãos (Shows, Conferências e Congressos de Adoração). A revista Veja chegou a classificar o segmento como "um mercado que não conhece crise" por ser pouco afetado pela pirataria moderna e pelo compartilhamento de mp3 na internet. O que era antes um mercado pequeno, fechado em si, com produções de baixa qualidade, passou a ser um mercado forte com um poder sedutor e cativante que movimenta de R$ 1,5 bilhão até R$ 3 bilhões anualmente", conclui o executivo.
Opinião semelhante tem a jornalista Luciana Mazza, que trabalha já há 10 anos nesse ramo, ela explana: "Se 2011 foi um ano bom para a Música Gospel, 2012 será ainda melhor. Começamos o mês de Janeiro ao som de Aline Barros no Show da Virada, logo após grandes oportunidades dentro da mídia como o Caldeirão do Huck, depois, a Música Gospel sendo reconhecida como uma manifestação cultural. E pela primeira vez, numa atitude inédita, um evento cultural musical chamado SING Festival, onde as inscrições são gratuitas para se descobrir os talentos que ainda estão escondidos dentro das igrejas, em 3 festivais simultâneos: dança, cantores e bandas. Em Abril, teremos o encontro de todo esse mercado eletrizante dentro do grande Salão Internacional Gospel, que já se consolida como um verdadeiro marco dessa revolução da música cristã. Ainda este ano, São Paulo recebe o lançamento do primeiro Museu da Música Gospel Brasileira, resgatando toda essa história nos mínimos detalhes. Enfim, creio que vivemos uma época em que pela primeira vez modernidade, ciências, tecnologia, política e fé começam a ser pensadas e discutidas de uma forma mais ampla e democrática, andando lado a lado e isso é muito positivo."
Na foto: Marcelo Rebello idealizador do Salão Internacional Gospel.
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