quinta-feira, 15 de março de 2012

COMO PROVAR BIBLICAMENTE QUE A REENCARNAÇÃO NÃO EXISTE


Durante a nossa tarefa de evangelização de espíritas, não serão poucas as vezes que ouviremos a argumentação de que a doutrina reencarnacionista é bíblica; que foi confirmada em algumas passagens do Antigo Testamento, e ensinada por Jesus. POrém, veremos agora que a Bíblia condena totalmente essa doutrina.

JÓ NUNCA FOI REENCARNACIONISTA
O texto mais antigo a que os espíritas se apegam para “provar” que a Palavra de Deus ensina a teoria reencarnacionista é Jó 1.20,21. Leiamos e analisemos estes dois versículos: “Então se levantou Jó, rasgou seu manto, raspou a cabeça, e lançou-se em terra, e adorou; e disse: Nu saí do ventre de minha mãe, e nu voltarei; o Senhor deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!”
Destituídos de qualquer base exergética, alguns espíritas, após uma incompleta e superficial leitura da Bíblia, afirmam que a expressão de Jó: “...e nu voltarei”, é prova de que ele acreditava na reencarnação: após a morte, voltaria ao ventre de sua mãe, nu como nascera. Ora, esse argumento se auto-anula quando lembramos aos espíritas que, segundo a própria doutrina reencarnacionista, Jó, ao morrer, não tornaria mais ao ventre de sua mãe, de onde havia saído a primeira vez. Outra seria a mãe desse Jó reencarnado.
Além do mais, tomando-se como base as absurdas afirmações reencarcionistas do próprio Kardec e dos “espíritos superiores” que lhe ditaram a doutrina espírita, talvez Jó tivesse de seguir a doutrina à risca: “... e nua voltarei”, pois os espíritas creem que quem é homem em uma encarnação, na outra poderá nascer mulher, conforme está declarado na questão 201 de O Livro dos Espíritos, escrito pode Kardec: “O espírito que animou o corpo de um homem pode animar o de uma mulher, numa nova existência e vice-versa?” resposta: “Sim, pois são os mesmos espíritos que animam os homens e as mulheres.” Que confusão! Pobres espíritas! Tamanho absurdo nos faz lembrar as doutrinas de demônios e espíritos enganadores a que Paulo se referiu em 1 Timóteo 4.1.
Obedecendo a uma das regras de hermenêutica (desconhecida dos espíritas), procuramos saber qual era o significado original da palavra ventre, e constatamos que os comentaristas da Bíblia de Jerusalém (edição espanhola, Desclee de Brouwer, Bilbao. Espanha, 1980, p.656), sobre essa expressão de Jó, esclarecem que o vocábulo "ventre" equivale, no original, à expressão “interior da terra”, ao pó de onde todos nós viemos e para onde vamos: “porque tu és pó e ao pó tornarás” (Gênesis 3.19).
Querer identificar nas palavras de Jó vestígios de convicções reencarnacionista é desconhecer o sentido exato da expressão: “...e nu voltarei”. Porém, esse sentido torna-se claro ao aproximarmos as palavras do velho patriarca a expressões equivalentes, como a de Eclesiastes 5.15: “Como saiu do ventre de sua mãe, assim nu voltará, indo-se como veio; e do seu trabalho nada poderá levar consigo”; a do Salmo 49, versículos 16,17: “Não temas quando alguém se enriquecer, quando avultar a glória de sua casa; pois, em morrendo, nada levará consigo, a sua glória não o acompanhará”; e ao que Paulo escreveu em 1 Timóteo 6.7: “Porque nada temos trazido para o mundo nem coisa alguma podemos levar dele.” E era exatamente isto que Jó estava expressando com suas palavras: voltaria nu ao interior da terra, assim como nu havia saído do ventre de sua mãe.

