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Masri, o terrorista suicida do Hamas, com fuzil e o Corão: bomba recheada de pregos |
Foi o pior ataque terrorista desde junho, quando outro homem-bomba matou 21 adolescentes israelenses numa discoteca de Tel-Aviv. Nos últimos dez meses, desde o início da Intifada, a revolta palestina nos territórios ocupados por Israel na guerra de 1967, mais de 650 pessoas já morreram, cerca de 500 palestinos e 150 israelenses. A mensagem contida nessa matança é assustadora: o conflito entre israelenses e palestinos entrou na fase em que cada lado parece ter aceitado a lógica da lei do olho por olho. Os que apertam o gatilho ou acionam bombas agem como se a disputa entre os dois grupos, judeus e palestinos, lhes desse o álibi para cometer assassinatos monstruosos. Foi assim que o Hamas, a milícia islâmica que rivaliza em poder com o líder palestino Yasser Arafat, justificou o atentado na pizzaria. O massacre não passou, na lógica dos fanáticos, de uma vingança pela morte de oito palestinos na cidade de Nablus, no fim do mês passado. Militantes do Hamas, eles foram assassinados pelo Exército israelense em obediência à política de perseguir e matar palestinos suspeitos de envolvimento com terrorismo. A estratégia de causar perdas sangrentas é popular em ambos os lados. Na cidade palestina de Ramallah e nos campos de refugiados do Líbano, centenas de palestinos foram às ruas comemorar a matança na pizzaria, como se fosse uma vitória no futebol.
Fotos AFP | Fotos AFP |
Vítima da bomba na pizzaria: seis crianças e um brasileiro entre os mortos | Palestinos festejam o assassinato |
O resultado da desilusão mútua é a rotina de ataques e contra-ataques. Em resposta ao atentado na pizzaria, o Exército de Israel bombardeou o quartel-general das tropas de elite de Arafat e ocupou prédios públicos, inclusive a Orient House, a embaixada informal da Autoridade Palestina. A ocupação dos imóveis foi um recado mais pesado que o bombardeio: significou o desmantelamento, ainda que temporário, dos símbolos de um futuro Estado palestino na cidade que os palestinos querem como capital. No momento, ninguém sabe como interromper o ciclo de violência. A opinião dominante é que o processo de paz está morto. A única esperança é chegar a um cessar-fogo que dê tempo para a ação dos negociadores. Todas as tentativas de calar as armas foram até agora infrutíferas. Com tantas matanças, ninguém acredita que israelenses e palestinos possam ter uma convivência fraternal. Na situação atual, o máximo que se pode esperar é que eles cheguem, um dia, a conviver sem matar uns aos outros.
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