Segundo país mais populoso do mundo, com mais de um bilhão de
habitantes, a Índia é majoritariamente hinduísta. Agora, uma nova lei
anticonversão pode marcar definitivamente a história da nação milenar.
Desde 1968 há uma luta jurídica em relação ao Ato de Liberdade
Religiosa de Madhya Pradesh, um dos Estados indianos mais populosos. A
denúncia do Conselho Global de Cristãos da Índia anunciou que Shri Ram
Naresh Yadav, governador do Estado, assinou a emenda que proíbe as
pessoas de mudarem de religião sem autorização do governo. Ironicamente,
a lei implica em seu nome a liberdade de culto.
A pressão dos extremistas hindus é para que ocorra o mesmo
muçulmanos, onde desde o nascimento a religião vem impressa nos
documentos do cidadão. O país chega a essa decisão antidemocrática em
meio às comemorações do 67º aniversário da independência da Índia do
domínio inglês.
Sajan George, presidente do Conselho Global, diz que “A democracia
leiga da Índia está em perigo por causa da lei anticonversão”. A
modificação de 2013, altera o 5º parágrafo da lei estadual e impõe aos
sacerdotes que apresentem às autoridades locais todos os detalhes
relativos à pessoa que decidiu mudar de religião, pelo menos 30 dias
antes da cerimônia. Além disso, precisa fornecer uma lista com os nomes e
endereços daqueles que desejam a conversão.
Caso isso não seja feito, explica o líder cristão, “corre-se o risco
de uma multa de 50 mil rupias (cerca de R$ 1.700) e até três anos de
cadeia; ou 100 mil rupias (R$ 3.500) e até quatro anos de cadeia quando
forem menores de idade ou pessoas sem castas ou de povos tribais”.
George explica que “o governo tentou impor esta lei muito severa para
agradar a maioria hindu, antes das próximas eleições”. No Estado de
Madhya Pradesh fica a sede do Bharatiya Janata, partido
ultranacionalista hindu que apoia grupos extremistas acusados de
violência e perseguição contra as minorias étnicas, sociais e religiosas
em toda a Índia.
O temor dos cristãos é a medida seja ampliada para todo o país, o que
causaria uma modificação na Constituição indiana, que assegura a
liberdade religiosa. A Federação Evangélica da Índia apelou ao Supremo
Tribunal, que reconhece que existe uma violação ao direito fundamental à
privacidade previsto na Constituição da Índia. “A crença ou religião de
uma pessoa é algo muito pessoal”, afirmou o tribunal em nota.
“O Estado não tem o direito de pedir uma pessoa para divulgue qual é a
sua crença pessoal… no caso de uma pessoa decidir mudar sua religião ao
dar um aviso prévio aumentam as chances de o convertido ser submetido a
tortura física e psicológica”.
Até o momento o governo da capital Nova Deli não se manifestou sobre o
assunto. Historicamente, hindus convivem com budistas, siques,
jainistas, muçulmanos e cristãos. Por diferenças religiosas, a Índia
perdeu território e viu surgirem dois países independentes: o Paquistão
(1947) e Bangladesh (1971) ambos de maioria muçulmana.
GP
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