O PROFETA JEREMIAS JAMAIS DEFENDEU A DOUTRINA DA PREEXISTÊNCIA
Outra passagem a que os espíritas se apegam na tentativa de conseguirem respaldo bíblico para a doutrina reencarnacionista é Jeremias 1.4,5, que passamos a transcrever e analisar: “A mim me veio, pois, a palavra do Senhor, dizendo: Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e antes que saísses da madre, te consagrei e te constitui profeta às nações.” Dizem os espíritas que essa passagem refere-se à preexistência do ser humano, na condição de espírito que ainda não viveu em um corpo (ainda não encarnou e, atrasado e sem conhecimento, “aguarda o momento de reencarnar para começar a se desenvolver”, dizem os espíritas), ou que já viveu, “desencarnou” (morreu), e aguarda uma nova encarnação.
Ora, ao analisarmos as palavras de Jeremias à luz do que também disseram outros profetas e apóstolos (pois a Bíblia interpreta a própria Bíblia) sobre o estado em que se encontravam quando ainda não haviam nascido, constata-se que a tese espírita é falsa.
Vemos, por exemplo, que Isaías (49.5) afirmou o mesmo sobre sua pessoa, sem isso significar que ele acreditava ter sido contemplado por Deus durante sua fase de “espírito vagabundo”, errante, enquanto aguardava, na fila, sua vez de reencarnar. Aliás, é curioso sabermos que não existe ninguém responsável em determinar, dentro do errôneo e confuso sistema reencarnacionista dos espíritas, quando o espírito deverá encarnar. Comentando sobre o carma e a reencarnação, John Snyder (Reencarnação ou Ressurreição? Edições Vida Nova, São Paulo, 1º ed., 1985) faz algumas interessantes observações nas páginas 19 e 20 do seu livro, as quais passamos a transcrever:
“Entretanto, para a pergunta: ‘quem é o administrador desse processo alternamente sofisticado de recompensa e castigo?’ a resposta deve ser um notável ‘Ninguém’. Não há administrador ‘per si’, nenhum Deus infinito e pessoal que supervisiona a criação, mas há um processo impessoal que, de alguma maneira notável, delega algo parecido com justiça com toda a eficiência de um computador, nunca cometendo o erro de punir ou recompensar a pessoa errada (...) Na prática, então, isto permite a cada pessoa determinar para si mesma o que é bom e o que é mau.
“Isso, naturalmente, coloca a responsabilidade da salvação inteiramente sobre o indivíduo, que por sua própria vontade e preferência determina o curso e valores de sua vida.”
Mostrando o quanto a reencarnação é absurda e destituída de bases dentro do plano de salvação que Deus traçou para a humanidade, Snyder faz uma importante pergunta, e chega a uma grande conclusão: “Como pode alguém validar o seu padrão de certo e errado? E como alguém pode conciliar os seus valores com os dos outros para fazer o sistema funcionar? (...) A história das religiões nos diz que mesmo as melhores intenções não fornecem às pessoas o poder para fazerem o que pensam ser direito.”
Fazer o que é certo depende da participação direta de Jesus Cristo na vida das pessoas, através do seu poder e dos seus ensinamentos, que são anti-reencarnacionista, como veremos mais a frente.
Reconsiderando as palavras de Jeremias, vemos que ele estava referindo-se à determinação de Deus, que o havia designado para sua obra desde o tempo em que o profeta ainda se encontrava no ventre de sua mãe. É o que diz também Paulo: “Mas agora diz o Senhor, que me formou desde o ventre para ser seu servo...” (Gálatas 1.15), e Davi(Sl 139.16): “Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia”. Tudo isto deixa bem claro que tanto Jeremias como Isaías, Paulo e Davi estavam falando do pré-conhecimento de Deus sobre futuro deles, quando ainda estavam sendo gerados no ventre materno, e não da preexistência segundo a concepção espírita, como um espírito aguardando a oportunidade de cumprir o ciclo reencarnacionista.
Na sua onisciência, Deus sabe o que vai acontecer no mundo e na vastidão do Universo nos próximos dez minutos ou dez mil anos. Foi Ele mesmo que afirmou: “Eu sou Deus e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam” (Isaías 46.9,10).

