Após reunião de mais de uma hora no Palácio do Planalto, ontem (26), foi acertada com a presidente Dilma Rousseff a demissão do agora ex-ministro do Esporte, Orlando Silva. A exoneração, divulgada hoje no Diário Oficial da União, acontece 16 dias após o início das denúncias feitas pelo policial militar João Dias Ferreira. Nas acusações, o ex-ministro é supostamente apontado como cabeça do esquema de desvio de dinheiro público no Segundo Tempo, programa federal responsável em promover atividades esportivas em comunidades carentes. Por hora, quem assume a pasta interinamente é o secretário-executivo do Ministério do Esporte, Waldemar Manoel Silva de Souza, braço direito do antigo ministro e responsável pela assinatura dos convênios da Pasta em 2011, inclusive alguns que foram base de denúncias, tal como os da ONG Pra Frente Brasil e Instituto Via Br. Waldemar deve ficar no comando enquanto se aguarda a nomeação do próximo ministro de Estado pela presidente Dilma Rousseff, o que deve ocorrer na tarde de hoje (27). O novo interino ficou conhecido quando, no mês de agosto, o jornal “O Estado de S. Paulo” publicou matéria contendo denúncias sobre irregularidades em um convênio assinado por ele entre o Ministério do Esporte e a Sindafebol (Sindicato Nacional das Associações de Futebol Profissional) no valor de R$ 6,2 milhões. O contrato tinha como objetivo a criação, implantação e operacionalização do cadastro das torcidas organizadas, como medida de segurança e conforto dos torcedores que freqüentam os estádios. De acordo com a denúncia, as empresas que aparecem como responsáveis por esse serviço nunca foram devidamente contratadas pelo Sindicato. Em anúncio feito na época pelo Secretário Nacional de Futebol do ministério, Alcino Reis, a acusação de que o convênio seria um projeto fantasma foi negada com “veemência”. Após reunião com o presidente da Sindafebol, e ex-presidente do Palmeiras, Mustafá Contursi, constatou-se que o convênio estava sendo cumprido. Para assumir o cargo de ministro-chefe, existem dois nomes cotados nos bastidores do Planalto. Segundo informações divulgadas desde ontem, a ex-prefeita de Olinda e deputada federal Luciana Santos (PC do B), que já havia sido mencionada por Dilma, em 2010, para exercer cargo de confiança no governo, é uma opção. O outro candidato é mais conhecido no ambiente político. O deputado federal Aldo Rebelo (PC do B) é ex-presidente da Câmara dos Deputados, tendo sido parte da base do governo Lula, juntamente com seu partido. Aldo é conhecido pela postura nacionalista, e por projetos as vezes polêmicos, como o de redução de estrangeirismos na língua portuguesa e o da reforma do Código Florestal Brasileiro. Vale ressaltar que ambos são do Partido Comunista do Brasil (PC do B), mesmo partido do ex-ministro e que deve continuar administrando a Pasta. O fato, de certa forma, não alteraria a “ideologia” do comando. O presidente do PC do B, Renato Rebelo, quando questionado sobre o suposto beneficiamento da agremiação em convênios do ministério disse que o partido está sendo gratuitamente atingido sem nenhuma prova e indagou: “existindo um ou outro filiado do PCdoB em uma ONG ou outra, querer caracterizar isso como benefício do PCdoB?”. Orlando Silva é o sexto ministro a deixar o governo desde o começo do mandato da presidente, sendo que aparece como o quinto a ser exonerado por denúncias de corrupção. Todos os seis ministros que perderam o cargo em 2011 fazem parte do grupo remanescente do governo do ex-presidente Lula.
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Foto: Agência Brasil Antonio Maldonado
Do Contas Abertas
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