quarta-feira, 13 de abril de 2011

Vê se te Enxerga! Duas Naturezas ou uma Vida Dupla?


Acreditamos ser difícil existir alguém que nunca tenha ouvido esta expressão bem popular: “Vê se te enxerga!” É uma expressão usada por alguém que deseja ressaltar as falhas ou os erros de outrem. Frequentemente tem uma conotação depreciativa. Expressões populares à parte, será que realmente nos enxergamos a nós mesmos? Que visão própria temos de nós mesmos e que conceito já construímos a respeito de nossas próprias pessoas e personalidades?

Há instantes atrás, nos deparamos com um artigo na web publicado por um irmão evangélico, artigo esse que procura chamar a atenção sobre o fato de podermos ser pessoas que se apresentam aos outros vestidos com uma imagem que não corresponde à realidade da pessoa que realmente somos. O artigo menciona ainda imagens idealizadas que podemos criar a respeito de nós mesmos e que podem ser usadas como critério de auto-julgamento ou de auto-avaliação. E é precisamente aqui que o solo pode tornar-se perigosamente escorregadio.

Vivemos em um mundo dominado pelo diabo, um mundo hipócrita e extremamente perverso, onde frios assassinos e ladrões vorazes desfilam camuflados de "cidadãos de bem" e posam para fotos com o mais cínico e horripilante dos sorrisos. Um mundo que não vive segundo os princípios do Deus que o criou, mas segundo o engano do usurpador, do ladrão, do mentiroso e homicida, chamado de Satanás. Ora, sendo assim, não é de admirar que se multipliquem, incessantemente e por todos os lados, toda sorte de tramas, de intrigas, de artimanhas e de planos maléficos concebidos em corações onde abundam a ganância e a avareza.

Todavia, o mais assustador de tudo isso é que a chamada “sociedade” cercou-se a si mesma de uma infinidade de padrões de comportamento e de conduta, grande parte deles desesperadamente injustos, e aceita de bom grado em seu seio qualquer um que cumpra ou que pareça cumprir tais comportamentos, independentemente de se tratar de um indivíduo pacificador ou de um sequestrador sanguinário. Este estado de coisas proporciona a oportunidade ideal para que muitas pessoas, senão a maioria, viva uma vida dupla, tenha duas identidades, duas caras. E esta realidade pode ser vista fora e dentro do que o olho humano identifica como Igreja.

Duas Naturezas ou uma Vida Dupla?

Sendo filhos, segundo a carne, de um pai decaído, a saber, Adão, não é nada surpreendente que tenhamos todos uma lista de imperfeições assustadoramente longa e vasta. Como alguém uma vez já disse:

“Se todos soubéssemos o que cada um faz em oculto, ninguém mais se cumprimentaria nas ruas.”

Por mais que nos esforcemos a fim de levar uma vida limpa e cristalina aos olhos de Deus, nada há que possamos fazer para anular nossos muitos erros do passado, senão e tão somente, crermos no evangelho do Senhor Jesus Cristo, como está escrito:

“E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz.” Colossenses 2:13-15

Este trecho bíblico expõe, de modo definitivo e irretocável, a triste realidade do comportamento humano, ao mesmo tempo em que nos dá a única verdadeira esperança com a qual podemos contar, a saber, Jesus Cristo, nosso Salvador.