JESUS, NICODEMOS E O NOVO NASCIMENTO
O diálogo entre Jesus e Nicodemos, registrado no Evangelho de João, capítulo 3, versículos 1-21, é frequentemente usado pelos espíritas como prova de que Jesus, ao dizer a Nicodemos que lhe era necessário nascer de novo, estava pregando a reencarnação. Ora, só aqueles que ignoram o significado da palavra grega “anothen” (traduzida no versículo 3 como nascer de novo) é que fazem uso de tal argumento. Porém, o significado literal desse vocábulo é nascer do alto, nascer de cima, nascer de Deus; portanto, não se refere a um nascimento após um processo biológico, intra-uterino, e sim a um nascimento através da operação do Espírito de Deus no interior do homem. Isto nada tem a ver com a reencarnação.
Se a doutrina reencarnacionista fizesse parte dos ensinamentos de Jesus, a grande oportunidade de divulgá-la (e confirmá-la, consequentemente) seria durante aquela memorável conversa daquele que era mestre em Israel com Aquele que é o Mestre dos mestres: Jesus Cristo. A pergunta de Nicodemos: “ Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?” poderia ter sido respondida, caso Jesus fosse reencarnacionista, da seguinte maneira: “Isto é possível, Nicodemos. Basta você reencarnar”. Mas a resposta de Cristo foi: “Na verdade te digo, quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.”
Que significa nascer da "água e do Espírito?" Nascer da água é viver de acordo com a observância da Palavra de Deus, e nascer do Espírito é ser transformado pelo Espírito Santo, que atua poderosamente no interior do velho homem (da velha natureza pecaminosa, inclinada para o mal, herdada de Adão) e o regenera (isto é: gera-o outra vez).
Quanto ao poder regenerador da Palavra de Deus, assim escreveu Tiago: “Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela Palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas” (1.18). O apóstolo Pedro, em sua primeira epístola, esmaga o argumento dos reencarnacionista, ao dizer: “Pois fostes regenerados, não de semente corruptível , mas de incorruptível, mediante a Palavra de Deus, a qual vive e é permanente” (1 Pedro 1.23).
A correspondência da água e do Espírito com a Palavra de Deus e o Espírito de Deus está bem clara em Ezequiel 36.25-27: “Então aspergirei água pura sobre vós e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei coração novo, e porei dentro em vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro em vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.”
Era isto o que o Filho de Deus estava querendo ensinar a Nicodemos: que para nascer de novo, ser-lhe-ia tão-somente necessário receber Jesus como Salvador de sua alma, pois “todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber: aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade do homem, mas de Deus” (João 1.12,13), e “Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo” (2 Coríntios 5.17).

A LEI DA SEMEADURA E DA COLHEITA
Uma leitura mal feita de Gálatas 6.7 tem levado muitos adeptos da doutrina reencarnacionista a afirmar que esse versículo apóia-se na lei do carma, e confirma a existência da reencarnação. Porém, tal afirmação é fruto de uma leitura incompleta do trecho em que o apóstolo Paulo falava aos crentes da Galácia sobre a lei da semeadura e da colheita. De forma alguma (e em nenhuma passagem de suas cartas) o apóstolo discorreu apoiando tais doutrinas. Seu assunto em foco era a ressurreição. Eis o versículo utilizado pelos reencarnacionista: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.” (Essa zombaria – em grego, “mukterizo” – significa literalmente: para Deus não se torce o nariz, ficando-se impune. O castigo virá, definindo o destino eterno do zombador). Mas essa aparência de apoio à reencarnação é totalmente destruída pelo versículo seguinte: “Porque o que semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna.”
As últimas palavras de Paulo no versículo oito deixam bem claro que não haverá outra semeadura, nem, consequentemente, outra colheita. Semeie-se “para sua própria carne”, e os resultados serão os frutos descritos em Gálatas 5.19-21, cujo produto final será a corrupção e a condenação eterna. A “carne” aqui é usada como ilustração do solo onde o semeador deposita a sua semente, e esta produzirá uma inevitável colheita “de acordo com sua espécie”. Semeie-se, porém, “para o Espírito”, e os frutos serão aqueles descritos em Gálatas 5.22,23, que resultarão na vida eterna.
