terça-feira, 20 de dezembro de 2016

O lugar da morada de Deus (Êxodo 35:8 - 39:43)

A importância dos capítulos de Êxodo que tratam do Tabernáculo é bem expressa por Witsius: "Deus criou o mundo inteiro em seis dias, mas Ele usou 40 dias para instruir Moisés sobre o Tabernáculo. Pouco mais de um capítulo foi necessário para descrever a estrutura do mundo, mas seis foram usados para o Tabernáculo."

Embora a maioria dos evangélicos reconheça prontamente a importância do Tabernáculo, ao longo da história da igreja há pouca concordância a respeito de sua interpretação. Recomendaria que o leitor fizesse um esforço para pesquisar a história da interpretação do tabernáculo, o qual é objeto de nosso estudo. Ao longo dos séculos muitas pessoas têm procurado encontrar o significado do tabernáculo de seu ponto de vista simbólico.
Já no período helênico... eram feitas tentativas para entender a função do tabernáculo do Velho Testamento como algo basicamente simbólico. Pela linguagem bíblica fica evidente a razão pela qual esta interpretação parecia algo tão natural. Primeiro, a dimensão do tabernáculo e todas as suas partes refletem um projeto cuidadosamente planejado e um conjunto harmonioso. Os números 3, 4 e 10 predominam com cubos e retângulos proporcionais. As diversas partes o santo lugar separado, a tenda, o átrio todos têm numa relação numérica exata. O uso dos metais ouro, prata e cobre é cuidadosamente selecionado de acordo com sua proximidade do Santo dos Santos. Da mesma forma, cores específicas mostram ter uma relação íntima com sua finalidade, quer branco, azul ou carmesim. Há igualmente uma gradação na qualidade dos tecidos usados. Finalmente, muita ênfase é colocada na posição e na orientação adequadas, com o lado oriental recebendo o lugar de honra.
Os primeiros intérpretes não tinham dúvida de que a importância do tabernáculo repousava em seu simbolismo oculto, e a questão em jogo era justamente decifrar seu significado. ... Para Philo o tabernáculo era uma representação do universo, a tenda significando o mundo espiritual, e o átrio o material. Além disso, as quatro cores significavam os quatro elementos, o candelabro com suas sete lâmpadas, os sete planetas, e os doze pães da proposição os doze signos do Zodíaco e os doze meses do ano.
Orígenes, em sua nona Homilia de Êxodo, faz referência à abordagem de Philo, mas depois toma outro rumo. Ele viu o tabernáculo como indicação do mistério de Cristo e sua igreja. Suas analogias morais em termos das virtudes da vida cristã - a fé comparada ao ouro, a pregação da palavra à prata, a paciência ao bronze (9:3) foram estudadas e aperfeiçoadas ao longo dos anos da Idade Média...
O problema com as tentativas de se interpretar o tabernáculo simbolicamente é que não há linhas de direção de aceitação universal ou padrões que determinem qualquer tipo de correspondência espiritual entre as partes do tabernáculo e alguma outra coisa. Por isso os "significados espirituais" nunca tiveram consenso entre os diversos intérpretes.
Em meu estudo inicial do tabernáculo, era minha intenção interpretar e aplicar os textos referentes a ele de forma um tanto direta. Uma vez que ambos, o edifício do tabernáculo e o edifício da igreja, possam ser pensados como lugares de reunião dos santos, acho que poderíamos aprender muito sobre os edifícios das igrejas do Novo Testamento pelo estudo do edifício do tabernáculo do Velho Testamento. Creio que o tabernáculo poderia nos dar alguns princípios que poderiam nortear nosso entendimento do projeto e da finalidade do edifício das igrejas. Vi que esta abordagem também tem sérios problemas.
Isto quer dizer que todo este material no livro de Êxodo, tratando do tabernáculo, não tem nenhuma aplicação clara para nós? Acho que não. Deus sempre teve um lugar de morada em meio a Seu povo. Primeiro foi no tabernáculo, e mais tarde, ainda no período de Velho Testamento, no templo. Nos evangelhos, Deus habitava (literalmente "tabernaculava") entre Seu povo na pessoa de Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo. Agora, na era da igreja, Deus habita na igreja.
