Após perder o apoio dos principais líderes evangélicos do país, a presidente Dilma Rousseff, candidata a reeleição pelo Partido dos Trabalhadores (PT), visitou nesta sexta-feira (8) a igreja Assembleia de Deus do Brás, um dos campos do Ministério de Madureira em São Paulo.
Rousseff tem sido duramente criticada e acusada de traição por prometer, durante a campanha de 2010, que caso fosse eleita não iria abordar temas polêmicos como o casamento gay, a legalização do aborto, ou qualquer tipo de restrição à liberdade de culto.
Porém, o governo Dilma aprovou através do Supremo Tribunal Federal o casamento entre pessoas do mesmo sexo, além de abrir precedentes para o aborto legal no país. Dilma Rousseff também é acusada de apoiar projetos que restringem a liberdade de culto, como o extinto Projeto de Lei da Câmara 122.
Apesar de nunca ter se declarado religiosa, a candidata ao Palácio do Planalto citou uma passagem da Bíblia e pediu orações aos fieis da AD Brás. “O Estado brasileiro é um Estado laico, mas, citando um salmo de Davi, queria dizer que ‘feliz é a nação cujo Deus é o Senhor’”, disse Dilma.
Dilma Rousseff também elogiou os trabalhos sociais da igreja Assembleia de Deus em todo o país e afirmou que os trabalhos realizados pela igreja contribuem para a inclusão social. “Reconheço a autoridade e a qualidade do trabalho prestado pela Assembleia de Deus ao longo de seus 103 anos, em todos os Estados, nos rincões e áreas mais isoladas deste país, e nas periferias. A ação social de vocês contribui para a inclusão. Nós temos em comum a dedicação àqueles que mais precisam”, afirmou.
O líder da AD Brás, pastor Samuel Ferreira, homenageou Dilma com um louvor chamado Mulheres Guerreiras. “Queremos que a senhora se sinta bem nessa casa e tenha paz. Diariamente cumprimos a Bíblia aqui e oramos pela senhora, para que Deus lhe dê sabedoria e firmeza – o que a senhora tem de sobra”, disse o pastor.
Dilma Rousseff estava vestida de azul, ao contrário do vermelho tradicional, que muitos evangélicos consideram símbolo do Comunismo. Dilma também circulou entre as religiosas, distribuiu beijos, tirou fotos e proferiu a oração do Pai Nosso.
O líder da Convenção Nacional das Assembleias de Deus Ministério de Madureira (CONAMAD), bispo Manoel Ferreira, não poupou elogios a candidata petista. “Nunca vi um presidente reconhecer o trabalho da Assembleia de Deus. Nem o Lula, que é meu amigo. Estamos com a alma lavada”, disse o bispo.
Guerra às igrejas
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, acompanhou a presidente durante visita a Assembleia de Deus do Brás. Carvalho declarou guerra as igrejas em 2010 durante sua participação no Fórum Social de Porto Alegre. Na época, Gilberto Carvalho, falou sobre suas preocupações em relação à forma como os evangélicos conseguem controlar a classe C da população brasileira.
“É preciso fazer uma disputa ideológica com os líderes evangélicos pelos setores emergentes!”, disse ele que tem grande influencia no PT, entre os sindicalistas e outros setores.
Apesar de ter pedido desculpas aos evangélicos, Carvalho tem sido acusado de cumprir com o prometido ao tentar garantir acesso privilegiado ao governo para integrantes de movimentos sociais. O decreto bolivariano assinado pela presidente Dilma Rousseff em maio fortalece ativistas e militantes ligados ao PT.
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