Se já vivemos, nos referindo aos cristãos, um tremendo conflito interior entre duas naturezas antagônicas, a carne e o espírito, quão mais difícil ainda se tornarão as nossas vidas se, deliberadamente, vivermos uma vida dupla, com duas identidades? Este é o caso onde uma pessoa propositadamente camufla-se a si própria com uma falsa identidade a fim de encobrir comportamentos que lhe rendem ganhos pessoais pecaminosos. O que, diga-se de passagem, nada tem a ver com a enorme lista de delitos que constavam contra nós, a qual foi cancelada pelo Senhor Jesus, na cruz, como nos mostra o trecho bíblico citado acima. Mas tem a ver com uma disposição reprovável de manter um, ou mais de um, tipo de comportamento, às escuras, com o propósito de, como já dito, auferir ganhos pessoais com o pecado. E o pior disso tudo: muitos representam, fingem e procuram se camuflar diante dos olhos do próprio Deus! Claríssimos exemplos disto estão registrados nas Escrituras:

“Ai de vós, fariseus! Porque gostais da primeira cadeira nas sinagogas e das saudações nas praças. Ai de vós que sois como as sepulturas invisíveis, sobre as quais os homens passam sem o saber!” Lucas 11:43,44.

“Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles.” Atos 20:29,30.

Este tipo de comportamento hipócrita se harmoniza perfeitamente com a moral e com a ética deste mundo podre, infestado de répteis de toda espécie. É, precisamente, o tipo de gente que frequenta igrejas aos domingos, participa de almoços de caridade, apóia financeiramente campanhas sociais e que, em oculto, promove ou é cúmplice direto das mais sórdidas tramas e dos mais diabólicos planos a fim de satisfazerem sua ganância, de alimentarem sua inveja e de expressarem seu ódio. São estes também os principais acusadores dos cristãos, fofoqueiros, intriguistas profissionais e armadores de arapucas e de armadilhas contra o próximo. Desfilam diante dos outros como “cidadãos de bem” e, à primeira oportunidade, apontam o erro do vizinho, especialmente se este for um cristão verdadeiro.

Uma Vida Dupla diante de Quem?

Este é o ponto principal deste artigo!
Em nenhum lugar da Bíblia está escrito que devamos sair pelas ruas proclamando nossos próprios erros e pecados, mas sim que temos, como cristãos, a responsabilidade de lutarmos por viver de modo digno do evangelho:

“Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo, para que, ou indo ver-vos ou estando ausente, ouça, no tocante a vós outros, que estais firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica;” Filipenses 1:27

Viver de modo digno do evangelho significa, antes de tudo, imitar a Cristo. E para isto precisamos ser transformados por Deus, o que se dá pela atuação do Espírito Santo em corações que lhe são sujeitos e submissos. É um processo que requer que estejamos total e completamente abertos e rasgados diante de Deus, assumindo nossa verdadeira identidade diante do Senhor, o qual tudo vê e a todos observa. Isto, absolutamente, nada tem a ver com a moral e com a ética deste mundo repugnante, mas sim com o oferecimento a Deus de nossos seres totalmente acessíveis e disponíveis a toda e qualquer sondagem e intervenção da parte de Deus. Significa nos deixarmos destrinchar e dissecar completamente aos olhos do Senhor, nada procurando ocultar aos seus olhos, o que por si só já seria uma impossibilidade, além de uma atitude estúpida. E a identidade que, de coração e de boa consciência, temos diante de Deus, é esta mesma identidade que precisamos mostrar a todos, pois disse o Senhor:

“O que vos digo às escuras, dizei-o a plena luz; e o que se vos diz ao ouvido, proclamai-o dos eirados. Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.” Mateus 10:27,28.

Nossos Pontos Vulneráveis e os Nossos Fracassos Morais Pessoais

Se existe hoje sobre a face da terra algum cristão que jamais tenha fracassado ou que não possua algum ponto mais vulnerável na carne, não somente não conhecemos tal pessoa, bem como não acreditamos será facilmente encontrada pelas mais poderosas sondagens. Por complexos e intricados motivos, tendemos a ser vulneráveis em uma ou outra área de nossas vidas. Uns podem ser mais vulneráveis em questões de ordem financeira, outros no território da sexualidade, outros em comportamentos aditivos (vícios), outros na insubordinação, na ambição, etc. E será precisamente sobre estes pontos mais vulneráveis de nossas vidas que sempre se concentrarão os ataques de Satanás e de seus demônios, frequentemente se utilizando de seres humanos debaixo de sua influência a fim de nos acusarem publicamente deste ou daquele deslize. E, em sendo encontrado o tal deslize, grandemente se contentam os hipócritas, de modo doentiamente sádico e perverso, não atentando eles no que está escrito:

