Protagonista de um escândalo que abalou fiéis e autoridades católicas, Erivam lamenta postura da Igreja e nega crime "porque nada foi forçado". Frei também admite já ter tido relacionamentos com outras mulheres.
Aos 50 anos, nascido em Crato (CE), formado em Filosofia e Teologia, o frei Erivam Messias da Silva, 29 anos dedicados ao catolicismo, afirma que está arrependido de ter se envolvido com uma adolescente de 16 anos, um romance polêmico que acabou em prisão por flagrante na saída de um motel e um escândalo que abalou autoridades e fiéis da Igreja Católica.
Com passagens a trabalho pelos municípios de Campo Grande e Dourados (ambos em Mato Grosso do Sul), Rondonópolis e, por último, Cuiabá, Erivam está afastado da Paróquia Nossa Senhora da Guadalupe e também da Igreja Mãe dos Homens, onde apenas celebrava missas.
Ao longo da entrevista, o frei questiona a Igreja e opina que a religião deve acompanhar a evolução da sociedade, revendo conceitos, por exemplo, sobre a união estável e sexo antes do casamento.
Erivam confessa relacionamentos com outras mulheres, mas garante que nunca havia se apaixonado. Entre passeios ao shopping e sessões de cinema, o romance com a menor foi seguindo, relatou o frei na tarde desta terça-feira, quando concedeu entrevista exclusiva para A Gazeta.
A Gazeta - Após a prisão, punição da Igreja e possibilidade de responder a processo na Justiça que pode resultar em condenação, o senhor se sente arrependido pelo envolvimento com a garota de 16 anos?
Erivam Messias - Me arrependo profundamente! Olhando as consequências da tempestade e o estrago que ficou tanto do que é verdadeiro quanto das calúnias e difamações, não tenho vergonha de dizer que me arrependo porque esse episódio prejudicou a minha pessoa, as paróquias e a própria garota.
O senhor considera sua atitude um pecado?
Considero minha atitude perante a Igreja uma falha e não um pecado. Entendo que transgredi uma norma do universo católico, o que aceitei livremente. Mas, não um pecado que me condene diante dos olhos de Deus.
O que, em sua visão, configuraria um pecado que poderia condená-lo perante Deus?
Se esse relacionamento fosse com uma criança, alguma menina abaixo de 14 anos ou tivesse forçado alguma situação. Se tivesse forçado a ingerir bebida alcoólica, ou seja, não tivesse consciência do que estivesse acontecendo.
A mãe da garota se declarou surpresa ao descobrir o episódio. Mas ao que se soube esse relacionamento já durava alguns meses. Por que a decisão de ocultar o romance? Não seria mais prudente dialogar com a família da menor e com a própria Igreja?
Por ser proibido pela Igreja! Este relacionamento nasceu a partir de uma amizade. Não foi uma aventura e tampouco uma sacanagem da minha parte. O meu coração falou mais alto e decidi me entregar. De uma convivência harmoniosa, nasceu uma paixão e daí surgiu um namoro. Pela função que exercia, não podia torná-lo público, por isso ficou escondido. Sabia que pelo seu histórico a Igreja não iria entender!
A menor se diz apaixonada. O senhor também compartilha deste sentimento?
Compartilho sim! Eu mesmo disse várias vezes a ela que a amava!
Quanto tempo durava esse relacionamento!
Começou no meio do ano passado. Já dura até bastantes meses!
Em algum momento o senhor avaliou a possibilidade de abandonar a Igreja para casar e construir uma nova vida ao lado dela?
Estava muito cedo como relacionamento para tomar qualquer decisão. Sabíamos das nossas diferenças de idade. O que tornava este relacionamento vívido foram os bons momentos que se tinha ao estar ao lado de uma pessoa que se gosta. Mas, em nenhum momento chegamos a falar de casamento.
Pelas cidades que o senhor passou, chegou a manter relacionamento com alguma mulher?
Com outras mulheres sim, mas uma adolescente não! Mas nada que fosse tão profundo!
O que essa menor tem de tão especial? O senhor saberia descrever?
Tenho que perguntar ao meu coração! É uma garota simples, inteligente, madura que dialogava comigo, apesar da idade, sem nenhuma diminuição. Lógico que ela não tem a maturidade de uma mulher experiente. Mas não é uma garota, é uma mulher.
Como se davam esses encontros amorosos apesar de tanta vigilância?
Cheguei a viajar com a mãe dela e a irmã durante as férias. Em momento algum viajamos sozinhos e nunca estive reunido sem o consentimento da mãe dela. Costumávamos passear no shopping e ir ao cinema.
O senhor discorda da delegacia de que se trata de estupro de vulnerável?
Discordo baseado na lei. Inclusive, não conhecia a lei que tratava disso. Fui conhecer a partir destes fatos. O que está escrito é o que está certo e entendo que não cometi crime algum perante as leis.
A Igreja decidiu pela suspensão das suas atividades. O senhor pretende retornar ou planejar novas atividades?
