Duas pequenas aldeias da comunidade cristã que
habita em Israel estão ensinando aramaico, num ambicioso esforço para reviver a
língua que Jesus falava, séculos depois de ela ter praticamente desaparecido do
Médio Oriente.
O
novo foco na língua dominante na região há 2 mil anos atrás conta com a pequena
ajuda da tecnologia moderna: um canal de TV em língua aramaica transmitido a
partir da Suécia, onde uma vibrante comunidade de imigrantes tem mantido viva
esta língua.
Na
aldeia palestiniana de Beit Jala, uma geração mais velha de pessoas que falam
aramaico está tentando partilhar a língua com os seus netos. Beit Jala está ao
lado de Belém, onde segundo o Novo Testamento o Messias Jesus nasceu.
Também na aldeia
árabe israelita de Jish, situada nos montes da Galiléia, onde Jesus viveu e
pregou, as crianças da escola primária estão a ser instruídas em aramaico. As
crianças pertencem maioritariamente à comunidade cristã maronita. Os maronitas
ainda declamam a sua liturgia em aramaico, mas poucos entendem as suas orações.
"Queremos
falar a língua que Jesus falava" - disse Carla Hadad, uma menina de 10 anos
de Jish, que constantemente movia os seus braços para responder às questões em
aramaico feitas pela professora Mona Issa durante uma aula recente.
"Nós
costumávamos falar esta língua há muito tempo atrás" - acrescentou,
referindo-se aos seus ancestrais. Durante a aula, uma dezena de crianças
pronunciaram uma oração cristã em aramaico. Aprenderam também as palavras
"elefante", "como está?" e "montanha" em aramaico. Algumas crianças desenharam
cuidadosamente letras aramaicas bastante pontiagudas.
O dialeto
ensinado em Jish e Beit Jala é o "siríaco", que era falado pelos seus
antepassados cristãos e que se assemelha ao dialecto galileu que Jesus teria
usado, segundo a opinião de Steven Fassberg, um perito no aramaico na
Universidade Hebraica de Jerusalém.
"Eles talvez
se conseguissem compreender uns aos outros" - disse Fassberg.
80 crianças
desde o 1º ao 5º graus estudam aramaico em Jish como matéria voluntária durante
duas horas por semana. O Ministério da Educação de Israel providenciou fundos
para acrescentar classes até ao 8º grau.
Alguns
residentes de Jish fizeram lobby há alguns anos atrás para que realizassem
estudos de aramaico - informou o porta voz Khatieb-Zuabi - mas a idéia encontrou
resistência: os muçulmanos de Jish, preocuparam-se que essa fosse uma forma
"encapotada" de aliciar as suas crianças para o cristianismo. Alguns cristãos
objectaram, dizendo que a ênfase na sua
língua ancestral estava sendo usada para os roubar da sua identidade árabe. A
questão é sensível para muitos árabes muçulmanos e cristãos em Israel, que
preferem ser identificados pela sua etnia e não pela sua fé religiosa.
Mais
recentemente, Khatieb-Zuabi, um muçulmano secular de uma outra aldeia, conseguiu
"vencer a causa":
"Esta é a
nossa herança e cultura colectiva. Devemos celebrá-la e estudá-la" -
afirmou o professor. E assim, segundo informações do Ministério da Educação, a
Escola Primária de Jish tornou-se na única escola pública de Israel a ensinar
aramaico.
Os seus esforços
estão também espelhados na escola de Beit Jala, a Mar Afram, dirigida
pela Igreja Ortodoxa Síria e localizada a escassos quilómetros da Praça da
Manjedoura, em Belém.
Os sacerdotes
têm ali ensinado a língua aramaica aos seus 320 alunos durante os últimos cinco
anos. Cerca de 360 famílias na região descendem de refugiados de língua aramaica
que nos anos 20 fugiram da região de Tur Abdin, naquilo que é hoje a Turquia.
O sacerdote
Butros Nimeh informou que os anciãos ainda falam a língua, mas que a mesma se
esvaiu entre as gerações mais novas. Nimeh disse que eles esperam que ao
ensinarem a língua, as crianças venham a apreciar as suas raízes.
Apesar de tanto
a Igreja Ortodoxa Síria como a Maronita cultuarem em aramaico, são dois grupos
religiosos distintos.
Os Maronitas
compõem a Igreja cristã dominante no vizinho Líbano, mas são apenas uns poucos
milhares dentre os 210.000 cristãos que vivem na Terra Santa, Israel. Da mesma
forma, os cristãos ortodoxos sírios não passam dos 2.000 na Terra Santa -
informou Nimeh. No total, vivem em Israel cerca de 210 mil cristãos.
Ambas as escolas
encontram inspiração e assistência num local inesperado: a Suécia. É lá, na
Suécia que comunidades de fala aramaica oriundas do Médio Oriente estão a tentar
manter viva a sua língua.
Ali eles
publicam um jornal, o "Bahro Suryoyo", panfletos e livros infantis,
incluindo "O Pequeno Príncipe" e mantêm uma estação de TV, a
"Soryoyosat" - informou Arzu Alan, a representante da Federação Siríaca
Aramaica da Suécia.
Há uma equipa de
futebol aramaica também na Suécia. Estima-se entre 30 a 80 mil os que falam
aramaico.
Para muitos
cristãos maronitas e ortodoxos sírios que vivem em Israel, foi a estação de
televisão em especial que lhes deu a primeira oportunidade de ouvirem a língua
aramaica fora da igreja, desde há décadas. Ouvir a língua num contexto moderno
inspirou-os a tentarem reviver a língua nas suas comunidades.
"Quando
ouvimos (a língua), podemos falá-la" - disse Issa, a
professora.
Os dialetos
aramaicos foram falados na região desde há 2.500 anos atrás, até ao século 6º,
quando o árabe, a língua falada pelos conquistadores muçulmanos da península
arábica se tornou a língua dominante.
Alguma "ilhas"
linguísticas sobreviveram: os maronitas agarraram-se à liturgia na
língua aramaica, e o mesmo aconteceu com a Igreja ortodoxa síria. Os judeus
curdos que viviam na ilha fluvial de Zakho falavam um dialeto aramaico chamado
"Targum" até à sua fuga para Israel nos anos 50. Três aldeias cristãs
na Síria ainda falam um dialecto aramaico.
Com poucas
oportunidades para praticar a antiga língua, os professores em Jish têm acalmado
as expectativas. Mas esperam poder pelo menos reviver uma compreensão da língua
falada pelo Messias de Israel.
Shalom!
OREMOS POR ISRAEL.
VIA GRITOS DE ALERTA
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