segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Autoridades prendem evangélicos na Etiópia após reunião de estudantes de igrejas



A perseguição religiosa aos evangélicos na Etiópia se voltou recentemente para um grupo de estudantes de diferentes igrejas evangélicas no país. Vários deles foram presos, assim como lideranças locais pressionadas, tudo como parte de uma ação das autoridades locais para impedir o crescimento do segmento protestante no país.
O episódio ocorreu durante uma reunião da Irmandade Etíope de Estudantes Evangélicos (IFES) em Debark, segundo informações do Evangelical Focus. Segundo o relatório, autoridades da região de Amhar foram até o local do encontro e levaram vários evangélicos presos.
O número de presos não foi revelado, mas sabe-se que eles foram forçados a assinar um acordo prometendo que nunca mais farão novas reuniões na cidade, localizada a 90 quilômetros ao norte de Gondar.
Segundo informações da organização Portas Abertas, a prisão dos evangélicos se deu porque a região deve ser exclusiva da Igreja Ortodoxa, a qual rejeita a presença dos protestantes no local, permitindo apenas que reuniões desse tipo sejam feitas em Gonder, que fica a 100 km distante de Debark.

“A pressão na região tem aumentado bastante e, com um ataque a uma igreja em 2008, a perseguição tem feito com que os protestantes da região se desloquem para Gonder. Apesar da Constituição etíope garantir a liberdade religiosa, as divisões étnicas e religiosas se sobressaem e, por medo, poucos protestantes se mantêm em Debark”, diz a organização.
Ocupando atualmente a 28ª posição na lista de perseguição mundial, além dos islâmicos radicalizados, os evangélicos na Etiópia também sofrem perseguição pelos conflitos entre às diferentes denominações, já que a Igreja Ortodoxa (católica) tem perdido cada vez mais espaço para as novas igrejas protestantes.
Os evangélicos que foram detidos pelas autoridades foram liberados após o acordo de não reunião em Debark. Infelizmente o cenário de desunião só tem contribuído para que a perseguição religiosa se intensifique no país, quer vinda do lado muçulmano como do católico-ortodoxo.
“Ore para que o Senhor proteja os crentes de Debark de qualquer perigo. Que Cristo os mantenha fortes na fé e ajude-os a não serem vencidos pelo medo. Peça que Deus dê calma e sabedoria aos líderes da igreja neste momento difícil, para serem modelos de fé e determinação”, pede a Portas Abertas.

Centenas de mulheres e crianças cristãs são vendidas para casamentos forçados na China



O tráfico humano é um dos mercados clandestinos mais cruéis do planeta, equiparando-se em número de verba circulada ao tráfico de armas e de drogas. Nesse contexto, centenas de mulheres e crianças cristãs também são vítimas desse tipo de exploração em lugares como a fronteira do Paquistão com a China.
Uma das maiores agências de jornalismo investigativo do mundo, a Associated Press (AP), divulgou com exclusividade a obtenção de uma lista com 629 nomes de mulheres e crianças que foram vendidas para casamentos forçados, além de outras formas de abuso sexual, na fronteira do Paquistão com a China.
Desde que a informação foi revelada por uma fonte anônima, autoridades do Paquistão se moveram para abafar o caso. “Ninguém está fazendo nada para ajudar essas garotas”, disse uma das autoridades.
“A mídia paquistanesa foi pressionada a reduzir suas reportagens sobre esse tipo de tráfico. Os funcionários falaram sob condição de anonimato porque temiam represálias”, informou a AP.

Mulheres e crianças cristãs são as principais vítimas do tráfico humano no Paquistão. Isso porque elas fazem parte do segmento populacional mais pobre do país. Pessoas em situação de vulnerabilidade social são os principais alvos e muitas vezes a venda é feita de maneira forçada. Os familiares também são ameaçados de morte pelos traficantes.
O valor médio que circula entre os traficantes é de  4 milhões e 10 milhões de rúpias (entre 25 mil e 65 mil dólares), dos quais apenas 200.000 rúpias (1,5 mil dólares) vão para as famílias. O valor serve para comprar o silêncio e também convencer os parentes diante da condição de miséria em que vivem. Até mesmo líderes cristãos foram acusados pelo tráfico, além de muçulmanos.
“As quadrilhas de tráfico são compostas por intermediários chineses e paquistaneses e incluem ministros cristãos, principalmente de pequenas igrejas evangélicas que recebem subornos para incentivar o rebanho a vender suas filhas”, diz a agência.
“Os investigadores também encontraram pelo menos um clérigo muçulmano que administra um departamento de casamentos de sua madrasta, ou escola religiosa”, destaca.

Apesar do absurdo praticado, o número de países que servem de celeiro para o tráfico humano de mulheres e crianças é cada vez maior, segundo um relatório da  Human Rights Watch (HRW). O aumento pela procura de crianças também é algo que chama atenção.
“Uma das coisas mais impressionantes sobre esse assunto é a rapidez com que cresce a lista de países que são conhecidos por serem os países de origem no negócio de tráfico de noivas”, disse Heather Barr, autora do relatório da HRW.
Omar Warriach, diretor de campanhas da Anistia Internacional para o Sul da Ásia, condenou a venda de mulheres e crianças para casamentos forçados, assim como para a reeducação religiosa em centros muçulmanos, onde muitas são preparadas para o matrimônio na cultura islâmica.
“É horrível que as mulheres estejam sendo tratadas dessa maneira sem que nenhuma preocupação seja demonstrada pelas autoridades de ambos os países. E é chocante que isso esteja acontecendo nessa escala ”, disse ele.