sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Teólogo Afirma que Formação Teológica é Importante para a Identidade da Igreja

Ex-presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), Walter Altmann, admitiu que a formação teológica na IECLB merece atenção especial, uma vez que o número de estudantes vem caindo, assim como os recursos financeiros para a manutenção das três casas de formação.
Olhando a trajetória da Faculdade de Teologia da IECLB, criada em 1946, Altmann considera a grande importância do papel da formação para o futuro da Igreja.
“Na formação dos ministros e ministras está em jogo a própria identidade da Igreja,” disse, destacando que grande parte do perfil da Igreja, da sua credibilidade e fidelidade são gestados na formação. Ele também assinala que a valorização da formação teológica como uma herança muito significativa de Igrejas luteranas.
Sem sugerir um tipo de crítica às casas de formação da Igreja, mas abarcando o sistema educacional brasileiro, Altmann reconheceu um “certo declínio” e dificuldade de manutenção do perfil, tanto quantitativo como qualitativo, da formação de um modo geral. Ele sugeriu um maior intercâmbio entre os centros de formação da IECLB.
“Três centros de formação distintos, que não tivessem cooperação entre si, teriam sempre um potencial de divisão em vez de unidade,” afirmou.
No período de sua gestão, de 2003 a 2010, Altmann, na condição de pastor presidente, teve de encarar pelo menos duas fortes crises internas, motivadas por razões teológicas relacionadas aos sacramentos do Batismo e da Santa Ceia.
A IECLB apresenta uma diversidade interna, espiritual e teológica bastante grande, reconhecendo a legitimidade de expressões diversificadas existentes ao longo da história e ainda hoje presentes.
A fronteira confessionalmente aceitável para a IECLB foi transposta pelo movimento carismático, que introduziu a prática do rebatismo.
“Empenhamo-nos intensamente num diálogo tentando convencer os integrantes do movimento carismático de que este extremo não poderia ser aceito numa Igreja de confissão luterana,” relembrou Altmann.
Um grupo menor do que previsto decidiu sair da IECLB. “Mesmo assim, qualquer defecção é algo doloroso para a Igreja,” admitiu.
O embate fortaleceu, porém, a identidade, compromisso e propósito daquelas comunidades que passaram por essa experiência. Muitas pessoas que estavam afastadas decidiram retomar sua participação comunitária, litúrgica e profissão de fé.
“Então, olhando hoje, alguns anos após, creio que podemos concluir que não foi só necessário como por fim foi até benéfico que tenhamos tido esse embate,” avaliou o ex-pastor presidente e professor de Teologia.
Na questão da Santa Ceia, o cerne esteve relacionado à adoção de um novo livro de culto enfatizando o aspecto festivo da Ceia, a comunhão de irmãos e irmãs, e a comunhão com Cristo. Alguns círculos entenderam que esse enfoque deixava de lado a essência da Ceia – o perdão dos pecados. Altmann frisou, porém, que a renovação litúrgica adotada não nega que a Santa Ceia também é expressão de perdão dos pecados, mas que ela enfatiza muito a dimensão da comunhão
Foi preciso, então, firmar a unidade da Igreja e o zelo teológico.
“... obviamente nenhuma das Igrejas luteranas tem algum dogma de infalibilidade de quem detém esse ofício, de modo que sempre é matéria para discernimento teológico e discussão. Mas a orientação concreta é dada pela presidência junto com os vices e os pastores sinodais,” explicou.
A identidade confessional da IECLB está beseada na Confissão de Augsburgo, um dos documentos fundantes da Reforma. Reporta-se ao centro do Evangelho que consiste na proclamação da Palavra, da justificação por graça e fé e nos sacramentos específicos do Batismo e da Santa Ceia.
Mesmo com essa base comum, interpretações diferenciadas não permitiram, ainda, a comunhão de mesa e altar entre a IECLB e a Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB).
Embora as duas Igrejas cooperem no campo da literatura com a edição conjunta do devocionário Castelo Forte e escritos de Lutero, e as duas direções mantenham um relacionamento respeitoso, não foi possível, ainda, um planejamento missionário comum, racionalizando esforços no Centro, Norte e Nordeste do país.
O moderador do CMI defendeu processos de diálogo interno e continuado nas Igrejas, que contemplem as diferentes posições, mas que procurem estabelecer pontes e chegar a consensos.
“... não diria a consensos absolutos, mas o que poderia ser caracterizado como uma tendência de compreensão das Igrejas,” buscando, através do diálogo, estabelecer uma plataforma de entendimento.

Por Cristian Post

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