Iniqüidade é o estado de institucionalização do pecado ou da corrupção.
O pecado de fornicação se institucionalizou na história de Israel desde os dias de Abraão até os dias de Davi. Por causa da aceitação deste ato hostil entre os hebreus, o pecado de fornicação foi se institucionalizando de forma assustadora, de tal forma que se tornou comum na família hebréia.
Por causa disso, os espíritos familiares não hesitaram em implantar este pecado como uma cultura entre o povo. Mas essa prática jamais deixou de ser abominável a Deus e à sua Palavra. Os espíritos familiares não atuam geneticamente, mas através do tempo, como potestades do ar. Eles não morrem, razão pela qual têm informações privilegiadas de cada pessoa da terra (Is8:19).
Eles não são hereditários, mas atuam, historicamente,por meio das potestades do ar.
(1) Repetem circunstâncias negativas que os pais de uma raça viveram: assim como Abraão mentiu sobre sua esposa, Isaque também fez o mesmo. (2) Cobram juramentos e palavras ditas no mundo espiritual e não foram cobradas. Por exemplo, os irmãos de José disseram que se a taça de José fosse achada com um de seus irmãos, eles e seus filhos seriam escravos de Faraó.
Centenas de anos depois, os filhos de Israel tornaram‐se escravos de Faraó. (3) Operam a morte pela base legal, que é concedida por meio das palavras proferidas sem temor, tal como Jacó falou a Labão a respeito do seu ídolo:“Certamente morrerá”.
Assim, na ocasião do nascimento de Benjamin, a sua mulher amada, Raquel, morreu segundo a palavra de seu esposo.
(4) Executam maldições ditas como foi o caso de Rebeca, que invocou maldições sobre si ao incitar Jacó a mentir para seu pai, Isaque.
(5) Eles atuam na ilegalidade. Os porqueiros criavam porcos ilegalmente em Gadara,onde tinham liberdade para operar.
(6) Eles atuam pela idolatria, como foi o caso de Mical. Quando Davi fugiu para livrar‐se de Saul, o qual queria matá‐lo, Mical colocou um ídolo na cama em lugar de Davi, para despistar o seu pai. Isso quer dizer que aquele ídolo estava ali no quarto, no meio de seu relacionamento matrimonial. Objetos, algumas situações, algumas fotos, determinados vídeos, todas as revistas pornográficas e coisas semelhantes são pontos de contatos para os espíritos familiares, os quais podem permanecer na cadeia familiar por muito tempo. (7) Procuram brechas para a libertinagem e atuam sobre as pessoas influenciadas pela vida libertina da cidade onde vivem.
(8) Dão continuidade à maldição dos antepassados, como foi o caso de toda a descendência de Cão, que optou pela perversão. Toda a descendência dos cananeus estava sob a influência do espírito familiar da perversão. Embora esta não tenha sido a classificação dos pecados da família real de Judá, os espíritos familiares, porém, operaram a fornicação como a grande iniqüidade da qual Davi reclamou diante de Deus no Salmo 51:5: “Em iniqüidade fui formado”, isto é, sob a institucionalização da fornicação. Mas, como esta iniqüidade se estabeleceu na sua descendência?
1. Abraão casou‐se com uma irmã (Gn 20:12). Segundo a Palavra de Deus, estaria enquadrado no texto de Levítico 18:9.
2. Abraão não se importou em oferecer a sua mulher a outro homem (Gn 12:13; 20:2), por duas vezes, contanto que o seu ouro fosse poupado.
3. Labão entregou a sua filha à fornicação com Jacó, o qual a conheceu sem tê‐la recebido como sua esposa, pois esperava a outra, Raquel, que não lhe foi dada (Gn 29:21‐27).
4. Era comum entre as mulheres da mesma família trocar noites íntimas com o seu marido por presentes interessantes (Gn 30:16).
5. Inconscientemente, Ló cometeu incesto com as suas filhas, e isto contribuiu para a institucionalização da iniqüidade. Daquele incesto, surgiram Amon e Moabe, e, deste último, sairam parentes da família real, como, Roboão (1 Rs 14:21) e Rute (Rt 2:6), que será bisavó de Davi, o grande rei de Israel. Observe que havia uma ordenança quanto aos amonitas em Deuteronômio 23:3. E ela sempre foi desrespeitada pelos israelitas.