É meu entendimento que existem certos elementos comuns em todas essas maneiras pelas quais Deus habitou (ou habita) entre os homens. Assim, a descrição do tabernáculo nos dá a primeira revelação bíblica de como Deus habita entre os homens, e o que isto requer ou sugere à igreja hoje, na qual Deus habita.
Nossa abordagem consistirá primeiramente em estudar algumas das características do tabernáculo, como descritas em Êxodo. Em seguida, analisaremos brevemente os textos que descrevem a construção do(s) templo(s), enfocando aqueles aspectos nos quais o templo é similar ou distinto do tabernáculo. Finalmente, passaremos ao Novo Testamento, para relacionar as características comuns do tabernáculo e do templo com a morada de Deus entre os homens através de "Seu Corpo". Creio que encontraremos uma correspondência muito próxima entre todos os meios que Deus usa para habitar entre Seu povo.
Características do Tabernáculo
(1) O tabernáculo era um aparato muito funcional. O tabernáculo servia como lugar de encontro entre Deus e os homens, e desta forma ficou conhecido como a "tenda da congregação"133 (cf. 35:21). Esta não era uma tarefa fácil, pois ter Deus tão próximo era uma coisa muito perigosa. Quando Moisés suplicou a Deus para habitar em meio a Seu povo, Deus o avisou que isto poderia ser fatal para um povo tão pecaminoso: "Porquanto o Senhor tinha dito a Moisés: Dize aos filhos de Israel: És povo de dura cerviz; se por um momento eu subir no meio de ti, te consumirei." (Ex. 33:5a)
. O tabernáculo servia como lugar de encontro entre Deus e os homens, e desta forma ficou conhecido como a "tenda da congregação"133 (cf. 35:21). Esta não era uma tarefa fácil, pois ter Deus tão próximo era uma coisa muito perigosa. Quando Moisés suplicou a Deus para habitar em meio a Seu povo, Deus o avisou que isto poderia ser fatal para um povo tão pecaminoso: "Porquanto o Senhor tinha dito a Moisés: Dize aos filhos de Israel: És povo de dura cerviz; se por um momento eu subir no meio de ti, te consumirei." (Ex. 33:5a)
O tabernáculo resolveu o problema de se ter um Deus santo habitando em meio a um povo pecaminoso. A solução inclui duas medidas.
O tabernáculo resolveu um dos problemas por ser portátil. Deus tinha Se revelado a Seu povo de cima do Monte Sinai. Quando o povo deixasse o Sinai em direção à terra prometida de Canaã, precisariam de algum lugar portátil para a presença de Deus ser manifestada. Como o tabernáculo era um tenda, o problema foi solucionado.
. Deus tinha Se revelado a Seu povo de cima do Monte Sinai. Quando o povo deixasse o Sinai em direção à terra prometida de Canaã, precisariam de algum lugar portátil para a presença de Deus ser manifestada. Como o tabernáculo era um tenda, o problema foi solucionado.
O tabernáculo também resolveu o problema de um Deus santo habitando em meio a um povo pecaminoso. As cortinas da tenda, e especialmente o espesso véu do Santo dos Santos, serviam como separadores, uma barreira divisória, entre Deus e o povo. Além disso, o tabernáculo era santificado e separado como um lugar santo. Isto poupava o povo de uma explosão de Deus que os teria destruído. O tabernáculo também era um lugar de sacrifício, para que os pecados dos israelitas pudessem ser expiados. Ainda que a solução não fosse permanente, realmente facilitava a comunhão entre Deus e Seu povo.
. As cortinas da tenda, e especialmente o espesso véu do Santo dos Santos, serviam como separadores, uma barreira divisória, entre Deus e o povo. Além disso, o tabernáculo era santificado e separado como um lugar santo. Isto poupava o povo de uma explosão de Deus que os teria destruído. O tabernáculo também era um lugar de sacrifício, para que os pecados dos israelitas pudessem ser expiados. Ainda que a solução não fosse permanente, realmente facilitava a comunhão entre Deus e Seu povo.
(2) O tabernáculo foi um aparato que revelava fabulosa riqueza e beleza. Não é preciso mais que uma leitura casual do texto para aprender que o tabernáculo foi um projeto muito caro.
. Não é preciso mais que uma leitura casual do texto para aprender que o tabernáculo foi um projeto muito caro.
