segunda-feira, 4 de maio de 2015

Ao menos 214 mulheres e meninas libertadas do Boko Haram estão grávidas


Ao menos 214 mulheres e meninas libertadas do Boko Haram estão grávidas
Pelo menos 214 mulheres e meninas resgatadas do Boko Haram nesta semana estão grávidas, contou o direitor executivo do Fundo para Populações da ONU, Babatunde Osotimehin. Na última semana, forças nigerianas conseguiram libertar mais de 700 pessoas em uma ofensiva contra o grupo radical islâmico.
Enquanto Osotimehin informou que elas precisam de ajuda médica e psicológica urgente, relatos dimensionaram um pouco do terror vivido. Ex-reféns afirmaram que algumas de suas companheiras foram estupradas e apedrejadas até a morte por extremistas enquanto o Exército da Nigéria se aproximava para tentar resgatá-las.
"Me converteram em objeto sexual. Faziam turnos para se deitar comigo. Estou grávida e não sei quem é o pai", contou Asabe Aliyu, de 23 anos.
Outras sobreviventes disseram que os militantes islâmicos nunca as deixavam longe de suas vistas, nem mesmo para irem ao banheiro.
"Eles não nos permitiam mover nem centímetros. Tínhamos que ficar em um só lugar. Comíamos farinha de milho. Cada dia alguma morria, e só esperávamos que chegasse nossa vez", contou uma das mulheres, Asabe Umaru, à agência de notícias Reuters
Sem precisar o número de óbitos, as mulheres contaram ainda que alguns reféns morreram acidentalmente pelos militares durante a operação. De acordo com a sobrevivente Asama Umoru, os soldados não teriam percebido “a tempo que não éramos os inimigos” e algumas mulheres e crianças foram “atropeladas por seus caminhões”.
Mortes em frente à família
Segundo as ex-prisioneiras, antes de capturarem mulheres e crianças, os militantes mataram homens e meninos mais velhos na frente de suas famílias. Algumas foram obrigadas a se casar com extremistas. Lami Musa, de 27 anos, porém, conseguiu escapar de uma união forçada após os extremistas descobrirem que ela estava grávida.
"Quando eles perceberam que eu estava grávida, disseram que eu estava impregnada por um infiel (seu marido) e o mataram" contou.
As mulheres tinham direito a apenas uma refeição por dia e esperavam o dia em que poderiam ser a próxima vítima.
"Comíamos somente milho seco à tarde. Não era bom para o consumo humano", relatou Cecilia Abel à Reuters.
"Todos os dias, testemunhamos a morte de uma de nós e esperávamos pela nossa vez", acrescentou Umaru, de 24 anos.
Algumas das crianças eram “apenas pequenos corpos esqueléticos”, descreveu o repórter Michelle Faul, da agência AP, depois de visitar o acampamento para onde os sobreviventes foram levados.

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