O que diferencia esse ensinamento de Paulo do ensinamento divulgado pelos espíritas é que eles esperam fazer várias semeaduras (durante suas muitas imporváveis existências) e conseguir igual número de colheitas, mas isto é antibiblico (veja Hebreus 9.27). A todo ser humano cabe fazer uma única semeadura e uma única colheita. Essa semeadura pode ser boa ou má, resultando daí uma recompensa eterna ou um castigo eterno. “O coração de um homem assemelha-se a um campo onde ele semeia, pelo mero exercício da vontade, uma futura colheita de bem ou de mal”, disse o comentarista bíblico Rendall.
Os espíritas reagem contra o ensinamento de que a vida é uma só, e só temos uma única chance de salvação (através da aceitação de Jesus Cristo como nosso Salvador), argumentando ser injusto que uma vida tão curta defina o nosso destino eterno. Dizem eles que a reencarnação, dando novas chances ao ser humano, multiplica-lhe as possibilidades de acerto. Contra isto muito bem argumentou John Snyder: “Certamente esse otimismo acerca do espírito humano é difícil de ser mantido em face daquilo que conhecemos sobre a história, ou sobre nós mesmos. Encontramos os sábios e os insensatos entre as crianças e os adultos, e também entre os mais velhos; a sabedoria e a responsabilidade têm muito pouco a ver com a idade cronológica ou a quantidade de experiência. E encontram-se frequentemente respostas positivas ao evangelho entre os jovens, enquanto que a multiplicação dos anos comumente resulta num entrincheiramento firme na resistência a Cristo, como também numa hostilidade cada vez maior diante da ideia do arrependimento.
“É bastante difícil imaginar porque centenas de anos de vida poderiam predispor mais alguém diante do Evangelho de Jesus do que faria apenas uma geração, porém seria muito mais fácil imaginar a visão espiritual se tornando cada vez menos sintonizada com a verdade. Esta visão não é incongruente com a historia da raça humana que, de forma alguma, torna-se menos gananciosa, feroz e enganosa com o passar dos séculos” (Op. Cit. pp. 76,77).

“MESTRE, QUEM PECOU?”
Eis outra passagem bíblica muito citada pelos espíritas em apoio à doutrina reencarnacionista: “Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus” (João 9.1-3).
Para entendermos o porquê dos discípulos terem feito essa pergunta a Jesus, é necessário conhecermos a posição dos judeus diante da doutrina da reencarnação. A seita dos fariseus e a dos essênios, juntamente com os judeus praticantes da cabala (ocultismo judaico) acreditavam na existência da metempsicose. Há uma pequena, mas significativa diferença entre essa doutrina e a reencarnação. A metempsicose (também conhecida como transmigração da alma) levava os judeus a acreditarem que as almas dos grandes profetas ainda viviam no meio do povo, e em tempos de grande necessidade nacional, essas almas (pelo fato de terem pertencido a sábios e bons indivíduos) poderiam tomar corpo novamente e cumprir uma nova etapa de vida para edificação e exemplo da nação, e não para expiação de faltas cometidas em existências anteriores, como creem os reencarnacionista.
Mateus 16.13,14 mostra até que ponto essa crença na transmigração (ou metempsicose) das almas dos grandes profetas pôde influenciar a opinião do povo, que estava dividido sobre quem na verdade era Jesus, uns afirmando ser Ele João Batista, outros Elias, e outros ainda, Jeremias. Uma frase que certamente tornou-se muito comum nos lábios do povo com relação a Jesus foi registrada por Lucas (9.8): “Ressurgiu um dos antigos profetas.”
Herodes, tempos após haver mandado decapitar João Batista, ouvindo falar das maravilhas que Cristo estava realizando, disse: “João ressuscitou dentre os mortos” (Lc 9.7). Isso tudo mostra até onde iam, naquela época, as crenças ligadas à reencarnação.