6. Judá cometeu fornicação inconsciente com Tamar, mas estava consciente de sua atitude ao procurá‐ la como sendo uma prostituta (Gn 38:15). Embora ela fosse a mulher de seu pacto, a mulher original de sua vida, ele acabou cometendo fornicação com ela. Mas, segundo o propósito de Deus, ela era a mulher de seu pacto (Ml 2:11,14). Mas Judá a desprezou, passando a sua responsabilidade para seus filhos meio cananeus (Gn 38:6‐14), que não quiseram dar‐lhe descendência. Eles não tinham idéia de que a semente da mulher estava diante deles (Gn 3.15). Ainda assim, não tinham sangue puro para serem ascendência do Messias.
7. Raabe era uma prostituta e casou‐ se com Salmon, união da qual nasceu Obede. 7. Obede cometeu, inconscientemente, incesto com Rute na caverna da eira, a qual foi aconselhada por Noemi, com o fim de forçar Boaz a assumi‐la como seu remidor (RT 3:1‐9).
O ato de “descobrir os pés”, descrito de forma honesta e tradicional, significava, biblicamente e nos dias antigos, o mesmo que ter relação íntima. Em toda a Bíblia, a intimidade é mencionada classicamente desta forma:
(1) O ato de depilar as partes íntimas do homem era dito da seguinte maneira: “Naquele dia, o Senhor depilará (…) os cabelos dos pés, totalmente os tirará”, referindo‐ se às partes da vergonha. Algumas versões já traduziram como encontra‐ se registrado nos originais mais antigos (Is 7:20). (2) O ato do homem preparar‐se para a relação íntima era descrito assim: “Já despi as minhas vestes; como as tornarei a vestir? Já lavei os meus pés; como os tornarei a sujar?”, referindo‐se à higiene do homem diante de sua esposa (Ct 5:3).
(3) O ato de uma mulher investir, a fim de conseguir selar um propósito com o ato sexual, era dito assim: “Lava‐te e unge‐te, e veste as tuas vestes, e desce à eira; não te dê a conhecer ao homem, até que ele haja acabado de comer e beber” (Rt 3:3; Ct 5:1). E: “há de ser que, quando ele se deitar, notarás o lugar em que se deitar; então, entra, e descobrir‐lhe‐ás os pés, e te deitarás”. Boaz estava bêbado, e Rute, como boa descendente de sua matriarca de Moabe, a filha de Ló, que havia feito o mesmo com o seu pai, agora está agindo de forma semelhante.
O ataque dos espíritos familiares na família de Davi.
Mesmo depois de todos os acontecimentos que demonstravam o desejo dos hebreus de se verem livres do poder da iniqüidade da fornicação, sempre havia uma surpresa que os desanimava. Agora, com todo este currículo de iniqüidade, Davi exclama: “Fui formado em iniqüidade”.Afinal, descobre a verdade de seu nascimento: “Em pecado me concebeu a minha mãe” (Sl 51:5). Embora este texto tenha sido explicado na História como sendo uma sina humana ou seja, o “pecado original”, pelos pais da Igreja, em realidade não passa de uma conjectura, porque, na verdade, não existe pecado original. Nenhum texto da Bíblia apóia tal doutrina católica, a qual os protestantes, sem uma avaliação, acabaram herdando daquela teologia. Na verdade, Davi estava falando de sua situação pessoal,da sua afronta e da afronta de sua pequena família, que vivia em uma tenda campal separada da casa de Jessé. Não se referia ao pecado de Adão, pelo qual toda a raça humana foi condenada à morte (Rm 5:14).
Pois, se assim fosse, a relação íntima entre marido e mulher seria considerada impura e pecaminosa, quando, de fato, é um ato santo e,também,de santificação (1Co 7:14). Hoje, inclusive, alguns crêem e defendem veementemente que a relação conjugal é um grave pecado. Mas, o que nos chama a atenção é que, geralmente, os tais defensores têm tantos filhos quanto Jacó! Esta saga de Satanás em querer manchar a honra da família real é uma longa história. O próprio Davi foi acusado por Saul de perverso; Saul chamou o seu próprio filho de filho da perversa (1 Sm 20:30), referindo‐se à pura amizade entre Davi e Jônatas.
