A resposta depende a quem você vai perguntar entre os milhares de
egípcios que invadiram as ruas de todo o país nos últimos dfias, seja
para forçar o presidente Mohamed Morsi a sair do cargo seja para
apoiá-lo.
"Agora estamos vendo que a revolução está sendo ameaçada", disse um
membro da Irmandade Muçulmana, entre a principal das muitas fileiras
formadas em torno de Morsi.
World Watch Monitor falou com um número de cristãos em meio a uma
multidão de manifestantes. O ponto de vista dos cristãos é: a Irmandade
Muçulmana sequestrou o que era para ser um novo Egito, pluralista e que
deveria emergir em janeiro de 2011 com a derrubada de Hosni Mubarak.
"Estou deprimido porque não esperávamos isso", diz Amgaed Fahmi, que
dirige uma empresa de importação no Cairo. "Eu participei várias vezes
da revolução. Tive um sonho de mudar e, de repente, a Irmandade roubou a
revolução".
Os cristãos que falaram com a World Watch Monitor nesta semana se
descrevem como patriotas egípcios cansados do declínio econômico, da
corrupção e de um governo dominado por islamitas que abandonaram a
intenção original de derrubar um regime autocrático.
"Estou participando hoje para remover o sistema corrupto", diz Shenoda
Danil, um motorista de táxi de uma área ao sul do Cairo chamada Cidade
15 de Maio. "A nossa situação tornou-se pior. A Irmandade está pensando
apenas nela. Eles não sabem e não fazem nada para o povo. Eles dividiram
a nossa sociedade em muçulmanos e cristãos".
"A Irmandade roubou a primeira revolução", diz Danil. "Isso é injusto, é uma injustiça".
Hebatalla Safwat Ghali, uma professora de francês na Universidade do
Cairo, passou semanas entre os manifestantes de 2011 na praça Tahrir,
epicentro do levante que derrubou Mubarak. No domingo, ela estava de
volta na praça, entre as dezenas de milhares de manifestantes
antigoverno.
"Estou aqui em el Tahrir porque, em primeiro lugar, sou egípcia, sou
parte deste povo", diz ela. "E em segundo lugar, porque, como uma copta,
eu apresento o meu amor cristão ao meu país. Preocupo-me com as
preocupações do meu povo. Tenho compaixão de todo o povo egípcio.
Rejeito todo tipo de injustiça a todas as pessoas, não apenas aos
cristãos. Vamos manter a nossa revolução até alcançarmos três valores:
justiça social, liberdade e dignidade humana. A situação tornou-se pior,
mas vamos continuar até o fim. A Irmandade", diz Ghali, "está tentando
raptar nosso país".
Mekheel Aziz Karyakos, um padre em Mar Igreja Copta Gerges no distrito
Shobra do Cairo, diz que ele tinha o dever, como um líder cristão, de
tomar parte nas manifestações de domingo.
"É muito importante para mim estar aqui, porque eu sou um egípcio e
copta, e também porque eu sou um líder e eu tenho uma responsabilidade",
diz ele. "O Egito é tão grande para nós, e a Irmandade está tentando
roubá-lo. Eles estão roubando o futuro do nosso povo".
Alguns dos cristãos entrevistados dizem que foram às ruas para
protestar por outras preocupações cotidianas, como o desmoronamento da
economia do Egito, direitos básicos e ordem.
"Este é o meu país, e eu estou preocupado com o meu futuro", diz Shady
Abdel Massieh, que trabalha como topógrafo. "Morsi não fez nada. Não há
gás, electricidade, segurança ou emprego. A situação é muito ruim. E ele
e a Fraternidade ainda dividiram o país".
Manifestantes antigoverno continuaram a embalar Tahrir em espaços
públicos em todo Cairo e em outras cidades em todo o Egito na
terça-feira. Os partidários de Morsi, por sua vez, reforçaram seus
próprios números em vários locais do Cairo, e os oficiais da
Fraternidade pediram aos apoiadores em todo o país para se prepararem
para preencher as ruas. As tensões continuaram a aumentar à medida que
as últimas horas se passavam para o fim do prazo militar dado a Morsi
para chegar a um acordo com a oposição.
Dezenas de pessoas foram mortas em confrontos esporádicos antes e depois dos protestos de domingo.
O clima na terça-feira nas ruas em redor el Etehadeya Palace, no bairro
de Heliópolis, era mais leve. A multidão foi impulsionada pelo ultimato
dos militares a Morsi, amplamente recebido como um endosso dos
manifestantes, que entoavam canções patrióticas e traziam bandeiras
egípcias pintadas nas bochechas das crianças, enquanto helicópteros
militares jogavam pequenas bandeiras de suas aeronaves para as pessoas
abaixo.
"Como cristão, eu me senti extremamente marginalizado desde que [Morsi]
chegou ao poder", diz Manal Selim. "Ele cometeu uma série de erros
fatais que desfiaram a nossa sociedade, a começar por pedir um comitê
qualificado para elaborar a Constituição que ignorou totalmente a nossa
participação [dos cristãos]. Ele deve sair".
Dois amigos, um deles usando uma cruz e o outro o hijab muçulmano, falaram com otimismo.
"Hoje temos de volta o nosso Egito", um deles disse a World Watch
Monitor. "Durante um ano, eles têm tentado colocar-nos à beira de uma
guerra civil, mas hoje provamos que isso é impossível. Queremos um país
civil, com um novo presidente civil, que pode melhorar as nossas
condições de vida e manter a nossa segurança e estabilidade", disse o
outro.
Para o artigo original, visite worldwatchmonitor.org.
Fonte: Charisma News
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