O interessante é que, ao fazerem aquela pergunta a Jesus, os discípulos aprofundaram mais ainda a questão, pois analisando-se a primeira parte do problema (se o cego, tendo pecado antes de nascer, era responsável por sua própria cegueira) têm-se a impressão que os discípulos admitiam existências anteriores. Caos admitissem, estariam de acordo com a doutrina reencarnacionista. Mas, na verdade, eles haviam formulado aquela pergunta não por crerem na reencarnação, e sim apoiados em antigas afirmações dos rabinos, que admitiam ser possível uma criança pecar estando ainda no ventre de sua mãe. A luta entre os gêmeos Jacó e Esaú (Gênesis 25.22) era geralmente usada para ilustrar essa possibilidade de pecado ainda durante a vida intra-uterina. (Conforme informação em Russel Champlin - O Novo Testamento interpretado versículo por versículo, Milenium, 1985, São Paulo, vol. II, p. 423).
Porém, ao responder: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestassem nele as obras de Deus”, Jesus simplesmente colocou uma pedra em cima da crença reencarnacionista, e desconsiderou a hipótese rabínica, declarando que aquele homem nascera cego para que as obras de Deus se manifestassem nele.

JOÃO BATISTA ERA ELIAS REENCARNADO?
Mateus 11.14 e 17.1-13 são as duas passagens bíblicas mais utilizadas pelos espíritas quando tentam demonstrar que Jesus confirmou a existência da reencarnação. Na primeira passagem, Jesus afirma, referindo-se a João Batista: “E se o quereis reconhecer, ele mesmo é Elias, que estava para vir.” Os 13 versículos do capítulo 17 de Mateus contêm, além do relato de vários eventos maravilhosos, a afirmação de Jesus de que Elias já tinha vindo, como profeticamente estava previsto o seu aparecimento antes da vinda do Messias, mas o povo não o havia reconhecido: “...antes, fizeram com ele tudo o quanto quiseram. Assim o Filho do homem há de padecer nas mãos deles. Então os discípulos entenderam que lhes falara a respeito da João Batista.”
Ora, mas em que sentido Jesus fez essas afirmações? Estaria Ele afirmando que realmente Elias havia reencarnado em João Batista? Não, por diversas razões. Ei-las:
1) A profecia de Malaquias 4.5,6 diz que o reaparecimento de Elias para cumprir um importante ministério será antes do “grande e terrível dia do Senhor”: “Eis que eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor; e converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos aos seus pais; para que eu não venha e fira a terra com maldição.” Esse grande e terrível dia do Senhor é um evento escatológico. Ele acontecerá no futuro.
2) É importante que se entenda o que é viver “no espírito e poder de uma pessoa”, conforme o anjo falou ao profeta Zacarias sobre o seu filho João Batista: “E ele irá adiante dele [de Jesus] no espírito e poder de Elias” (Lucas 1.17). Viver segundo o poder e o espírito de uma pessoa não significa ser a própria pessoa. Além do mais, o mesmo João Batista negou (João 1.21) que fosse, de fato, o profeta Elias.
É certo que o mesmo ímpeto, a mesma coragem, o mesmo poder que impulsionou Elias no cumprimento do seu ministério, impulsionou também João Batista. Ambos cumpriram importantes missões em circunstâncias idênticas, mas eram duas pessoas distintas. Ao declarar: “E, se o quereis reconhecer, é este o Elias que havia de vir”, Jesus estava, na verdade, dizendo: “Eis aí o Elias tão esperado e anunciado pelos profetas como precursor do Messias, que sou Eu. Ei-lo, que a missão de ambos é idêntica.” O cumprimento dessas profecias não implicou na presença pessoal de Elias, e sim na existência de alguém que viveu “segundo o poder e o espírito de Elias”: João Batista.
3) A passagem de 2 Reis 2.9-15 deixa bem claro: o Espírito Santo, que atuou sobre Elias, determinando sua atitude de fidelidade e coragem, sua índole, passou a atuar da mesma forma (ou melhor: em porção dobrada) sobre Eliseu, a ponto de os discípulos dos profetas falarem: “O espírito de Elias repousa sobre Eliseu.” E isto não significou que Elias havia reencarnado em Eliseu. O mesmo ocorreu com João Batista, só que dentro de um cumprimento profético. Ambos (João Batista e Elias) viram-se em meio a circunstâncias históricas semelhantes: viveram em tempos de incredulidade, e se esforçaram grandemente para aproximar mais o povo da presença de Deus. O interessante é que, como já observaram alguns estudiosos, Herodes e Acabe tiveram certas semelhanças, como também as rainhas Herodias e Jezabel. O medo que acabe tinha de Elias era muito parecido com o temor que Herodes sentia por João Batista. (Compare 1 Reis 21.20 com Marcos 6.20.)
