"Sim, nós comemos grama e estamos orgulhosos disso porque demonstra que, com o poder de Deus, podemos fazer todas as coisas", disse uma estudante de 21 anos Rosemary Phetha, membro da Centro Minsiterial Raboni na África do Sul em uma reportagem ao NY Times ao vivo.
Tudo isso parece uma pegadinha do capeta, não do Sergio Malandro, mas do nosso grande antagonista que já não se esforça para enganar as pessoas que a ele se oferecem voluntariamente para serem abusadas. Se por uma lado essa geração é marcada por um fenômeno social que pressiona as pessoas a pertencer ao grupo mais "legal" possível é o deterioramento da familia e seus valores que lança o ser humano em um limbo social que pressiona pessoas a pertencer e fazer parte. Essa pressão inconsciente está presente no dia a dia da cultura ocidental e leva pessoas a buscarem, sem um critério claro, a um grupo que as receba por afinidade. Não existe uma regra pois os grupos se sobrepõe e pessoas fazem sempre parte de mais de um grupo, porém de uma forma quase inacurada posso dizer que gente de dinheiro procura grupos de negociantes para se relacionarem em maçonarias ou clubes. Jovens universitários e os com aptidão politica estão na UNE, se filiam a partidos políticos, gente de formãção militar se filiam em clubes militares. O inconsciente os empurra para pertencer a um grupo onde se sentem livres para expressar sua individualidade. É como se pensassem "não dá para ser eu mesmo se não houver ninguém para assistir".
"A grama é boa, é como se você estivesse comendo macarronada"~ Senhora membro da igreja do Pr. Lesego Daniel
Dentro dos grupos em que se organiza a sociedade a igreja é o mais aberto, o que aceita a todos, incluindo os ex-(alguma coisa ruim) dos quais faz estrelas de testemunhos domingueiros. Se ontem o sujeito era o coisa-ruim do bairro, hoje é a estrela principal de um culto, recebendo uma graninha pela aparição em que se torna a atração de entreterimento que salvou aquele domingo da aborrecida tarefa de somente pregar a palavra. O que na prática acontece é que a igreja recebe de toda variedade de origens e os forma para serem algo genêrico, produzido em série, fazendo deles cantores, pregadores e ministros de qualquer departamento celestial que lhes dê na telha inventar no momento. Tudo isso que é positivo socialmente, a integração é válida porém falha em encaminha-los a uma profissão ou carreira segundo sua aptidão o que seria mais interessante para a igreja e para a sociedade. Porém ao fazer de todos itinerantes testemunhadores, pastores ou cantores a igreja fabrica seus futuros causadores de escândalos caseiros ao custo da degradação da palavra e da verdade. Nesse contexto onde a porta que salva também aprisiona, e o abraço que afaga também esmaga.
"Eu não podia andar, mas logo depois de comer a grama, como o pastor tinha ordenado, eu comecei a ganhar força e uma hora mais tarde, eu podia andar de novo"
~ Doreen Kgatle
Aqui em Atlanta brasileiros buscam a igreja em busca de informações de emprego, trocar cartões de negocios, pedir uma grana emprestada para pagar o aluguel, e finalmente para fazer amigos. As igrejas aqui se sustentam não pela palavra mas pelo grupo social. Ouvi confissões de casais que vítimas de grave abuso por parte de pastores, outros relatavam roubos e tentativa de estupros e temerem deixar a igreja e se isolarem socialmente em um pais extrangeiro. O medo de estar sozinho é maior que o temor de Deus. Mesmo que a palavra obtusamente adverte de que "Quem teme não está aperfeiçoado no amor" -1 João 4:18 é o medo a principal fonte de autoridade da igreja evangelica. "Não toque no ungido" dizem eles, "mesmo que o ungido esteja na cama com sua esposa". Esse pretexto bíblico é difundido para causar terror e medo no coração do rebanho e proteger o infrator da aplicação da justiça que lhe é devida.
A igreja evangelica criou um culto ao entreterimento, o centro da igreja é a igreja em si. Nesse ambiente eclesiocêntrico e esquizofrênico são formados diariamente um batalhão de "Lana Holders", gente que o único de especial que possuem é serem um ex-(alguma coisa ruim), o suficiente para serem lançadas no mercado de testemunhos que somente servem para apimentar os domingões. Ai do pastor que não tiver uma atração domingueira quando seu concorrente da rua de baixo trouxe um ex-viado para testemunhar. Há também casos como o do Pastor Lesego Daniel, na Africa do Sul que difere no fato de que ele mesmo é a atração domingueira. O carismático e eloquente pastor se tornou famoso mundialmente por fazer as pessoas comerem grama. Diante dessa triste notíca me saltou imediatamente da mente que crente burro comendo grama seria um grande pleonasmo social.
"Comemos grama sim e estamos orgulhosos disso"
~ Canto dos membros da igreja do Pr. Lesego Daniel
A igreja não deve ser o centro da fé, Jesus sim, a igreja local deveria sofrer todo o dano e até se desintegrar localmente se for necessário para que a palavra de Deus permanecesse intocada. O problema reside no contrário, a igreja local vai fazer de tudo para permanecer como força politico-social mesmo que para isso tenha que distorcer a palavra e causar escândalos continuamente. Maldita a geração que valoriza o carisma e a performance no púlpito mais que a verdade e a justiça. Maldita a geração que teme mais aos pastores que a Deus.
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Wesley Moreira é graduado em Teologia pela Fundação Cristã Educativa, World Harvest Bible Institute e na Way of The Master School of Evangelism. Mora nos EUA e é colunista no Púlpito Cristão