Os estudos mais recentes das medidas hebraicas feitos por R. B. Y. Scott (Peake4s Commentary on the Bible, Londres e Nova Iorque 1962, sec. 35) calculam o talento em torno de 64 libras (29 kg) e o siclo do santuário em 1/3 de uma onça, ou 9,7 gr. De acordo com estes cálculos haveria algo em torno de 1.900 libras de ouro (862 kg), 6.437 libras de prata (2.923 kg), e 4.522 libras de bronze (2.053 kg).
O projeto envolvia não apenas materiais muito caros, mas estes materiais foram trabalhados de tal forma a criar grandes obras de arte: "... Deus... ordenou a Moisés que construísse um tabernáculo de uma forma que envolveria quase todas as formas de arte representativa que os homens conheciam." O tabernáculo e seus utensílios foram concedidos aos israelitas tanto para "glória" quanto para "beleza" (cf. 28:2, 40).
(3) A construção do tabernáculo envolveu todo o povo. Todo o povo se beneficiaria do tabernáculo, e assim a todos foi permitido participar de sua construção, ou pela doação dos materiais, ou pela habilidade no trabalho, ou por ambos.
. Todo o povo se beneficiaria do tabernáculo, e assim a todos foi permitido participar de sua construção, ou pela doação dos materiais, ou pela habilidade no trabalho, ou por ambos.
(4) O tabernáculo testemunhava o caráter de Deus. A excelência do tabernáculo, tanto em seus materiais como em sua mão de obra, era um reflexo da excelência de Deus. O tabernáculo também foi um lugar santo, porque habitando nele estava um Deus santo (cf. 30:37, 38).
A excelência do tabernáculo, tanto em seus materiais como em sua mão de obra, era um reflexo da excelência de Deus. O tabernáculo também foi um lugar santo, porque habitando nele estava um Deus santo (cf. 30:37, 38).
O tabernáculo testifica em sua estrutura e finalidade a santidade de Deus. Arão usava gravado no diadema "Santidade ao Senhor" (28:36). Os sacerdotes são alertados na própria administração de seu ofício "para que não morram" (30:21), e a morte de Nadabe e Abiú (Lv. 10:1) deixou clara a seriedade de uma ofensa que foi considerada ultrajante por Deus.
(5) O tabernáculo era composto de vários elementos, mas em tudo foi ressaltada a unidade, no projeto, na função e no propósito. "Fizeram cinqüenta colchetes de ouro, com os quais prenderam as cortinas uma à outra; e o tabernáculo passou a ser um todo." (Ex. 36:13). "Fizeram também cinqüenta colchetes de bronze para ajuntar a tenda, para que viesse a ser um todo." (Ex. 36:18).
. "Fizeram cinqüenta colchetes de ouro, com os quais prenderam as cortinas uma à outra; e o tabernáculo passou a ser um todo." (Ex. 36:13). "Fizeram também cinqüenta colchetes de bronze para ajuntar a tenda, para que viesse a ser um todo." (Ex. 36:18).
O que Schaeffer escreveu acerca to templo também pode ser dito a respeito do tabernáculo:
"Devemos reparar que, com relação ao templo, toda a arte foi trabalhada para formar uma unidade. O templo inteiro foi um trabalho singular de arquitetura, um todo unificado com colunas livres, estátuas, baixo relevo, música e poesia, pedras gigantescas e belas madeiras trazidas de muito longe. Tudo está lá. Um trabalho de arte completamente unificado para o louvor de Deus."
Não havia apenas unidade na arquitetura e na estrutura, mas havia também unidade na finalidade do tabernáculo. O propósito do tabernáculo foi prover um lugar onde Deus pudesse habitar em meio aos homens. Todos os seus utensílios facilitavam as ministrações e cerimônias que contribuíam para que este lugar único fosse a "tenda da congregação".
(6) O tabernáculo foi projetado como um aparato permanente. Repetidamente encontramos expressões tais como: "perpétuo" e "pelas gerações" (cf. 30:8, 16, 21, 31). A tenda foi usada diariamente por muito mais de 40 anos, parecia como se Deus o tivesse projetado para ser usado ao longo da história de Israel. Plagiando a afirmação dos construtores de automóveis, o tabernáculo não foi somente "construído para durar", mas foi projetado para durar.