4) O episódio da transfiguração de Jesus no monte, e o aparecimento de Moisés e Elias (Mateus 17.3) cria uma impossibilidade de João Batista ter sido Elias, pois quando deu-se a transfiguração, João Batista já havia sido decapitado por ordem de Herodes e, considerando-se a própria doutrina reencarnacionista, não seria Elias a pessoa que deveria aparecer no monte, e sim, João Batista, por este, segundo a doutrina reencarnacionista, ter sido a reencarnação mais recente. Além do mais, uma pessoa que não morreu jamais reencarnaria, e, segundo a Bíblia, Elias não morreu, mas foi trasladado ao Céu (2 Reis 2.11).
5) O profeta Jeremias, no tempo em que Davi já era morto, referiu-se a Jesus como se ele fosse Davi (Jeremias 30.9), mas isto, obviamente, não significa que Jesus seria a reencarnação do grande salmista. Da mesma forma ocorreu entre Elias e João Batista.
Devemos também atentar para o detalhe da linguagem figurada, que faz com que a frase “este é” tenha muitas vezes o valor de “isto é como” ou “isto representa”. Em Mateus 12.49, utilizando-se desse recurso, Jesus chamou de “sua mãe” a um grupo de discípulos. Alberto Augusto faz o seguinte comentário sobre essas equivalências: “De qualquer indíviduo que nos parece um sábio, dizemos: É um Sócrates... A respeito de um organista eminente, dizemos: É um Bach... Se conhecemos um grande pintor, afirmamos: É um Miguel Ângelo... Se vemos um hábil joador de futebol em atuação, dizemos: É um Pelé, um Maradona, um Garrincha...E nunca queremos afirmar com essas expressões que uns sejam a reencarnação dos outros.” (O Espiritismo: Coisa de Vivos e Não Coisa de Mortos, Casa Publicadora Batista, Rio de Janeiro, 1959, p.87).
Conclusão: O versículo de Mateus 11.14 teria, segundo Snyder, mais ou menos este significado: “Aquilo que vocês estão prevendo ser executado na pessoa de Elias, na realidade foi cumprido na pessoa de João Batista, se vocês forem sensíveis o suficiente para enxergar.” Pois Elias (ou outra pessoa que surgirá no seu espírito e poder) continua sendo esperado pela igreja, para cumprir seu ministério, “antes do grande e terrível dia do Senhor”.

POR QUE DOUTRINA DA REENCARNAÇÃO É INJUSTA
Não poderíamos deixar de demonstrar aqui as injustiças e absurdos que se escondem por trás dessa doutrina, cuja autoria é blasfematoriamente atribuída a Deus. Segundo O Livro dos Espíritos, a reencarnação foi imposta por Deus com duas finalidades: expiação de faltas cometidas na existência anterior, e o aperfeiçoamento do espírito reencarnado. O curioso é que se sairmos por aí perguntando às pessoas se elas se lembram do que praticaram na outra encarnação, todas dirão que sequer se lembram de tal existência (a não ser que nos deparemos com algum espírita cuja intenção seja manter de pé, a todo custo, essa mentirosa doutrina).
Diante disto, perguntamos: Deus, que é bondade e justiça, estaria sendo justo destinado os seres humanos a sofrerem castigos por faltas de que não têm consciência ou lembrança? Além do mais, a doutrina da reencarnação, apesar de ser apresentada pelo espiritismo como de origem divina, colide com o senso de justiça do ser humano, o que se constitui numa contradição inadmissível.
Para demonstrarmos isto, basta saber que para tornar um réu judicialmente responsável por um crime, todos os códigos penais existentes no mundo baseiam-se na conscientização do réu de que o ato por ele praticado estava proibido por lei. Caso fique provado que certas circunstâncias impediram-no de tomar conhecimento dessa proibição, tais circunstâncias são atenuantes no Direito Penal.