“Portanto, és indesculpável, ó homem, quando julgas, quem quer que sejas; porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas as próprias coisas que condenas. Bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade contra os que praticam tais coisas. Tu, ó homem, que condenas os que praticam tais coisas e fazes as mesmas, pensas que te livrarás do juízo de Deus?” Romanos 2:1-3.

Graças a Deus não nos apresentamos como espetaculares exemplos a ninguém, antes apontamos o exemplo que nós próprios, com dificuldade, vivemos para seguir, e este exemplo é o Senhor Jesus Cristo, o qual nos teve misericórdia e nos perdoou os muitos pecados. Ele que nos salva a todo tempo, em quem depositamos toda a nossa esperança e confiança, pondo-nos diante dele como eviscerados a fim de expormos-lhe todas as nossas entranhas e todos os nossos erros para, por fim, sermos perdoado e restaurados até o ponto de podermos continuar a caminhada para a qual fomos chamados pela muita misericórdia de Deus. Este é o melhor modo de nos defendermos contra a sedução de criarmos para nós mesmos uma identidade fantástica, imaginária e que não corresponde a quem, na verdade, somos.

Se falhamos ou se estamos falhando em algo, ou se algum pecado específico insistentemente nos assedia e se estamos sendo feridos em algum ponto vulnerável de modo a desejarmos até mesmo nos ocultar pelo receio de que nossa ferida seja exposta, o melhor a fazer é, imediatamente, nos pormos de joelhos diante de Deus e, confiantemente, expormos-lhe tudo o que está acontecendo, pois esta atitude é bíblica:

“Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã.” Isaías 1:18 

“Eu já fui Evangélico”

Frequentemente encontramos pessoas que nos dizem isso. E no que pudemos identificar, eram na realidade cristãos autênticos, irmãos em Cristo, amedrontados pelo juízo que outros poderiam fazer a seu respeito caso o vissem cometendo algum pecado e dissessem algo do tipo: “Você é crente e faz estas coisas?”, ou “Você não era crente?”. Ora, não existem ex-filhos de Deus, o que há são falsos cristãos, o que não é o caso aqui. Ou se é cristão ou não se é. E se somos, devemos corajosamente declará-lo diante dos anjos e dos homens, ainda que estejamos em maus lençóis, pois está escrito:

“Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus; mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus.” Mateus 10:32,33.

Se estamos sofrendo derrotas neste ou naquele aspecto de nossas vidas (se estamos cometendo algum pecado), mas mesmo assim perseveramos em nos apresentar diante de Deus como seus filhos e implorando por sua ajuda e socorro, por que temermos confessar o nome do Senhor Jesus Cristo diante dos homens? Acaso vivemos em um mundo de justos, cheio de amor e adornado de misericórdias? Não devemos satisfações a este mundo putrefato, mas a Deus, o único que tem o poder e a autoridade para nos perdoar e justificar em Cristo.

Escândalos

Os escândalos a que a Bíblia se refere, não são os pecados de cristãos que estão lutando corajosamente a fim de se verem livres de comportamentos pecaminosos. Os tais escândalos a que a Bíblia se refere em Mateus 18:7 precisam ser compreendidos corretamente. Vejamos:

“Disse Jesus a seus discípulos: É inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual eles vêm! Melhor fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse atirado no mar, do que fazer tropeçar a um destes pequeninos.” Lucas 17:1,2

Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo!” Mateus 18:7 

A palavra escândalo (no original grego skandalon) significa uma armadilha; algo posto para fazer alguém tropeçar e cair (pecar; se afastar de Deus). E a palavra para tropeçar é skandalizo, que significa colocar uma pedra de tropeço no caminho; seduzir a pecar. Esta mesma palavra foi usada pelo Senhor quando ele repreendeu a Satanás, o qual estava tentando influenciar o apóstolo Pedro:

“Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço (skandalon), porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens.” Mateus 16:23

Notemos, ainda, que o Senhor não diz: “Ai dos meus discípulos que, por amor a mim, estão lutando contra o pecado, e têm fracassado”, mas antes ele diz Ai do mundo, por causa dos escândalos. Isto significa que os tais homens que provocam estes escândalos provém do mundo e serão separados como o joio do trigo:

“Mandará o Filho do Homem os seus anjos, que ajuntarão do seu reino todos os escândalos (skandalon) e os que praticam a iniqüidade e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes.” Mateus 13:41 

Vejamos o que Paulo fala sobre estas pessoas:

“Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos (skandalon), em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles, porque esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos incautos.” Romanos 16:17,18.

Vemos, pois, que estes que cometem os tais escândalos não são cristãos. E o perigo para o cristão é se permitir enganar e enredar por essa gente.

O Caso Jimmy Swaggart

Em 1988, foi tornado público que Jimmy Swaggart estava se envolvendo com prostituição. Todavia, também foram tornadas públicas as suas palavras proferidas diante da Igreja:

“E mais do que tudo, ao meu Senhor e meu Salvador, meu Redentor, Àquele a quem tenho servido e amo e adoro. Eu me prostro aos Seus pés, Ele que me salvou e que me lavou e limpou. Eu pequei contra Ti, meu Senhor. E eu pediria que o Teu precioso sangue me lavasse e limpasse cada mancha, até que isto esteja nos mares do esquecimento de Deus, para que nunca mais seja lembrado contra mim.” (Reverend Jimmy Swaggart: Apology Sermon, delivered 21 February 1988, Family Worship Center, Baton Rouge, LA).

A você que lê este artigo, perguntamos: Estas lhe parecem palavras de alguém que deseja fazer os cristãos tropeçarem? O que ocorreu foi, sem dúvida, um escândalo, mas procurar aplicar o trecho bíblico de Mateus 18:7 a este caso seria torcer o que diz a Bíblia, segundo o entendimento que possuímos. Decorridos 21 anos após o referido episódio, este homem permanece confessando o nome do Senhor Jesus Cristo diante do mundo e pregando o evangelho.

Sejamos Corajosos!

Como verdadeiros servos de Deus, amados por Cristo, enfrentemos os nossos pecados cara a cara! Apresentemo-nos diante de Deus de modo honesto e sincero, submetendo-nos à sua disciplina, se ela se fizer necessária, quando e do modo como o Senhor quiser. Jamais murmuremos, mas assumamos as consequencias de nossos próprios erros e pecados e falhas implorando, humildemente, que o Senhor nos levante e revigore, pois o Senhor Jesus morreu em nosso lugar, pelos nossos pecados, e ressuscitou e está à destra de Deus.

Professemos o bom nome do Senhor Jesus Cristo, confessando diante de todos que nele cremos e que pela fé nele é que vivemos! Não nos amedrontemos diante dos julgamentos e das opiniões de um mundo pervertido, corrupto, injusto e hipócrita. E deixemos Deus nos aperfeiçoar, dia a dia, até que recebamos a redenção de nossas almas! E a nossa luta contra o pecado continuará em pleno curso até que chegue este glorioso dia. Persevere, lute, guerreie e jamais se renda!

“Tu, ó homem, que condenas os que praticam tais coisas e fazes as mesmas, pensas que te livrarás do juízo de Deus? Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento? Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo o seu procedimento: a vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram glória, honra e incorruptibilidade; mas ira e indignação aos facciosos, que desobedecem à verdade e obedecem à injustiça.” Romanos 2:3-8.

“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” Filipenses 1:6



 

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