A família do alpinista carioca Bernardo Collares e autoridades argentinas se reuniram neste fim de semana e decidiram: não vai haver resgate e o corpo do carioca vai permanecer no alto do Monte Fitz Roy. Bernardo sofreu um acidente há seis dias quando descia a montanha localizada em El Chaltén, na Patagônia, no extremo sul da Argentina. O resgate foi impossibilitado durante toda a semana pelo mau tempo.
Uma das irmãs do montanhista, Erika Collares, que viajou à Patagônia para acompanhar as tentativas de resgate, participou da decisão. "Que ele fique na montanha. Ele está no local onde sonhou estar. Acho que ele gostaria mesmo de estar lá", afirma Erika à reportagem do Fantástico. Ela conta que era a terceira vez que o alpinista tentava escalar o Fitz Roy. "Ele não conseguia, o tempo é muito difícil", diz.
Com 3,4 mil metros de altura, o Fitz Roy é conhecido por seu clima traiçoeiro, com mudanças bruscas e ventos que chegam a 150 km/h. Com essas condições, uma tentativa de resgate poderia colocar em risco a vida dos envolvidos na operação.
Agora, Erika enfrenta um outro desafio: conseguir o atestado de óbito do irmão. "Eles dizem que não podem me dar porque não tem corpo", explica a irmã do alpinista. Procurado pelo Fantástico, o Itamaraty afirmou ao neste domingo (9) que a emissão do atestado de óbito depende de uma declaração de morte presumida do governo argentino.
Alpinista experiente
No dia 1º de janeiro, os alpinistas cariocas Bernardo Collares e Kika Bradford partiram de El Chaltén para iniciar a escalada do Monte Fitz Roy, considerada como um dos grandes desafios do esporte. Aos 46 anos, Bernardo é considerado um alpinista experiente, com tem 15 anos de prática. Ele é presidente da Federação Carioca de Montanhismo.
Depois de dois dias de expedição, quando faltava 400 metros para chegar ao cume, a dupla foi surpreendida por uma tempestade de neve e desistiu de continuar. Entretanto, no início da descida, a corda que prendia Bernardo se soltou e ele caiu de uma altura de 20 metros, equivalente a um prédio de sete andares. Segundo relatos de Kika, o corpo do carioca teria batido numa pedra a uma velocidade de cerca de 70km/h e ele teria possivelmente quebrado a bacia.
Bernardo teria pedido para que ela descesse e buscasse socorro, mas Kika só conseguiu chegar ao acampamento-base do local dois dias após o acidente. A companheira de escalada de Bernardo continua em El Chaltén, mas permanece em estado de choque e não quer falar com a imprensa. Erika Collares conta que teve um encontro cheio de emoção com a alpinista. "Foi muito forte, fiquei muito emocionada, ela foi a última pessoa que viu meu irmão vivo", diz.
fonte G1
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