Ao permitir que alguém, já falecido, torne a encarnar sem memória dos atos praticados em existência anterior, para enfrentar uma vida de punição de crimes desconhecidos, onde estará a justiça de Deus?
Outro argumento que mostra o quanto a doutrina da reencarnação é injusta é o fato de sabermos que “ela representa a justiça de Deus” (dizem os espíritas), mas segundo O Livro dos Espíritos, “Deus criou os espíritos simples e ignorantes”, em estado de atraso e imperfeição. Se isto fosse verdade, Deus seria injusto ao destinar ao ciclo reencarnacionista seres que Ele mesmo criou imperfeitos, e o maior de todos os criminosos não poderia sofrer qualquer condenação, por já ter sido criado dentro da imperfeição e inclinado para ela. Logo, o culpado de tudo nesse caso seria o próprio Deus, e isto é impossível. Eis o que está escrito em sua Palavra: “Eis o que tão-somente achei: que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias” (Eclesiastes 7.29).

É JUSTO UMA PESSOA PAGAR PELO CRIME DE OUTRA?
Além de tudo isso, há uma grande questão contra o espiritismo, e reencarnacionista algum até hoje conseguiu melhorar as coisas para o lado de Kardec – de certo modo, o responsável pela questão. Segundo a doutrina reencarnacionista, a alma comete faltas em uma existência, unida a um corpo, e deve pagar essas faltas em outra existência, unida a outro corpo. Ora, segundo a Bíblia, o ser humano é composto de corpo, alma e espírito. Nenhum desses três componentes forma, isoladamente, um ser humano. Reencarnando em outro corpo (se essa reencarnação fosse possível), o espírito formaria outra pessoa. Porém, Deus jamais faria uma pessoa pagar pelos atos errados de outra. Ele não cometeria tamanha injustiça. Combatendo esse disparate, o pregador francês Monsabre, em uma de suas pregações, assim se expressou:
“Se o homem deve passar da prova desta vida à prova de outra vida é preciso que esta última se realize no mesmo indivíduo, com toda a sua natureza e todos os seus hábitos adquiridos, porque, do contrário, numa segunda existência não será justo. Quem pecou foi o homem todo; portanto, é o homem todo que deve se arrepender e tornar a Deus”, ou pagar os seus pecados no mesmo corpo, e de uma vez por todas, no mesmo corpo em que os cometeu, concluímos. No artigo 153, parágrafo 13 da nossa (antiga) Constituição, está escrito que “nenhuma pena passará da pessoa do delinquente. A lei regulará a individualização da pessoa”, ou seja: ninguém pode pagar por crimes que outra pessoa cometeu. Mas a doutrina da reencarnação ensina isto: Que Hitler, por exemplo, pague todos os seus crimes no corpo do judeu Isaque, ou do judeuzinho Benjamin, caso ele venha a reencarnar um dia. Ou em um Hans, ou em um Hesse. Que grande punição, heim? E os doutrinadores do espiritismo ainda dizem que a reencarnação é o "maior sistema de justiça criado por Deus". Ainda bem que esse não é o nosso Deus, o Deus verdadeiro, o Deus dos cristãos. É outro deus. Nós, cristãos, sabemos muito bem quem ele é.

CONTRADIÇÕES DO REENCARNACIONISMO
Outro sério argumento contra a doutrina da reencarnação é que ela destrói os sentimentos e laços mais sagrados que unem a família. Admitindo que o ser humano pode mudar de sexo ao passar de uma encarnação a outra, essa doutrina (se fosse verdadeira) faria com que a falecida mãe de alguém reencarnasse como um menino, ou que a avó de um determinado espírita reencarnasse no filho do vizinho, e mais tarde viesse a casar com a própria bisneta... e assim, a confusão estaria estabelecida no mundo.
Os adeptos da reencarnação talvez não tenham ainda meditado suficientemente sobre outras consequências dessa doutrina. (Ainda bem que ela é apenas uma fantasia). Se, conforme afirmam os espíritas, quem sofre nesta vida está simplesmente pagando faltas cometidas em uma existência anterior, isto nos leva a concluir que os malfeitores não passam de executores de ordens divina, e não devem ser responsabilizados pelos crimes que cometeram, pois aqueles que sofrem a ação desses criminosos estão simplesmente pagando dívidas contraídas no passado, mesmo não havendo em suas mentes qualquer recordação de haverem cometido tais crimes ou pecados.