. Repetidamente encontramos expressões tais como: "perpétuo" e "pelas gerações" (cf. 30:8, 16, 21, 31). A tenda foi usada diariamente por muito mais de 40 anos, parecia como se Deus o tivesse projetado para ser usado ao longo da história de Israel. Plagiando a afirmação dos construtores de automóveis, o tabernáculo não foi somente "construído para durar", mas foi projetado para durar.
(7) O tabernáculo foi idéia de Deus, iniciativa de Deus, projeto de Deus.
De onde veio o modelo? Veio de Deus... Deus foi o arquiteto, não o homem. No relato de como o tabernáculo foi feito repetidamente aparece esta frase: "E farás..." Isto é, Deus disse a Moisés o que fazer, em detalhes. Estas foram ordens, ordens do mesmo Deus que deu os 10 Mandamentos.
O tabernáculo foi feito depois do modelo divino ser mostrado a Moisés (25:9). As... instruções enfatizavam que cada detalhe do projeto foi feito de acordo com a explícita ordem de Deus (35:1, 4, 10, etc). Bezalel e Aoliabe foram dotados com o espírito de Deus e com o conhecimento da habilidade para executar a tarefa (21:2 e ss). Para o escritor do Velho Testamento a forma concreta do tabernáculo é inseparável de seu significado espiritual. Cada detalhe da estrutura reflete a vontade divina e nada fica para decisões "ad hoc" dos construtores humanos. ... Além do mais, o tabernáculo não foi concebido como medida temporária para um tempo limitado, mas algo no qual o sacerdócio permanente de Arão servisse ao longo de todas as gerações. (27:20 s).
O Templo como Lugar da Morada de Deus
Uma vez que Israel tomou posse da terra de Canaã, não havia necessidade de um aparato portátil para guardar a arca da aliança e os outros utensílios do tabernáculo. A arca, você se recordará, tinha sido usada pelos israelitas como uma espécie de "pé de coelho" gigante, que eles levaram consigo quando lutaram contra os filisteus, sob a liderança do rei Saul, e seu filho Jônatas. Os israelitas perderam esta batalha e a arca foi capturada pelos filisteus. Depois de repetidas dificuldades diretamente relacionadas com a arca, os filisteus a mandaram de volta à Israel. O retorno da arca e o fato de Davi residir numa casa suntuosa parecem ter propiciado a ele o propósito para a construção de um lugar diferente para guardar a arca: "Sucedeu que, habitando Davi em sua própria casa, disse ao profeta Natã: Eis que moro em casa de cedro, mas a arca da aliança do Senhor se acha numa tenda." (I Cr. 17:1)
Natã rapidamente (e aparentemente sem consultar a Deus) encorajou Davi a construir um templo (I Cr. 17:2). No entanto, Deus tinha planos diferentes, pois Davi era um homem de guerra e derramara muito sangue. Deus de fato permitiria a construção de um templo, mas seria construído por Salomão, filho de Davi, um homem de paz. Enquanto Davi queria construir uma casa para Deus, Deus prometeu dar a Davi uma casa; portanto, é neste contexto do pedido de Davi para a construção do templo que Deus proclama o que se tornou conhecido como a Aliança Davídica, a promessa de que o descendente de Davi governará para sempre, e assim se tornou conhecido que o Messias de Israel seria o "Filho de Davi" (I Cr. 17:4-15).
Da mesma forma que a vitória de Deus sobre os egípcios, as vitórias militares de Davi contra as nações (hostis) em derredor forneceram muitos dos materiais necessários à construção do templo (cf. I Crônicas 18-21). Apesar de não ser permitido a Davi construir o templo, ele fez extensos preparativos para isso. No capítulo 22 de I Crônicas Davi começou a reunir os materiais necessários para o templo. As instruções referentes à construção do templo foram dadas a Salomão. O povo foi encorajado a ajudar neste projeto. Também foram designados aqueles que ministrariam no templo (capítulos 24-26). Os planos que Davi deu a Salomão foram inspirados por Deus (I Cr. 28:11-12, 19), e desta forma divinamente providenciados, como o foram os planos para o tabernáculo.
