sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Rússia festeja Natal Ortodoxo

Cristão ortodoxo segura o filho enquanto ambos acendem velas na 
Catedral de São Clemente. Foto: APCristão ortodoxo segura o filho enquanto ambos acendem velas na Catedral de São Clemente
Foto: AP


Desde o estreito de Bering até suas bases na Antártida, a Rússia festeja hoje o Natal Ortodoxo. A Igreja Ortodoxa Russa mostrou de novo sua fidelidade ao antigo calendário Juliano que comemora o Natal 13 dias depois que católicos e protestantes, e convocou seus fiéis, em uma meia-noite gelada, aos ofícios religiosos celebrados em mais de 16 mil igrejas e 635 monastérios do país. Os habitantes da aldeia de Oktiabrsk, em Kamchatka, passaram o dia isolados do resto do mundo por uma neve e vento que assolaram esta península do extremo leste russo. Enquanto isso, no outro extremo do mundo, os cientistas da base russa de Bellinsgauzen, na Antártida, realizaram uma vigília natalina e uma missa oficiada pelo padre Kalistrato, que comanda também a construção do templo ortodoxo mais meridional do planeta. Com 30 anos, este pope tem a tarefa de ser o "pastor" dos militares e cientistas que habitam essa base russa na ilha antártica do Rei Jorge, aonde já chegaram os símbolos e seis sinos da primeira igreja ortodoxa na Antártida.
Mas o centro das celebrações do Natal Ortodoxo na Rússia foi de novo a catedral de Cristo Salvador, no coração de Moscou, onde o Patriarca Alexis II oficiou o principal serviço do dia. O templo de Cristo Salvador é um exemplo do golpe de governo dado pela Rússia, no qual a religião ortodoxa se converteu em ponto de referência do Estado e estandarte do crescente nacionalismo que domina o país.
Esta catedral é construída sobre os pilares do templo original (fundado em 1812 para comemorar a vitória sobre Napoleão), que foi arrasado por ordem de Stalin para ser convertido em piscina da cúpula soviética. Desde sua consagração em 2000, a catedral se converteu no farol dos esforços para recuperar a "velha" Rússia, com os valores ortodoxos como bandeira.
Em sua homilia natalina, Alexis II fez pedidos em favor da paz e do fim do terrorismo, mas também encorajou os fiéis ortodoxos a "restaurar os valores espirituais e morais da história milenar da Rússia". "Tenho certeza que nossa amada pátria reviverá, assim como fez esta catedral", declarou.
Nos últimos anos, a religião ortodoxa foi utilizada pelo Kremlin não só para unir os sentimentos nacionalistas da população, mas como símbolo do retorno da Rússia a uma Europa que, buscando alavancas de integração, afunda em suas raízes cristãs, segundo o Patriarcado. Por isso, o outro protagonista deste Natal Ortodoxo foi de novo o presidente russo, Vladimir Putin, que foi a Suzdal (220 quilômetros ao nordeste de Moscou) para festejar a data. Suzdal é um autêntico "museu vivo" da história da Rússia, com igrejas antiquíssimas que parecem cobertas de prata nestes dias de neve e gelo.
Putin visitou a igreja de Borís e Gleb, construída em 1152 em homenagem aos irmãos assassinados do príncipe Yuri Dolgoruki, lendário fundador de Moscou, e decorada com afrescos do século XII que escaparam do demolidor efeito de séculos de pilhagens e esquecimento oficial. O chefe de Estado assistiu aos ofícios religiosos de Natal na Igreja do Santo Sinal, onde dúzias de habitantes de Suzdal suportaram várias horas de frio intenso para saudar o governante e dizer que rogariam em suas preces por sua vitória nas eleições presidenciais de março.
EFE

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