A tradição judaica trata de costurar muitas situações a fim de esconder a verdade, mas a Bíblia a contradiz sempre. Vejamos: a enciclopédia judaica está cheia de erros. Por exemplo, ela diz que Zorobabel é o mesmo Neemias, quando a Bíblia diz, categoricamente, que não (Ed 2:2). A tradição judaica ensina que a maldição de Jeconias foi cancelada antes da vinda do Messias, mas a Bíblia diz que não, pois, até hoje, nenhum rei assentou no trono, nem se assentará, até que venha o Cristo (Ez 43:4,5), porque ele, por ser filho de Natã, será herdeiro direto de Davi, sem mancha, sem corrupções anteriores registradas na vida dos reis descendentes de Salomão.
E, como pela linhagem de Natã ninguém foi rei, a não ser a fonte que é Davi, o Messias seria herdeiro e sucessor direto de Davi. Os rabinos defensores da tradição judaica dizem que o Messias deveria ser filho direto de Salomão, mas a Bíblia diz que ele deveria ser filho direto de Natã, outro filho desprezado de Davi. E, assim, a tradição judaica ainda continua invalidando a Palavra de Deus, como Jesus denunciou nos seus dias!
O origem de tudo.
Lendo o texto de 2 Samuel 17:25:“E Absalão colocou Amasa (“fardo”) à frente de seu exército, no lugar de Joabe. E Amasa era filho de um homem chamado Itra (“abundância”), israelita, que se chegou a Abigail, filha de Naás (“serpente”), irmã de Zeruia, mãe de Joabe” (2 Sm 19:13; 20:9‐12).
O destino de Amasa está sendo confirmado. Aqui, chegamos a conhecer quem era a mãe de Davi: Naás. Davi tinha duas irmãs: Abigail e Zeruia. Abigail foi mãe de Amasa e Joabe era filho de Zeruia, uma mulher de caráter forte, grande influenciadora de seus tres filhos: Abisai, Joabe e Asael (1 Cr 2:16). Davi suportava os filhos de sua irmã Zeruia, pois eram um mal necessário. Embora fossem seus sobrinhos, Davi não os considerava parentes (2 Sm 19:22).Mas Davi amava o filho de sua irmã Abigail (2 Sm 19:13), e a ambos, mãe e filho, considerava de fato seus parentes sanguíneos: carne da mesma carne e osso dos seus ossos. Sabemos, pelo texto abaixo que Naás era mãe de Davi, e Zeruia e Abigail suas irmãs por parte de mãe. Davi, com isso, era filho de Jessé com Naás.Esta era a razão pela qual Davi vivia isolado com a sua mãe em uma pequena tenda no campo, onde: (1) Era considerado vil (Sl 69:19) e como pastor de umas poucas ovelhas, foi acusado indiretamente de fracassado por seu irmão mais velho (1 Sm 17:28). (2) Seus irmãos o abandonaram no lodo (Sl 69:2). (3) Foi deixado no deserto, desesperado (Sl 69:3). (4) Foi odiado sem razão muitas vezes (Sl 69:4). (5) Seus irmãos eram seus inimigos gratuitamente (Sl 69:4c). (6) Vivia sob grande afronta e vergonha por causa da situação civil de sua mãe (Sl 69:19; Sl 51:5). Mas sua mãe era uma mulher forte e o ensinou a vencer os desafios da vida. (7) Era considerado estrangeiro por seus irmãos (Sl 69:8). (8) Sua pequena família amava o culto e a casa de Deus (Sl 69:9). (9) Passou fome (Sl 69:10). (10) Era objeto de escárnio de seus irmãos (Sl 69:11).
Um de seus irmãos era o principal autor desses escárnios; por isso o tal perdeu o seu lugar na lista dos filhos de Jessé e o seu nome foi borrado e Davi tomou o seu lugar, conforme a profecia dita a Rute, mas que se cumpriu em Davi (Sl 69:28; Rt 4:14,15): “…Melhor do que sete filhos”, era o oitavo filho de Jessé (1 Sm 16:6‐10; 1 Cr 2:15). (11) Era motivo de fofocas (Sl 69:13) e tema das canções dos bêbados. (12) Sabia qual era a sua grande afronta, por ser um filho ilegítimo (Sl 51:5; Sl 69:19). (13) Era odiado pelos seus irmãos, que zombavam dele (Sl 69:21). (14) Chamado de presunçoso, maldoso e bisbilhoteiro (1 Sm 17:28). (15) Era acusado sem saber porquê (1 Sm 17:29).
