quinta-feira, 15 de maio de 2014

Síndrome de alienação parental leva crianças à depressão

O divórcio não é uma situação agradável para nenhuma família. Apesar de não ser o ideal, faz parte da realidade de muitas crianças. O problema é quando há uma disputa dos pais em relação aos pequenos.
 
Viver em duas casas diferentes não é um desafio, mas viver no meio de uma disputa, pode causar graves problemas no desenvolvimento emocional da criança. É o caso de um quadro chamado Síndrome da Alienação Parental.
 
 
"Essa alienação consiste em um processo em que um dos cônjuges prepara a criança para que ela não aceite mais o outro", explica a psicanalista Priscila Gasparini, da Universidade de São Paulo (USP).
 
Este processo ocorre normalmente quando um dos pais não aceita bem o divórcio e usa a criança como arma. Começa a falar mal do outro genitor, para afastá-lo de seu filho. Para você entender um pouco mais do caso, veja a opinião de alguns especialistas:
 
 
Como o pai excluído pode detectar a síndrome?
 
A primeira reação da criança que está sofrendo com a síndrome de alienação parental vai ser se afastar do outro genitor. "Ela não quer mais ver o pai, fica receosa em cruzar com ele ou ela, se afasta e não cria vínculos, não se sente mais a vontade na presença daquela pessoa, pois é passado para ela que seu pai é alguém malvado", descreve o pediatra Marcelo Reibscheid, do Hospital e Maternidade São Luiz. Conforme o pai for percebendo o afastamento, ele pode então pensar em que atitude tomar quanto a isso.
 
 
O que fazer para parar com o processo?
 
Em primeiro lugar, deve-se conversar com seu ex-cônjuge para tentar entender melhor o que está acontecendo e o que o motiva a ter esse tipo de atitude, pedindo para que ele pare. Caso isso não dê resultado, existem providências legais que o pai excluído pode tomar. "Ele deve entrar em contato com um advogado, para evitar perder o vínculo judicialmente, e aproveitar esse tempo para conversar com a criança e trabalhar isso", frisa a psicanalista Priscila Gasparini. Em muitos casos, se for dada a entrada em um processo alegando alienação parental e isso for confirmado por laudo de um psicólogo, o genitor alienante pode perder a guarda da criança, que será passada ao outro pai ou aos avós, caso a relação entre pai e filho esteja muito desgastada.
 
 
Como é possível se reaproximar do filho?
 
Em casos mais leves ou quando as mentiras estão bem no começo, o pai pode explicar seu lado para a criança. Quando o vínculo anterior entre eles era bem forte, o filho tende a sondar e até mesmo perguntar diretamente ao pai se a informação passada para ele é verdadeira. É importante também que ele reforce a aproximação, e existem diversas formas de fazer isso. "Pode-se buscar a criança para passear, participar da vida dela, fazerem juntos algum projeto da escola, por exemplo. Tudo isso é benéfico para a criança ver que ele se interessa pelo mundo dela", lista a psicanalista Priscila.
 
Por outro lado, algumas atitudes do pai excluído podem aumentar ainda mais o afastamento. "Começar a bater boca com o outro cônjuge em frente à criança e ter reações agressivas pode atrapalhar, pois confirmam as acusações feitas pelo outro", adverte o pediatra Marcelo. Colocar outras pessoas nesses momentos iniciais de recriação do vínculo também pode atrapalhar, afinal esse momento precisa ser primeiro do pai com o filho. Um exemplo são homens que querem apresentar sua nova namorada para as crianças, mas a mãe pode estar falando mal de ambos para elas, dizendo que ela "roubou o papai de nós".
 
 
Que consequências isso traz para a criança?
 
São diversos os malefícios que isso pode causar no pequeno. "Os pais normalmente são heróis para criança, e nessa situação eles perdem uma de suas referências e modelos", assinala o pediatra Marcelo. A criança certamente ficará triste com a situação e decepcionada, até tem maiores chances de desenvolver quadros de doenças emocionais no futuro. "O que eu mais percebo durante a infância ainda é o desenvolvimento de quadros depressivos ou de ansiedade, ou até mesmo o agravamento de Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)", exemplifica o especialista. Mesmo na idade adulta, elas têm maiores riscos de apresentarem esse tipo de problema.
 
 
Como pessoas próximas podem perceber o problema?
 
Principalmente, parentes e professores. "Os avós podem sentir a ausência e ajudar a buscar, ligar e reafirmar essa questão, afinal não é apenas um dos pais que é afastado nessas situações, mas toda a família", ressalta a psicanalista Priscila. No caso de pessoas próximas, que não sabem o que acontece no cotidiano de casa da criança, é possível observar mudanças de comportamento. "Ansiedade, depressão, angústia e até mesmo agressividade, dependendo da idade, podem sinalizar esse problema", reitera a profissional.
 
 
Como fica a relação familiar no futuro?
 
Diversos quadros são possíveis. Se o que o pai disse não foi muito grave, a reconciliação pode ser bem mais simples. Em alguns casos o cônjuge alienante pode fazer acusações falsas como a de abuso sexual à criança, o que causa um desgaste imenso na relação. Quando o caso vai ao tribunal, o filho normalmente é levado a um acompanhamento psicológico, justamente para entender o que era verdade e o que era mentira no que lhe foi contado.
 
E no caso do pai alienante? "O tratamento psicológico feito com a criança aponta a situação como uma deficiência desse pai, para tentar não piorar a situação. O contato com esse genitor é menor e muitas vezes feito com acompanhamento de assistente social", ensina a psicanalista Priscila.
 
 
O pai alienante tem consciência do mal que está fazendo?
 
Normalmente não. É muito raro que um pai queira fazer mal ao próprio filho, ele normalmente só percebe que está prejudicando o antigo parceiro. "Em geral a pessoa está lidando mal com o término, ela fica com o emocional aflorado e o foco é si mesma. Quer resolver ela seus problemas, custe o que custar", analisa a psicanalista Priscila Gasparini. Por isso, muitas vezes conversa e um acompanhamento psicológico podem fazer com que esse pai perceba o mal que fez e mude seu comportamento.
 
 
Raquel Tenuta – Redação iGospel
Fonte: Minha Vida

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