Foi uma punição da Igreja de Cuiabá e não a Católica! A única arquidiocese que não posso exercer o meu papel de sacerdote é a de Cuiabá. Não tenho impedimento em nenhuma outra, mas estou numa fase discernimento e pensando o que fazer da minha vida.
O que senhor diria aos fiéis da Igreja Católica que estão chocados com este episódio?
Que me perdoem pelo meu erro de manter um relacionamento que não poderia ter enquanto sacerdote. Quero dizer aos amigos paroquianos que fiquei muito agradecido pelas visitas, mensagens e apoio que recebi neste momento difícil. Que Deus abençoe a todos!
O senhor acredita que Igreja deve rever conceitos em relação à união estável e ao sexo antes do casamento nesta sociedade moderna?
São temas bastante polêmicos! Com o passar dos anos, a Igreja se vê obrigada junto com a sociedade a repensar algo neste sentido. Mas não estou aqui colocando meu erro como culpa por conta da Igreja. Mesmo com a função que exercia, decidi me entregar livremente.
O senhor não se sente alvo de uma intolerância da Igreja? Não é uma medida extrema suspender suas atividades ou até mesmo expulsá-lo pela descoberta de um romance?
Foi a decisão que o arcebispo de Cuiabá tomou! Em momento algum manteve contato comigo, me procurou para conversar. Conforme a carta que recebi a punição foi embasada nas notícias divulgadas pela imprensa. É uma decisão da autoridade dele que prefiro não questionar.
Recentemente, o senhor manteve conversas com o frei Aluísio Alves, responsável pela Congregação Franciscana, o que foi tratado nestes diálogos?
As nossas conversas foram no sentido de organizar a minha vida a partir de agora e a garantia de que eu esteja bem e procure refletir enquanto permanecer nas imediações de Cuiabá e permanecer à disposição do meu advogado. Em momento algum mantivemos conversas a respeito da minha culpa ou falha. A Congregação Franciscana agiu no sentido de apoiar e não condenar!
Se houvesse um encontro com Deus, o que o senhor diria?
Muito obrigado por tudo aquilo que o senhor me deu! Perdoe minha falhas! Eu sou um dos teus filhos mais fiéis!
Chegou a ser divulgado que o senhor enquanto padre em Campo Grande (MS) e Goiás (GO) desviou até R$ 800 mil da Igreja. O que o senhor pode dizer a respeito disso?
São calúnias, informações mentirosas que nada condizem com a realidade. Uma Igreja administrar R$ 800 mil é algo fora da realidade. Já foram divulgadas duas notas da paróquia de Cuiabá contestando veementemente essas informações. Nunca morei em Goiânia ou tive acesso ao dinheiro das paróquias. A responsabilidade de lidar com o financeiro sempre pertenceu a outras pessoas. Essas informações contra minha pessoa são ridículas. Todos os gastos feitos por qualquer frade ou frei têm que prestar conta aos hierárquicos.
Informações Gazeta Digital
Com passagens a trabalho pelos municípios de Campo Grande e Dourados (ambos em Mato Grosso do Sul), Rondonópolis e, por último, Cuiabá, Erivam está afastado da Paróquia Nossa Senhora da Guadalupe e também da Igreja Mãe dos Homens, onde apenas celebrava missas.
Ao longo da entrevista, o frei questiona a Igreja e opina que a religião deve acompanhar a evolução da sociedade, revendo conceitos, por exemplo, sobre a união estável e sexo antes do casamento.
Erivam confessa relacionamentos com outras mulheres, mas garante que nunca havia se apaixonado. Entre passeios ao shopping e sessões de cinema, o romance com a menor foi seguindo, relatou o frei na tarde desta terça-feira, quando concedeu entrevista exclusiva para A Gazeta.
A Gazeta - Após a prisão, punição da Igreja e possibilidade de responder a processo na Justiça que pode resultar em condenação, o senhor se sente arrependido pelo envolvimento com a garota de 16 anos?
Erivam Messias - Me arrependo profundamente! Olhando as consequências da tempestade e o estrago que ficou tanto do que é verdadeiro quanto das calúnias e difamações, não tenho vergonha de dizer que me arrependo porque esse episódio prejudicou a minha pessoa, as paróquias e a própria garota.
O senhor considera sua atitude um pecado?
Considero minha atitude perante a Igreja uma falha e não um pecado. Entendo que transgredi uma norma do universo católico, o que aceitei livremente. Mas, não um pecado que me condene diante dos olhos de Deus.
O que, em sua visão, configuraria um pecado que poderia condená-lo perante Deus?
Se esse relacionamento fosse com uma criança, alguma menina abaixo de 14 anos ou tivesse forçado alguma situação. Se tivesse forçado a ingerir bebida alcoólica, ou seja, não tivesse consciência do que estivesse acontecendo.
A mãe da garota se declarou surpresa ao descobrir o episódio. Mas ao que se soube esse relacionamento já durava alguns meses. Por que a decisão de ocultar o romance? Não seria mais prudente dialogar com a família da menor e com a própria Igreja?
