Confrontos entre cristãos e muçulmanos desde a véspera do Natal deixaram 80 mortos no centro do país.Em coletiva de imprensa conjunta, líderes cristãos e muçulmanos da Nigéria acusaram os políticos de estimular a violência religiosa no país.O presidente da Associação Cristã, Ayo Oritsjafor, disse que alguns políticos tentavam tornar a Nigéria ingovernável.
Os líderes religiosos se encontraram após pelo menos 80 pessoas morrerem numa série de bombardeios e ataques no centro do país.Segundo a agência nigeriana de gerenciamento emergencial, que diz se basear em informações de hospitais locais, 190 pessoas se feriram nos atentados.Os ataques começaram na noite anterior ao Natal, com explosões próximas à cidade de Jos, que tem sofrido episódios de violência étnica e religiosa nos últimos anos.
Nas horas seguintes, jovens cristãos e muçulmanos passaram a se enfrentar.Na segunda-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou os "atos deploráveis de violência".
Ele enviou condolências às famílias das vítimas e apoiou os esforços do governo para levar os responsáveis à Justiça. O presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, afirmou que o governo investigaria o ocorrido.O presidente da Comissão da União Africana, Jean Ping, também expressou choque e tristeza com a violência.
Bombardeios
Os ataques ocorreram nas cercanias de Jos e na cidade de Maiduguri e sucederam explosões na noite de Natal em vilarejos perto de Jos.Os primeiros bombardeios mataram 32 pessoas e feriram cerca de 70.
Relatos dão conta de que duas bombas explodiram perto de um grande mercado. Um terceiro explosivo atingiu uma área majoritariamente cristã, ao passo que o quarto foi detonado próximo a uma estrada que conduz a uma mesquita.Em seguida, cerca de 30 pessoas atacaram uma igreja em Maiduguri, matando o pastor, fiéis e ateando fogo ao edifício. Outra igreja na cidade foi atacada, e um segurança morreu.Nenhum grupo assumiu a autoria dos ataques.
No domingo, novos confrontos entre grupos armados ocorreram em Jos.
Testemunhas dizem que edifícios foram incendiados e pessoas fugiam enquanto policiais e soldados chegavam.
Ressentimento
Jos tem vivenciado episódios de violência na última década, com confrontos bastante mortíferos em 2001 e 2008.
As tensões advêm de décadas de ressentimento entre camponeses cristãos e muçulmanos que migraram do norte do país há muitas gerações.
Correspondentes afirmam que, embora os confrontos sejam frequentemente atribuídos a divisões religiosas e étnicas, a pobreza e o acesso à terra e a outros recursos são as suas causas principais.
Fonte: Estadão
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