Candidato do PT fez campanha no Jardim Ângela, na Zona Sul.
Líderes evangélicos fizeram críticas a Haddad nesta última semana.
Haddad percorreu ruas do Jardim Ângela em
carreata (Foto: Letícia Macedo/G1)
O candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, criticou o
que chamou de “instrumentalização das igrejas” durante a campanha
eleitoral, nesta quinta-feira (4), no Jardim Ângela, na Zona Sul da
capital. Nos últimos dias, Haddad foi alvo de críticas da parte das
igrejas evangélicas Universal do Reino de Deus e Assembleia de Deus
Vitória em Cristo.
Nesta quarta-feira (3), o bispo Edir Macedo, da Universal, publicou em seu blog um texto,
em formato de carta com título “Desabafo da Revolta”. A mensagem lista
cinco motivos para não votar em Haddad e cinco para votar em Celso
Russomanno (PRB). O presidente do PRB e atual coordenador da campanha de
Russomanno, Marcos Pereira, é pastor licenciado da Igreja Universal. Na
segunda-feira (1º), o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus,
anunciou o apoio a José Serra (PSDB) e alegou ser contra a presença do
“autor do kit gay” no segundo turno.
“Penso que é um equívoco que as igrejas sejam instrumentalizadas a
favor de um partido e menos ainda em favor de um candidato”, afirmou
antes de sair em carreata pelas ruas da Zona Sul. “Acho que igreja é
igreja e política é política. Misturar as duas coisas, onde isso
aconteceu, não deu certo. Pode pegar qualquer lugar do mundo. Onde a
religião e a política se confundem traz um sentimento ruim para a
população, cresce a intolerância, crescem os conflitos
desnecessariamente”, continuou.
Para Haddad, o Estado tem que “defender a liberdade religiosa e
combater a intolerância religiosa”. “Quando começam esses ingredientes,
autoridades eclesiásticas se envolvendo dessa maneira, eu penso que nós
podemos vir a lamentar, porque não vai ser bom para a democracia.”
Ainda na quarta-feira, o candidato disse que enviaria uma resposta para
ser publicada no blog de Edir Macedo. Até essa manhã, a carta não havia
sido enviada, segundo o candidato do PT.
Segundo turnoUm dia depois em que pesquisa do Datafolha o coloca em terceiro lugar, atrás de Russomanno e José Serra, Haddad disse estar “confiante” de que estará no segundo turno.
“O PT é um partido de chegada. Nós vamos crescer na reta final. Estou
confiante que nós vamos [para o segundo turno], porque a periferia está
respondendo, os bairros estão respondendo”, declarou.
Questionado se Gabriel Chalita (PMDB) seria uma “pedra no sapato” por
receber, segundo as pesquisas, votos de Russomanno que poderiam ajudá-lo
a chegar ao segundo turno, Haddad negou. “De jeito nenhum. Tem um
pessoal que está deixando o Russomanno e não aceita o Serra. Ele captura
uma parte importante desses votos”, afirmou.
O candidato, no entanto, preferiu não antecipar quais serão os
candidatos com quem ele poderá eventualmente buscar apoio caso vá para o
segundo turno. “Eu não estou fazendo esse tipo de cálculo ainda. Meu
desejo é reproduzir o arco de alianças que nós temos no plano federal,
porque é um governo que tem 80% de aprovação. Gostaria de ter esse
conjunto de atores apoiando nossa candidatura no segundo turno para
trazer para São Paulo o êxito da administração federal.”
Propostas
Durante a visita ao Jardim Ângela, o candidato lembrou suas propostas
para a Zona Sul. Na área de transporte, ele pretende intensificar o
diálogo com o governo do estado para trazer o Metrô ao bairro com
recursos da Prefeitura e duplicar vias importantes como M'Boi Mirim,
Belmira Marinho, Estrada do Alvarenga, além de estender a Avenida Carlos
Caldeira. O objetivo seria a construção de corredores de ônibus mais
confortáveis.
Na área de saúde, Haddad afirmou que irá construir um hospital em
Parelheiros. Ele ainda prometeu a criação de um centro cultural e de
creches.
MensalãoEle também preferiu não
comentar a coincidência do julgamento de líderes do PT, como José Dirceu
e José Genoíno, no caso do mensalão acontecer na semana anterior às
eleições municipais. “Se eu disser que estou acompanhando, eu estou
mentindo. Não estou tendo tempo nem para respirar.”
G1/GRITOS DE ALERTA