Por que Davi era tão odiado?
Seu pai, Obede, tendo considerado toda a trajetória da sua família, percebendo a iniqüidade em que todos estavam envolvidos, considerando a promessa da Semente da mulher (Gn 3:15), entendeu que nenhum de seus filhos poderia ser um instrumento para a descendência do Messias. Sendo de Belém de Judá, crente nas profecias, sentia o encargo e o peso da sua responsabilidade presente. Lembre‐se de que Satanás vem trabalhando pessoalmente para destruir a semente da mulher (Ap 12:4). Ele investiu contra todos os primogênitos, contra todos os filhos varões de Israel no Egito, mas cometeu um erro grave: deixou vivas as mulheres (Gn 3:15).
Ele raramente se importava com elas. Atacava os varões e deixava livres as mulheres, e nelas residia o segredo! Nos dias de Jessé, ele resolveu mudar de tática: investiu em Naás. Seu nome significa “serpente”. Morava ali, na casa de Jessé.Era um serva, provavelmente, cananéia, logo, fora do pacto (Lv 25:55). Então, dali veio o ataque da “serpente”.
Em meio a tantos problemas relacionados à fornicação e pecados de ordem sexual, sob o poder da iniqüidade que reinava naquela semente, Davi nasceu como fruto de uma relação conjugal contratada, como aconteceu com Léia e Raquel (Gn 30:12‐16), Sara e Agar (Gn 16:2). Naás, ficou grávida de Davi da mesma forma como Léia ficou de Issacar. A tradição judaica diz que Naás era uma das servas de Jessé, assim como Bila e outras eram servas de Jacó.
O acontecimento causou tanta dor e agonia em todos, que Jessé acabou providenciando uma pequena tenda à parte no campo, onde, com alguns animais e poucas ovelhas, aquela pequena família viveu. Uma outra Léia levantou‐se, mas em Belém de Judá, Naás. Depois, nasceram outras duas filhas: Zeruia e Abigail, as quais serão mães dos maiores generais da história de Israel: Amasa, Joabe, Abisai e Asael, todos sobrinhos de Davi (2 Sm 17:25).
A aparência de Davi coma sua mãe revoltava os seus sete irmãos, que zombavam dele constantemente, fazendo‐lhe maldades das mais cruéis, desejando a sua morte a pontode o abandonarem entre os ursos e os leões daquelas paragens; e também em charcos, em lamaçais e em aguaceiros. Dando‐lhe veneno. Sua vida foi cruel no meio de seus irmãos. Jessé o detinha ali, um pouco longe deles, mas era em vão. Naquela tenda pastoril, criado pela sua mãe, ele aprendeu a tocar harpa, a arte da guerra, a acertar alvos com pedras, a arte da funda, e os segredos da noite no meio de seu pequeno rebanho, atração dos leões ferozes da região.
Ruivo como a sua mãe, de belo parecer, sisudo em palavras, valente, cheio de ânimo, varão de guerra e, acima de tudo, o Senhor era com ele (1 Sm 16:18).Por todas estas coisas maravilhosas inspirava inveja de todos os seus irmãos. Ele jamais havia comido na mesa da casa de seu pai. Jamais havia assentado‐se no meio de seus irmãos. Era uma utopia pensar que um dia seria diferente.
Dias antes do grande acontecimento, Saul estava agindo de maneira muito estranha. Sendo de Benjamin, teve a oportunidade de dar início ao Reino de Israel, segundo o mandato de Deus, para justificar a entrada definitiva de Judá, por causa de seu fracasso. Isto é, Benjamin poderia alegar que jamais teve a oportunidade. Deus sabe o que faz.
Com o fracasso de Benjamin, Judá estava livre para entrar. Com a desobediência de Saul, Deus manda Samuel sacrificar em Belém e, para não perder viagem, de uma vez ungir o próximo rei de Israel, sendo que o tal deveria ser da casa de Jessé. Quando Samuel chegou a Belém, procurou por Jessé. Não foi tão difícil chegar até ele. Como ancião em Belém, conhecidíssimo líder de sua cidade, preocupou‐se juntamente com os seus colegas anciãos com o motivo da vinda do profeta àquela região. Algum pecado? Algo a revelar? Lembre‐se, que Davi era o segredo bem escondido de Jessé. Mas tudo aquilo que os homens mais escondem, torna‐se mais bem conhecido publicamente. Quando
A luz debaixo do alqueire
Jesus disse que uma luz não poderia ser escondida sob o alqueire, mas, sim, colocada no candeeiro, não se referia a algum pecado oculto, como parece, mas à luz, à revelação, a um sonho, a um propósito que os homens queiram esconder. Mas não será possível, pois a luz se revelará e deverá ser levantada. Quem tem revelação, quem tem vocação, quem tem ministério, não poderá ser escondido, nem que ele mesmo o queira.