Por ser proibido pela Igreja! Este relacionamento nasceu a partir de uma amizade. Não foi uma aventura e tampouco uma sacanagem da minha parte. O meu coração falou mais alto e decidi me entregar. De uma convivência harmoniosa, nasceu uma paixão e daí surgiu um namoro. Pela função que exercia, não podia torná-lo público, por isso ficou escondido. Sabia que pelo seu histórico a Igreja não iria entender!
A menor se diz apaixonada. O senhor também compartilha deste sentimento?
Compartilho sim! Eu mesmo disse várias vezes a ela que a amava!
Quanto tempo durava esse relacionamento!
Começou no meio do ano passado. Já dura até bastantes meses!
Em algum momento o senhor avaliou a possibilidade de abandonar a Igreja para casar e construir uma nova vida ao lado dela?
Estava muito cedo como relacionamento para tomar qualquer decisão. Sabíamos das nossas diferenças de idade. O que tornava este relacionamento vívido foram os bons momentos que se tinha ao estar ao lado de uma pessoa que se gosta. Mas, em nenhum momento chegamos a falar de casamento.
Pelas cidades que o senhor passou, chegou a manter relacionamento com alguma mulher?
Com outras mulheres sim, mas uma adolescente não! Mas nada que fosse tão profundo!
O que essa menor tem de tão especial? O senhor saberia descrever?
Tenho que perguntar ao meu coração! É uma garota simples, inteligente, madura que dialogava comigo, apesar da idade, sem nenhuma diminuição. Lógico que ela não tem a maturidade de uma mulher experiente. Mas não é uma garota, é uma mulher.
Como se davam esses encontros amorosos apesar de tanta vigilância?
Cheguei a viajar com a mãe dela e a irmã durante as férias. Em momento algum viajamos sozinhos e nunca estive reunido sem o consentimento da mãe dela. Costumávamos passear no shopping e ir ao cinema.
O senhor discorda da delegacia de que se trata de estupro de vulnerável?
Discordo baseado na lei. Inclusive, não conhecia a lei que tratava disso. Fui conhecer a partir destes fatos. O que está escrito é o que está certo e entendo que não cometi crime algum perante as leis.
A Igreja decidiu pela suspensão das suas atividades. O senhor pretende retornar ou planejar novas atividades?
Foi uma punição da Igreja de Cuiabá e não a Católica! A única arquidiocese que não posso exercer o meu papel de sacerdote é a de Cuiabá. Não tenho impedimento em nenhuma outra, mas estou numa fase discernimento e pensando o que fazer da minha vida.
O que senhor diria aos fiéis da Igreja Católica que estão chocados com este episódio?
Que me perdoem pelo meu erro de manter um relacionamento que não poderia ter enquanto sacerdote. Quero dizer aos amigos paroquianos que fiquei muito agradecido pelas visitas, mensagens e apoio que recebi neste momento difícil. Que Deus abençoe a todos!
O senhor acredita que Igreja deve rever conceitos em relação à união estável e ao sexo antes do casamento nesta sociedade moderna?
São temas bastante polêmicos! Com o passar dos anos, a Igreja se vê obrigada junto com a sociedade a repensar algo neste sentido. Mas não estou aqui colocando meu erro como culpa por conta da Igreja. Mesmo com a função que exercia, decidi me entregar livremente.
O senhor não se sente alvo de uma intolerância da Igreja? Não é uma medida extrema suspender suas atividades ou até mesmo expulsá-lo pela descoberta de um romance?
Foi a decisão que o arcebispo de Cuiabá tomou! Em momento algum manteve contato comigo, me procurou para conversar. Conforme a carta que recebi a punição foi embasada nas notícias divulgadas pela imprensa. É uma decisão da autoridade dele que prefiro não questionar.
Recentemente, o senhor manteve conversas com o frei Aluísio Alves, responsável pela Congregação Franciscana, o que foi tratado nestes diálogos?
As nossas conversas foram no sentido de organizar a minha vida a partir de agora e a garantia de que eu esteja bem e procure refletir enquanto permanecer nas imediações de Cuiabá e permanecer à disposição do meu advogado. Em momento algum mantivemos conversas a respeito da minha culpa ou falha. A Congregação Franciscana agiu no sentido de apoiar e não condenar!
Se houvesse um encontro com Deus, o que o senhor diria?
Muito obrigado por tudo aquilo que o senhor me deu! Perdoe minha falhas! Eu sou um dos teus filhos mais fiéis!
Chegou a ser divulgado que o senhor enquanto padre em Campo Grande (MS) e Goiás (GO) desviou até R$ 800 mil da Igreja. O que o senhor pode dizer a respeito disso?
São calúnias, informações mentirosas que nada condizem com a realidade. Uma Igreja administrar R$ 800 mil é algo fora da realidade. Já foram divulgadas duas notas da paróquia de Cuiabá contestando veementemente essas informações. Nunca morei em Goiânia ou tive acesso ao dinheiro das paróquias. A responsabilidade de lidar com o financeiro sempre pertenceu a outras pessoas. Essas informações contra minha pessoa são ridículas. Todos os gastos feitos por qualquer frade ou frei têm que prestar conta aos hierárquicos.
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