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Na altura dos joelhos, arrumados em um armário de portas transparentes, dois finos cofres de plástico pretos cercados por cabos elétricos emitem luzes piscantes azuis, sinal de bom funcionamento.
Banhof é um das empresas que depois de outubro acolhem os servidores do WikiLeaks, site polêmico que publica documentos secretos e, desde o fim de novembro, notas diplomáticas americanas.
Em meio ao ronronar dos servidores e dos ventiladores encarregados de manter as temperaturas baixas, Karlund continua a visita do centro espetacular, mas que em sua opinião não tem nada de particular em seu funcionamento.
O cliente WikiLeaks, apesar de toda atenção que atrai, é tratado como os outros, garante.
Impossível, no entanto, ao penetrar neste santuário, não achar que se está em um cenário de filme de ficção científica ou de espionagem, onde o personagem principal é o enigmático Julian Assange, o homem que desafia sozinho, ou quase, as grandes potências internacionais, via WikiLeaks.
Assange está atualmente preso em Londres em virtude de um mandado de prisão internacional emitido pela Suécia que o procurava por um caso de estupro.
Para penetrar em Banhof, é preciso, primeiro, passar por uma porta automática em vidro que abre - com um código - em uma nuvem de vapor criada pelo encontro entre o ar gelado do exterior com o ar quente do interior.
Depois de descer uma rampa até o coração do dispositivo ainda protegido por uma segunda porta de segurança que também é aberta por um código, o visitante é atingido por um calor e uma umidade sufocantes.
Esse abrigo batizado de "pionen" (peônia) foi construído no bairro de Södermalm em meados dos anos 1940 e depois transformado em abrigo antinuclear em plena Guerra Fria.
Após ter servido de sala de exposição, o local foi adquirido há alguns anos pela Banhof, que implantou ali seu quinto centro de armazenagem de dados de informática.
"Estamos muito bem protegidos contra ataques físicos, mas não é isso que nos preocupa. A ameaça real pode ser jurídica e mais provavelmente ainda os ciberataques", destacou Karlund.
Em um escritório ao lado da sala dos servidores, o tráfego WikiLeaks é mostrado em tempo real em uma tela.
"Até agora, não recebemos nenhum ataque direto. Nós observamos efeitos ligados a outros ataques, mas nenhum visando nossa instalação ou os serviços relacionados", explicou, lembrando que o WikiLeaks não deixou "todos os ovos no mesmo cesto" e que o site tem outros servidores espalhados pelo mundo.
Sob a condição de não infringir a lei sueca, clientes como o WikiLeaks podem armazenar seus servidores com a Banhof.
"Eles devem pagar suas contas e o conteúdo deve ser legal na Suécia", explicou Karlund.
Perguntar a ele o que seus clientes divulgam via os servidores da Banhof é como "perguntar ao carteiro se ele abre as correspondências".
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