Na presença de todos os anciãos de Belém, Samuel chega à casa do homem mais rico de Belém, o herdeiro de Boaz. Suas fazendas haviam crescido e o seu nome era considerado em toda a nação. Dias antes, Davi havia composto o mais lindo de seus salmos, em uma noite fria, contemplando umas das suas poucas ovelhas.
Ao toque de sua pequena e velha harpa, ele dedilhava e cantava suavemente:“O Senhor é o meu Pastor e não me faltará” – lembrava de sua grande responsabilidade de alimentar aquelas ovelhas, e sabia que era uma ovelha do seu curral; “deitar‐me faz em verdes pastos” – ele considerava os melhores e prósperos lugares por onde deveria andar; “mansamente me guiará em águas tranqüilas. Refrigera a minha alma” – ele sabia da importância das águas límpidas das exigentes ovelhas que não bebem águas turvas nem contaminadas; “guia‐me pelas veredas da justiça por amor do seu nome” – ele compreende o anelo de jamais pastorear aquelas ovelhas com o fruto de engano. “Ainda que eu andasse pelo vale da sobre da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo” – ele lembra‐se de todos os momentos em que ele e suas ovelhas estiveram em apuros diante das feras, dos penhascos, dos perigos, das tempestades sem jamais perecer; “a tua vara e o teu cajado me consolam” – ele traz à memória os momentos de disciplina pela vara e dos momentos de acolhimento pelo carinho da vara e do cajado. Mas, quando chegou a esta parte, ele não podia compreender bem:“Preparas uma mesa perante mim, na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda”. Ele parou para meditar nesta frase. Não sabia que era profética. Tentou eliminá‐la. Mas não lhe foi permitido.Então, continuou a cantar sob grande inspiração: “Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida” – e relembrava todos os favores de Deus e dos grandes livramentos que teve das feras, nas circunstâncias, das armadilhas de seus irmãos, do abandono e, especialmente, do urso e do leão. Sabia, então, que tudo era fruto de grande bondade e de grande misericórdia; “e habitarei na Casa do Senhor por longos dias” – esta era a sua crise; pois, como judeu de Belém, não era possível. Não era levita. “Será que algum dia se cumpriria, meu Deus?” (Sl 42, 43). Passou dias cantando e tocando aquela canção, até que, enfim, chegaram as carruagens de Samuel e de toda a sua equipe. A grande fazenda foi invadida pelos príncipes do povo e pelos magistrados. Samuel conversou a sós com Jessé, que consente em santificar os seus filhos. Jessé não rejeitou pagar os valores da santificação, como era comum (Lv 27:1‐12). Seus sete filhos foram santificados, menos Davi pois não tinha o estatus de filho. Ele não pode presenciar nenhum daqueles movimentos. Sacrifícios foram oferecidos, e a sua casa tornou‐se um tabernáculo. Ele daria tudo para ver tudo aquilo que foi negado aos seus olhos. As cozinheiras corriam, os servos preparavam a grande mesa.
No seu aposento, Samuel preparou o chifre com azeite genuíno, especial para ungir o novo rei. Jessé saiu pelos quartos falando forte com todos os sete filhos, um por um: “Arrumem‐se! Hoje é um dia especial”.Mas, lá no campo, Davi, alimentava as ovelhas e sussurrava aquela parte da canção, indagando o que seria: “Preparas uma mesaperante mim, na presença de meus…”. Sem que ninguém tivesse conhecimento da intenção divina nem do profeta, Samuel, depois de santificá‐los, os convida à festa que começa. Assim, Samuel inicia a cerimônia, chamando o primogênito de Jessé.
