Sobre os anjos
Hebreus capítulo 2, versículos 5 a 18
Uma aparente inferioridade do Senhor Jesus aos anjos, temporária, em contraste com Sua atual exaltação (2:5-9).
No primeiro capítulo vemos que, como Filho de Deus, Jesus Cristo é superior aos anjos. Agora veremos que Ele também é superior, como Filho do homem. A encarnação do Filho de Deus parece ser incrível para a maioria da humanidade, e para os judeus o fato da sua humilhação era vergonhoso. Para os judeus do seu tempo, Jesus era apenas um homem, e, portanto, pertencia a uma ordem mais baixa do que a dos anjos. Os versículos seguintes mostram que até mesmo como homem, Jesus Cristo era superior aos anjos.
Para começar, Deus nunca determinou que o mundo vindouro estará sob o controle dos anjos. O mundo vindouro é o mundo atual, transformado quando vier o Messias, de que falam os profetas do Velho Testamento. Nós o conhecemos também como o do milênio que se iniciará na volta de Jesus Cristo ao mundo com os Seus santos.
O Salmo 8:4-6 mostra que o eventual domínio sobre a terra é destinado ao homem, não aos anjos. Em certo sentido, embora o homem seja insignificante e sem importância, Deus ainda lhe dá atenção e cuida dele.
Na escala da criação, ao homem foi dada uma posição inferior aos anjos. Ele é mais limitado quanto ao conhecimento, mobilidade e poder, e tem um corpo físico sujeito à morte. Mas nos propósitos de Deus, o homem está destinado a ser coroado com glória e honra. Muitas das limitações atuais do seu corpo e da sua mente serão removidas, e ele será exaltado sobre a terra.
Tudo será colocado sob a autoridade do homem naquele dia que logo virá — os exércitos angelicais, o mundo dos animais, pássaros e peixes, o universo — na verdade, toda a matéria (coisas) estará sob o seu controle. Esta foi a intenção original de Deus para o homem. Disse-lhe, por exemplo: "dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra" (Gênesis 1:28).
Por que então não vemos agora toda a criação em estado de sujeição ao homem? A resposta é que o primeiro homem, de quem somos descendentes, perdeu o seu domínio por causa de seu pecado. Foi o pecado de Adão que trouxe a maldição na criação. Criaturas dóceis se tornaram ferozes. A terra começou a produzir espinhos e cardos. O homem perdeu grande parte do seu controle sobre a natureza. E veio a morte física.
No entanto, quando o Filho do Homem voltar para reinar sobre a terra, o domínio do homem será restaurado. Jesus Cristo, como homem, irá restaurar o que Adão perdeu e fará muito mais. Por enquanto ainda não vemos tudo sob controle do homem mas podemos ver Jesus, e em Sua pessoa encontramos a chave para o eventual domínio do homem sobre a terra.
O Filho de Deus se fez um pouco inferior aos anjos durante os trinta e três anos de seu ministério terreno (Filipenses 2:6-8).. As fases da Sua humilhação foram nascer em Belém de uma mulher (restringindo-se assim a um corpo humano), viver humildemente como Servo (submetendo-se ao escárneo dos Seus inimigos) e baixar à morte por crucificação (por causa da injustiça dos homens). Agora Ele está junto ao trono de Deus, em seu corpo humano ressuscitado e extraordinariamente transformado, coroado com glória e honra por ter levado sobre Si o castigo que os homens mereciam.
Para ser nosso Salvador, o Senhor Jesus morreu como nosso Representante e como nosso Substituto; ou seja, ele morreu como Homem e morreu para o homem. Ele carregou em seu corpo na Cruz a pena instituída por Deus para o pecado do homem, para que aqueles que crêem nele nunca tenham que suportá-la eles próprios.
Foi inteiramente em consonância com o caráter justo de Deus, que o domínio do homem fosse restaurado mediante a humilhação do Salvador. O pecado perturbou a ordem de Deus. Antes de restaurar ordem ao caos, o pecado tinha que ser ser tratado com justiça. Era consistente com o caráter justo de Deus que Cristo padecesse, sangrasse e morresse para apagar o pecado do homem.
Jesus Cristo o Sumo Sacerdote da humanidade (2:10-18)
O sábio Planejador é descrito como “aquele, para quem são todas as coisas, e por meio de quem tudo existe”. Ele é o objetivo ou a meta de toda a criação, todas as coisas foram feitas para sua glória e prazer, e nada do que existe deixou de ser feito por Ele. Seu grande propósito foi trazer muitos filhos à glória. Quando consideramos nossa própria inutilidade, ficamos espantados ao pensar que Ele teria até mesmo se interessado em nosso bem-estar! Mas por ser o Deus de toda a graça Ele nos chamou para Sua glória eterna.