Davi generosamente cedeu os materiais necessários à construção do templo, como o povo o fez quando foi solicitado (I Cr. 29:1-9). Para celebrar, foram oferecidos sacrifícios e todo o povo comeu e bebeu na presença de Deus (I Cr. 29:21-22) de modo a recordar a ratificação da aliança Mosaica (Ex. 24:5-11). Salomão reinou sobre Israel (II Cr. 1) após a morte de Davi (I Cr. 29:28) e construiu o templo (II Cr. 2-4). Era elegante em material e mão-de-obra, exatamente como o foi o tabernáculo (II Cr. 2:7; 3:8-17, etc). Quando ficou pronto a nação foi congregada e a arca trazida para dentro do templo (II Cr. 5:2-10). Como no tabernáculo (Ex. 40:34 e ss), uma nuvem desceu sobre o templo e a glória de Deus encheu o lugar (II Cr. 5:11-14). O templo foi dedicado, e Israel foi instruído sobre o propósito do lugar, superior entre todos aqueles que deviam ser um lugar de oração (II Cr. 6). Depois que Salomão terminara de falar, Deus falou ao povo, prometendo bênçãos e maldições, dependendo da fidelidade de Israel à aliança que Deus fizera com eles (II Cr. 7). Se Israel não fosse fiel à aliança, o templo seria destruído, e o povo disperso. No entanto, se o povo se arrependesse e orasse (em direção ao templo), Deus os ouviria e os restauraria.
A história de Israel confirma a veracidade das palavras de Deus. O povo não foi fiel a Deus e eles foram levados da terra e o templo deixado em ruínas. Os livros de Esdras e Neemias descrevem o retorno do cativeiro do remanescente fiel à terra de Canaã, onde reconstruíram o templo e a cidade de Jerusalém, guiados e encorajados pelos profetas menores Ageu, Zacarias e Malaquias. Quando o templo foi reconstruído, ele não tinha o esplendor do primeiro templo, e assim alguns "veteranos" choraram à sua vista (Ed. 3:12). O profeta Ageu, no entanto, fala uma palavra de encorajamento, assegurando ao povo que o templo é glorioso porque Deus está com eles, que Seu Espírito está habitando em seu meio (Ag. 2:4-5), e que no futuro Deus encherá Sua casa com muito maior glória e esplendor (Ag. 2:7-9).
O profeta Ezequiel também falou do templo no tempo futuro (capítulo 40 e ss). A promessa do futuro retorno da nação de Israel à terra de Canaã e sua restauração espiritual são assegurados com a descrição de um templo milenar que é considerado e descrito em detalhes por Ezequiel.
O lugar da Habitação de Deus no Novo Testamento
No Evangelho de João o Senhor Jesus Cristo é apresentado como o Filho de Deus que habitou entre os homens (Jo. 1:14). O Senhor Jesus foi desta forma o lugar da morada de Deus entre os homens durante Sua jornada na terra. Assim Ele pôde dizer à mulher samaritana que estava chegando a época em que o lugar de adoração não é a preocupação principal (Jo. 4:20-21). Da época da vinda de Cristo até o presente o lugar da morada de Deus entre os homens não é concebido em termos de edifícios.
Num ligeiro aparte: o edifício físico (o templo) tornara-se uma espécie de ídolo para muitos legalistas, judeus descrentes da época de Jesus. Para eles a presença do templo era prova de que Deus estava com eles e de que eles eram agradáveis à Sua vista. Mesmo os discípulos ficaram impressionados com a beleza da estrutura do templo, ainda que Jesus os prevenisse sobre tal entusiasmo, sabendo que o templo seria brevemente destruído (Mt. 24:1-2). Você pode muito bem imaginar como os escribas e fariseus ficaram transtornados quando Nosso Senhor falou sobre a destruição do templo (não sabendo, é claro, que Ele era esse templo). A destruição do templo em 70 d.C. foi o cumprimento dos avisos das Escrituras do Velho Testamento, prova da desobediência de Israel e do peso da mão de Deus sobre a nação, mais uma vez.
Após a crucificação, sepultamento e ressurreição de Nosso Senhor, Estêvão foi levado a julgamento por aqueles que colocaram o Senhor na cruz. Uma das acusações contra ele era de que falara contra o templo (At. 6:13). A resposta de Estêvão, em sua defesa, deixou claro, como as Escrituras do Velho Testamento já tinham feito, que Deus não habita em lugares feitos por mãos humanas (At. 7:47-50; cf. II Cr. 2:5-6; 6:18, 30).
