Wellington Menezes de Oliveira, o homem que matou 12 pessoas em uma escola de Realengo, no Rio de Janeiro, preparou uma carta-testamento antes de cometer o crime que chocou o Brasil nesta quinta-feira (7).
Ainda não se sabe se ele tinha ligações com alguma organização terrorista. Sua irmã disse que ele, que era recluso e passava boa parte do dia na internet, fazia menção frequente a temas islâmicos - mas também ainda não há comprovação de que ele era da religião muçulmana.
Chamam a atenção, no entanto, as semelhanças entre a carta deixada por ele e a escrita por Mohammed Atta, que sequestrou e atirou um avião contra o World Trade Center, em Nova York, em 11 de setembro de 2001.
Ambas as cartas possuem orientações típicas de um funeral muçulmano. Mas, enquanto Atta fala em "Alá e Sua misericórdia", a de Oliveira cita a "vinda de Jesus".
Veja, na sequência, a íntegra das cartas deixadas pelo atirador de Realengo e Atta.
Carta de Mohammed Atta
“Em nome de Deus todo-poderoso, isso é que eu quero que aconteça depois da minha morte. Meu nome é Mohammed, filho de Mohammed al Amir Awad al Sajjid, creio em Maomé como o mensageiro de Alá e sei que com o tempo não restarão dúvidas a respeito e Alá ressuscitará aqueles que estão em suas covas. Quero que a minha família, e quem mais leia este testamento, tema a Alá todo-poderoso, não seja enganado pela vida e siga a Alá e a seus profetas, se tiver fé. Em minha memória, quero que façam o que o profeta Ibrahim pediu a seu filho, morrendo como um bom muçulmano. Quando eu morrer, desejo que quem herde minhas posses siga estas instruções:
1 – Quem for me sepultar deverá ser um bom muçulmano, já que vai me preparar para Alá e a Sua Misericórdia.
2 – Quem for me sepultar deve fechar meus olhos e rezar para que eu suba aos céus. Deve me vestir com roupas novas e não me deixar enterrar com as roupas com que morri.
3 – Ninguém deve chorar por mim, gritar ou rasgar suas roupas ou bater no próprio rosto – esses são gestos tolos.
4 - Ninguém que no passado não tenha se dado bem comigo deve me beijar, visitar ou se despedir de mim depois que eu estiver morto.
5 – Nem mulheres grávidas nem pessoas impuras devem se despedir de mim - eu não quero isso.
6 - Mulheres não devem rezar pelo meu perdão. Não serei responsável pelos sacrifícios de animais após o meu enterro - isso iria contra o Islã.
7- Quem me velar deverá pensar em Alá e rezar para que eu esteja com os anjos.
8- Aqueles que lavarem meu corpo devem ser bons muçulmanos. E não deve haver pessoas demais, a não ser que seja absolutamente necessário.
9 – Aquele que lavar meus genitais deverá usar luvas, para que eu não seja tocado naquela região.
10 - Minhas roupas devem ser de três peças de material branco, contato que não seja seda ou qualquer outro material muito caro.
11- Mulheres não deverão presenciar meu enterro ou visitar meu túmulo em qualquer outra data mais tarde.
12 - Meu enterro deve transcorrer em um clima de calma. Alá avalia e concede o descanso se baseando em três aspectos: a leitura do Corão, o funeral e se o morto foi enterrado com devoção. Meu enterro deve ser conduzido com rapidez, em uma reunião em que muitas pessoas possam rezar por mim.
13- Quero ser enterrado ao lado de outros bons muçulmanos, com meu rosto voltado para Meca.
14- Quero ser deitado sobre meu lado direito. Deverão jogar a terra sobre meu corpo por três vezes, recitando as palavras: “Você vem do pó, você é o pó e ao pó retornará. E do pó renascerá um novo homem.” Após isso todos devem adorar o nome de Alá e testemunhar que morri como um muçulmano acreditando na religião de Deus. Todos que participarem de meu enterro deverão rezar pelo meu perdão.
15- Quem estiver presente em meu enterro deve passar uma hora perto de minha cova, para que eu possa aproveitar sua companhia; um animal deve ser sacrificado, e a sua carne distribuída entre os necessitados.
16- Existe um costume de se pensar nos mortos a cada quarenta dias ou anualmente se pensar nos mortos. Não gostaria disso, já que não corresponde aos ritos islâmicos.
17- Em meu enterro ninguém deverá levar talismãs como provérbios. Isto é superstição. Prefiro que usem o tempo rezando para Alá.
18- Os bens que deixo deverão ser divididos como dizem as regras islâmicas - como Alá os distribuiu a nós: um terço para os necessitados e os pobres. Meus livros devem ir para uma mesquita. Meu testamento deverá ser executado por um líder sunita. Ele também deve ser meu conterrâneo. Deve ser alguém que siga as mesmas tradições que eu segui. Caso a cerimônia não respeite a fé islâmica, punam os culpados. Os que eu deixo para trás devem temer a Alá e não acreditar nas tentações da vida - devem pedir a Alá e ser bons fiéis. Os que não seguirem as instruções contidas em meu testamento ou contrariarem as regras da minha fé, responderão.
Escrito no dia 11 de abril de 1996, segundo o calendário islâmico em Dhu al Kada ano de 1416.”