O custo para o Filho de Deus foi imenso: o nosso Salvador tinha que passar por sofrimentos. Quanto ao seu caráter moral, o Senhor sempre foi perfeito, portanto este nunca poderia ser “aperfeiçoado”. Mas precisava passar por uma experiência pessoal humana de sofrimento para ser o nosso Salvador. Em outras palavras, para pagar o preço da nossa redenção eterna, teve que sofrer sobre Si todo o castigo que nossos pecados mereciam. Sua vida sem mácula não era suficiente para nos salvar: a Sua morte substitutiva era essencial para esse fim, completando ou “aperfeiçoando” a Sua obra. Assim Deus encontrou uma maneira justa de nos salvar que era digna de Si mesmo. Ele enviou Seu único Filho para morrer em nosso lugar.
Por isto Ele assumiu a nossa humanidade, ao ponto de não se envergonhar de chamar os que são santificados (os crentes) de “irmãos”, “pois tanto o que santifica como os que são santificados, vêm todos de um só”: todos são possuidores de humanidade e têm o mesmo Deus Pai. Quem santifica é o Senhor Jesus e os “santificados” (separados para Deus) são os que se salvam mediante a fé em Cristo. Assim se cumpre o que foi previsto no Salmo 22:22: “anunciarei o teu nome aos meus irmãos; louvar-te-ei no meio da congregação. Eis-me aqui, e os filhos que Deus me deu”. Este é um salmo profético, externando os pensamentos do Messias ao sofrer na cruz.
Em um sentido especial Deus deu Seus filhos a Cristo para que fossem santificados, salvos e emancipados. Como tinham natureza humana, o Senhor Jesus assumiu um corpo de carne e osso, e escondeu a visão externa da sua divindade em um "manto de barro".Existem quatro tipos de santificação na Bíblia: santificação pre-conversão (1 Coríntios 7:14) santificação posicional (1 Coríntios 6:11), santificação prática (2 Timóteo 2:21) e a santificação perfeita (1 João 3:1-3). O leitor deve estar atento para as várias passagens em Hebreus onde santificação é mencionada e deve procurar determinar a qual tipo de santificação se refere.
Temos em seguida uma relação das quatro grandes bênçãos decorrentes do sofrimento e morte do Senhor Jesus:
A derrota do diabo – derrotando quem tinha o poder da morte, isto é, o diabo. Derrotar aqui significa tirar o seu poder, em vez de dar-lhe fim. É como anular ou cancelar. Satanás ainda procede ativamente contra os propósitos de Deus no mundo, mas recebeu um golpe mortal na Cruz. Seu tempo agora é curto e sua condenação é certa. Ele é um inimigo derrotado.
O livramento do medo da morte - Antes da morte de Cristo no Calvário, o medo da morte dominava os homens ao longo da sua vida. Embora existam referências ocasionais sobre a vida após a morte no Velho Testamento, a impressão geral é de incerteza, horror e tristeza. O que era nebuloso está claro agora, porque Cristo trouxe o conhecimento da vida e imortalidade depois da morte física com a Sua própria ressurreição e ascenção.que são parte do Evangelho (2 Timóteo 1:10). Não há nenhuma sugestão nas escrituras que o diabo pode infligir a morte sobre um crente sem a permissão de Deus (Jó 2:6), e, portanto, ele não pode determinar a hora da morte do crente. O Senhor Jesus advertiu seus discípulos “Não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes Aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Mateus 10:28 ). Os filhos de Deus não precisam temer o inferno.
A expiação do pecado –. Na Sua vinda ao mundo, o Senhor não prestou auxílio aos anjos, mas sim à “semente de Abraão". “Prestar auxílio” aqui é uma tradução do grego epilambano, "tomar posse", ou seja, Ele não tomou sobre si a natureza dos anjos, mas a da semente de Abraáo. A utilização desse verbo aqui denota auxílio e alívio. A semente de Abraão aqui pode ser interpretada como seus descendentes, mas alternativamente como sua “semente espiritual” que são os crentes de todas as épocas (Gálatas 3:29). O importante é que são seres humanos, não anjos. Por isso Ele assumiu a humanidade verdadeira e perfeita, como criara Adão, mas manteve ainda características divinas em Seu caráter, em Seu poder, e na consciência da Sua identidade. Demonstrou ser misericordioso e um sumo sacerdote fiel nas coisas referentes a Deus. A função principal do sumo sacerdote era fazer propiciação pelos pecados do povo. Para realizar essa tarefa, ele fez o que nenhum outro sumo sacerdote poderia fazer: ofereceu Seu próprio corpo para levar sobre Si o castigo pelos nossos pecados. Foi um sacrifício perfeito, pois era puro, imaculado. De bom grado sofreu e morreu por nós.
O socorro quando tentado – o Senhor pode ajudar quem passa por tentação, porque Ele próprio também sofreu ao ser tentado. Para nós é penoso resistir à tentação, mas para Ele foi penoso ser tentado. Cumpre observar aqui que a tentação veio de fora, não de dentro: Quando foi tentado no início do Seu ministério, as tentações vieram do diabo. Ele nunca seria tentado por Suas próprias paixões e desejos, pois não estavam contaminados pelo pecado.
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