Deus, que bom, não tira férias. Poderoso e invencível, não se cansa, não se fadiga, não cochila, não vacila, não adoece, não envelhece, não se esgota. Por isso Ele é o nosso pastor do Salmo 23 e, uma vez nEle, de nada temos falta.
E quanto a nós? Sem exceção, precisamos de férias. Nossas energias e reflexos são limitados, sempre que estão próximos de acabar, clamam por descanso. Deus, desde a criação, antes de qualquer ameaça de pecado, nos presenteou com o necessário princípio do descanso. Entre os evangélicos, pelo menos três tipos de férias se tornaram constantes. Vale a pena refletirmos.
Férias para Jesus. Com nobre objetivo, muitos dedicam suas férias para trabalhar em algum campo missionário ou em projetos semelhantes, sempre com o foco de difundir o evangelho. Tais atividades podem acontecer aqui ou no exterior. Alguns anos atrás, lembro de ter recebido um e-mail com o seguinte pedido: Pastor, ore por mim, pois vou dedicar estas férias para Jesus, vou trabalhar todo o período no país tal, com a igreja tal, ore por mim, obrigada. Li, dobrei os joelhos e orei. Um bom texto para inspirar as Férias para Jesus seria o de Mateus 6.33: Buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Férias com Jesus. Igualmente nobre. Deveria ser a prática e o desejo de todo cristão. Férias com a família, os amigos, os parentes. Na praia, no campo, no navio, no ônibus, no avião, na simples pensão, no belo hotel ou na casa de queridos. Não importa qual seja o estilo e o modelo, o que importa é a firme consciência de que Jesus está junto nas férias. Quero ir, quero conhecer pessoas e lugares, quero realizar sonhos, mas só se for com Jesus. Um bom versículo para nos fazer pensar na importância de sempre reconhecer a presença de Jesus, seria I Coríntios 10.12: Aquele pois que cuida estar em pé, olhe não caia.
Férias sem Jesus. Aqui se instala a sutileza do perigo. Inicialmente, nenhum cristão planeja tirar férias sem Jesus, algo como deixá-lo propositalmente de lado. Os ideais do coração querem oferecer férias para e com Jesus. O problema é que Jesus é invisível e os encantos das novas pessoas e novos lugares são bem visíveis, perigosamente visíveis. Enchem os olhos e seduzem os corações. Assim, sem que se perceba, boas intenções de férias para e com Jesus, transformam-se em férias sem Jesus. Cuidado, o texto que pode se encaixar aqui deveria piscar como luzes de alerta todos os dias diante dos olhos da nossa alma, são os versículos 23 e 24 do Salmo 139: Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos; e vê se há em mim algum caminho mal, e guia-me pelo caminho eterno.
Lembra do e-mail que citei acima, das Férias para Jesus? Pois é, foi lá, em terra estranha, longe da segurança simples da família e da igreja, que aquela irmã solteira junto com um pastor casado traíram muito mais do que a confiança dos seus, traíram o Jesus para o qual tinham a intenção de ofertar suas férias. As férias para e com, tristemente se tornaram férias sem Jesus. Casos assim confirmam uma doída verdade: as férias terminam, mas os problemas causados pelos pecados persistem, deixam marcas, feridas, traumas.
Jesus perdoa aquele que sinceramente se arrepende? Evidente que sim. Renova? Sim. Dá novas chances? Sim, sim e sim. O dilema são os processos carregados de dramas existenciais, culpas, pesos e fardos que sistematicamente acusam, intensificando a vergonha e a humilhação. Por favor, entenda, férias sem Jesus nos colocam em lutas pessoais e internas, embora queiramos transferir a culpa para organizações, pessoas, esquemas, enfim, para os outros, no final, cedo ou tarde, o reconhecimento chega, quando acabamos por admitir que a enorme parcela da responsabilidade por sofrimentos e perdas é nossa. Para clarear a mente, olhemos para Davi. Foi perdoado? Foi. Os dilemas da vida arrasada pelos próprios pecados, no entanto, ficaram registrados em cada dor e etapa dos processos de cura que se seguiram.
Toda vez que saímos de férias, minha esposa fica uns vinte minutos angustiada no carro, tentando lembrar o que esquecemos em casa. Até que ela lembre o que foi, a angústia não passa. As vezes é uma escova, um carregador de celular, uma blusa, essas coisas. E sempre, acredite, alguma coisa a gente esquece. Jesus não é coisa, amuleto, objeto, guru. Ele é Deus, Senhor e Salvador. Jamais pode ser esquecido por aqueles que confessam o seu nome. Lembre-se: Férias para e com Jesus, sempre. Férias sem Jesus, nunca.
Paz!
pr. Edmilson Mendes
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: "Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".
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