Carta de Wellington Menezes de Oliveira
Informações R7
Ainda não se sabe se ele tinha ligações com alguma organização terrorista. Sua irmã disse que ele, que era recluso e passava boa parte do dia na internet, fazia menção frequente a temas islâmicos - mas também ainda não há comprovação de que ele era da religião muçulmana.
Chamam a atenção, no entanto, as semelhanças entre a carta deixada por ele e a escrita por Mohammed Atta, que sequestrou e atirou um avião contra o World Trade Center, em Nova York, em 11 de setembro de 2001.
Ambas as cartas possuem orientações típicas de um funeral muçulmano. Mas, enquanto Atta fala em "Alá e Sua misericórdia", a de Oliveira cita a "vinda de Jesus".
Veja, na sequência, a íntegra das cartas deixadas pelo atirador de Realengo e Atta.
Carta de Mohammed Atta
“Em nome de Deus todo-poderoso, isso é que eu quero que aconteça depois da minha morte. Meu nome é Mohammed, filho de Mohammed al Amir Awad al Sajjid, creio em Maomé como o mensageiro de Alá e sei que com o tempo não restarão dúvidas a respeito e Alá ressuscitará aqueles que estão em suas covas. Quero que a minha família, e quem mais leia este testamento, tema a Alá todo-poderoso, não seja enganado pela vida e siga a Alá e a seus profetas, se tiver fé. Em minha memória, quero que façam o que o profeta Ibrahim pediu a seu filho, morrendo como um bom muçulmano. Quando eu morrer, desejo que quem herde minhas posses siga estas instruções:
1 – Quem for me sepultar deverá ser um bom muçulmano, já que vai me preparar para Alá e a Sua Misericórdia.
2 – Quem for me sepultar deve fechar meus olhos e rezar para que eu suba aos céus. Deve me vestir com roupas novas e não me deixar enterrar com as roupas com que morri.
3 – Ninguém deve chorar por mim, gritar ou rasgar suas roupas ou bater no próprio rosto – esses são gestos tolos.
4 - Ninguém que no passado não tenha se dado bem comigo deve me beijar, visitar ou se despedir de mim depois que eu estiver morto.
5 – Nem mulheres grávidas nem pessoas impuras devem se despedir de mim - eu não quero isso.
6 - Mulheres não devem rezar pelo meu perdão. Não serei responsável pelos sacrifícios de animais após o meu enterro - isso iria contra o Islã.
7- Quem me velar deverá pensar em Alá e rezar para que eu esteja com os anjos.
8- Aqueles que lavarem meu corpo devem ser bons muçulmanos. E não deve haver pessoas demais, a não ser que seja absolutamente necessário.
9 – Aquele que lavar meus genitais deverá usar luvas, para que eu não seja tocado naquela região.
10 - Minhas roupas devem ser de três peças de material branco, contato que não seja seda ou qualquer outro material muito caro.
11- Mulheres não deverão presenciar meu enterro ou visitar meu túmulo em qualquer outra data mais tarde.
12 - Meu enterro deve transcorrer em um clima de calma. Alá avalia e concede o descanso se baseando em três aspectos: a leitura do Corão, o funeral e se o morto foi enterrado com devoção. Meu enterro deve ser conduzido com rapidez, em uma reunião em que muitas pessoas possam rezar por mim.
13- Quero ser enterrado ao lado de outros bons muçulmanos, com meu rosto voltado para Meca.
14- Quero ser deitado sobre meu lado direito. Deverão jogar a terra sobre meu corpo por três vezes, recitando as palavras: “Você vem do pó, você é o pó e ao pó retornará. E do pó renascerá um novo homem.” Após isso todos devem adorar o nome de Alá e testemunhar que morri como um muçulmano acreditando na religião de Deus. Todos que participarem de meu enterro deverão rezar pelo meu perdão.
15- Quem estiver presente em meu enterro deve passar uma hora perto de minha cova, para que eu possa aproveitar sua companhia; um animal deve ser sacrificado, e a sua carne distribuída entre os necessitados.
16- Existe um costume de se pensar nos mortos a cada quarenta dias ou anualmente se pensar nos mortos. Não gostaria disso, já que não corresponde aos ritos islâmicos.
17- Em meu enterro ninguém deverá levar talismãs como provérbios. Isto é superstição. Prefiro que usem o tempo rezando para Alá.
18- Os bens que deixo deverão ser divididos como dizem as regras islâmicas - como Alá os distribuiu a nós: um terço para os necessitados e os pobres. Meus livros devem ir para uma mesquita. Meu testamento deverá ser executado por um líder sunita. Ele também deve ser meu conterrâneo. Deve ser alguém que siga as mesmas tradições que eu segui. Caso a cerimônia não respeite a fé islâmica, punam os culpados. Os que eu deixo para trás devem temer a Alá e não acreditar nas tentações da vida - devem pedir a Alá e ser bons fiéis. Os que não seguirem as instruções contidas em meu testamento ou contrariarem as regras da minha fé, responderão.
Escrito no dia 11 de abril de 1996, segundo o calendário islâmico em Dhu al Kada ano de 1416.”
Carta de Wellington Menezes de Oliveira
Informações R7
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