Assim sendo, aquele que estupra ou mata estaria tão somente aplicando, segundo os postulados cármicos reencarnacionista (que envolve a lei de causa e efeito), o merecido castigo à pessoa que matou ou estuprou durante sua existência passada. Não é um ensinamento de consequências tremendamente diabólicas e absurdas? Além do mais, quem comete um assassinato em uma existência, deverá morrer assassinado na existência seguinte. Por sua vez, a pessoa a quem couber o desígnio (desígnio não de Deus, pois o Senhor jamais se envolveria em uma doutrina cujos frutos são abominações, imoralidades, crimes e injustiças) de matar aquele que praticou um ou vários assassinatos na assistência anterior, deverá morrer assassinada também, e assim, sucessivamente. Diante disto, perguntamos: Quando tudo isto vai parar? Quando o mundo vai melhorar? Qual o proveito que a humanidade tira de tal sistema? Onde se vê nisso a justiça de Deus? Repito: Como o mundo poderá melhorar desta forma?

EM QUE CONSISTE O "CONSOLO" DO ESPIRITISMO
O grande "consolo" do espiritismo é dizer a quem sofre que esse sofrimento é merecido, pois foi causado por uma divida contraída na existência passada. Ora, mas quando alguém tenta aliviar esse sofrimento, estará impedindo que a pessoa sofredora pague o que deve, e evolua carmicamente. Deverá, então, ser deixada sem nenhum socorro, para alcançar depressa sua evolução. Diante de tamanho absurdo, um estudioso do espiritismo declarou: “Na doutrina espírita, quem quiser ser fiel às exigências reencarnacionista não deve prestar assistência aos doentes, nem dar esmolas ou socorrer alguém que sofre, pois assim estaria impedindo o progresso do próximo, diminuindo ou anulando o sofrimento necessário e merecido. O homem sofre porque deve sofrer. É a lei do carma. Deixemos que sofra.” Que absurdo!
Reconsiderando o problema do esquecimento das faltas cometidas em existências anteriores, conclui-se que, se a pessoa jamais se lembra do que praticou de bom ou de ruim em sua vida anterior, resta-nos saber de que maneira a reencarnação contribuirá para o progresso da humanidade, pois de uma existência para a outra há um esquecimento total das experiências adquiridas nas vidas passadas, não havendo, portanto, como tirar proveito delas.
Nós, os evangélicos, declaramos falsa a doutrina da reencarnação, pois sabemos, através da Bíblia e pela atuação do poder do Evangelho em nossa vida, que Jesus Cristo nos remiu na cruz do Calvário. É vã a crença daquele que espera ter poder de remir (ou salvar, purificar, aperfeiçoar) a si mesmo através da prática de boas obras e de sucessivas reencarnações, pois a Palavra de Deus esclarece que pela graça (a graça é uma dádiva não merecida) de Deus, é que nós somos salvos, “mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8,9). A reencarnação nada pode fazer pelo homem. Só Jesus tem o poder de salvá-lo, segundo está escrito em João 1.29; Efésios 1.7; 1 Timóteo 2.6, e 1 João 2.2. Segundo suas próprias afirmações, Cristo veio dar a sua vida “como preço de resgate” (Marcos 10,45).

RESSURREIÇÃO, SIM; REENCARNAÇÃO, NÃO!
Não cremos na reencarnação, e sim na ressurreição pregada pelo apóstolo Paulo (1 Coríntios 15.12-13) e pelo Salvador do mundo, Jesus Cristo, que foi crucificado e morto, e ressuscitou dentre os mortos ao terceiro dia (Mateus 28.1-10). Jesus falou que todos nós haveremos de ressuscitar e não reencarnar: “Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiveram feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiveram praticado o mal, para a ressurreição do juízo” (Jo 5.28,29). Esta é a VERDADE, e não há outra. O que passar disto é de procedência satânica, maligna.
Jefferson Magno Costa

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