Ele vem: alto, forte e de bela aparência. Samuel pensa ser aquele. Mas Deus o repreende e ordena‐lhe que veja mais fundo: no coração. Um por um, passaram todos os filhos: o belo, o forte, o corajoso, o intelectual, o zombador, o obediente, o desobediente, enfim, todos! Olhando ao coração, bem no interior do espírito, fato comum ao profeta, nenhum deles foi aprovado. Deus não escolheu nenhum deles. Samuel percebeu logo que algo estava errado. Como profeta, sabia que a família estava dividida. Mas não entrou em detalhes e perguntou: “Há mais algum mancebo?”.Não perguntou se havia filhos. Perguntou se havia mancebos, pois a sabedoria dizia que Davi não tinha estatus de filho. Jessé não esperava aquela pergunta. Mas respondeu: “O menor, ele está cuidando das ovelhas”. Samuel pediu que o trouxessem, pois não se assentariam à mesa até que ele chegasse ali. O menino ruivo que era valente não poderia ser escondido debaixo do “alqueire”; chegou a hora de sair do curral para o altar. Jessé consente e ordena que corram e o tragam! Rapidamente, a sua pequena tenda está cheia de gente. Davi é procurado; rapidamente o acharam e, de súbito, o banharam e trocaram a sua roupa por outras limpas. Sua mãe percebe tudo aquilo e começa a chorar. Não havia roupa especial para ele. Na sua concepção, ele jamais usaria uma roupa festiva. Então, vestido como um pastorzinho, o levaram. Na casa, Jessé rapidamente ordenara que colocassem mais um prato na mesa. Arredaram as cadeiras. Apertaram duas delas, um pouco mais. Os rapazes se entreolhavam, até que ele chegou rodeado de gente da fazenda. Jessé reclamava por causa de sua roupa. Samuel não se importou. Mas, enquanto o profeta pensava, Deus o despertou: “Eis aí o rei. Unge‐o!”.
O azeite cairá sobre a sua cabeça, e levará vinte e oito anos para chegar às orlas de seus vestidos (Sl 133). Até lá, o azeite silenciosamente desceria competindo com o tempo do amadurecimento de sua personalidade. Rodeado por todos, Samuel dá o aviso que irá ungi‐lo. Toma o chifre e o ordena rei. O Espírito Santo se transfere do templo e do cálice. Uma poça de azeite fica no chão.As mulheres correm para limpá‐ lo, entre elas, a sua mãe que, no seu coração, jubila, dizendo que um dia seu filho seria honrado em Israel. Mas os seus irmãos não entendiam nada daquilo que viam. Eram meros soldados e jamais pensaram que seriam capitães sob o comando de seu irmão menor, o futuro rei. A seguir, eles assentaram‐se à mesa. Davi não sabia como comportar‐se ali. Lembrou dos pequenos avisos ameaçadores de mãe. Com as “asas” apertadas, seus irmãos o encaravam; ele baixava os olhos,mas por dentro dizia, cheio de gozo: “Preparas uma mesa perante mim, ma presença de meus angustiadores; unges a minha cabeça com óleo, e o meu coração dispara!” (Sl 118:22). Davi, o menino rejeitado, escondido dos olhos de todos, agora, torna‐se pedra fundamental de sua nação.
A partir daqui, muitas situações adversas passaram sobre ele, mas a unção o ajudou a triunfar. Não somente triunfará sobre todas as dificuldades, como também registrará nos seus salmos, em suas preciosas orações, como confiar em Deus em meio a tamanhas circunstâncias adversas, a fim de consolar a todos aqueles que trilharem pelo mesmo caminho. Nos seus salmos, encontramos:
(1) força que enfrenta corajosamente os seus adversários;
(2) que mesmo tendo nascido sob circunstâncias moralmente vergonhosas, pela nossa vossa vocação podemos valorizar a nossa própria dignidade, abstendo‐nos dos pecados de nossos pais;
(3) que podemos silenciosamente triunfar diante das mais graves dificuldades;
(4) que podemos lutar bravamente como guerreiros de Deus que têm sobre si uma missão nacional;
(5) que podemos confiar abertamente na justiça e na misericórdia daquele que nos chamou;
(6) que jamais sucumbiremos sob os desafios de nossa vida se tivermos memoriais e exemplos a seguir;
(7) que podemos ser consolados pelas palavras de alentos do Senhor;
(8) que, dependendo de nossa fé e de nossa convicção, poderemos avançar sem medo. O senhor seja louvado!
MEU JESUS / VIA GRITOS DE ALERTA