As epístolas do Novo Testamento continuam a nos ensinar que o lugar da morada de Deus agora é na igreja, não o edifício igreja, mas o povo que compõe o corpo de Cristo:
"Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito." (Ef. 2:19-22)
"Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo. ... Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz." (I Pe. 2:4-5, 9).
Conclusão
Há uma porção de maneiras pelas quais a construção do tabernáculo é aplicável às nossas vidas, mesmo que estejamos separados dos israelitas da época de Moisés por muitos séculos e pelo menos uma dispensação.
Primeiro, creio que podemos legitimamente aprender o valor da arte pelas tremendas contribuições artísticas desta estrutura. São muitos aqueles que apontam para as diversas formas de arte que podem ser encontradas em relação direta com o tabernáculo. É bem verdade que nos tornamos utilitários demais, vendo apenas tais coisas como importantes se tiverem uma grande utilidade. A arte tem um valor claro em nossa adoração e na expressão de nossa devoção a Deus. Este tema tem sido bem desenvolvido por vários artistas cristãos e é digno de nossas sérias considerações. No entanto, não acho que este seja o objetivo principal de nosso texto.
. São muitos aqueles que apontam para as diversas formas de arte que podem ser encontradas em relação direta com o tabernáculo. É bem verdade que nos tornamos utilitários demais, vendo apenas tais coisas como importantes se tiverem uma grande utilidade. A arte tem um valor claro em nossa adoração e na expressão de nossa devoção a Deus. Este tema tem sido bem desenvolvido por vários artistas cristãos e é digno de nossas sérias considerações. No entanto, não acho que este seja o objetivo principal de nosso texto.
Segundo, devemos aprender que não devemos pensar em Deus como habitando em edifícios feitos por mãos humanas, mas sim habitando dentro da igreja, dentro do corpo daqueles que verdadeiramente crêem em Jesus Cristo. Estamos errados ao dizer a nossos filhos "silêncio" quando entram na igreja porque é "a casa de Deus", o que sugere a eles que Deus mora num edifício, e que O visitamos uma vez por semana.
Estamos errados ao dizer a nossos filhos "silêncio" quando entram na igreja porque é "a casa de Deus", o que sugere a eles que Deus mora num edifício, e que O visitamos uma vez por semana.
Se Deus ocupa a igreja como corpo, como as Escrituras ensinam, então a maneira como nos conduzimos como membros da igreja é extremamente importante. Se Deus é santo, então Sua igreja também deve ser santa (cf. I Pe. 1:16). Isto nos dá razões muito fortes para exercer a disciplina na igreja (cf. Mt. 18, I Co. 5, 11), pois a igreja deve ser santa se Deus habita nela.
Mais ainda, se Deus habita na igreja como corpo e Se manifesta dentro e através da igreja, então a maneira pela qual conduzimos a igreja é extremamente importante para uma representação adequada de Deus. É por essa razão que o apóstolo Paulo escreveu: "Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te em breve; para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade." (I Tm. 3:14-15).
É nesta primeira epístola a Timóteo que Paulo fala sobre a pureza doutrinária na igreja (capítulo 1), sobre o ministério público (capítulo 2), sobre os líderes da igreja (capítulo 3), sobre a falsa e a verdadeira santidade (capítulo 4), sobre a responsabilidade da igreja pelas viúvas e outros (capítulo 5), e sobre a busca pela prosperidade à guisa de procurar maior piedade (capítulo 6). Como nos conduzimos na igreja é extremamente importante, meu amigo, pois o próprio Deus habita na igreja hoje.
Sejamos tão cautelosos na maneira de edificar a igreja como o foram os antigos israelitas na construção do tabernáculo, para que a glória de Deus possa ser manifesta aos homens.




Bob Deffinbaugh
Robert L. (Bob)Deffinbaugh graduated from Dallas Theological Seminary with his Th.M. in 1971. Bob is a pastor/teacher and elder at Community Bible Chapel in Richardson, Texas, and has contributed many of his Bible study series for use by the Foundation.

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