Publicado recentemente pela revista Eclésia as projeções sobre o futuro do Brasil quanto à religião indicam que o maior país católico do mundo na atualidade, se tornará evangélico em poucos anos.
O expressivo número realmente impactou e acabou sendo repercutido pela imprensa, por emissoras de rádio e de televisão e por blogs e sites de discussão na internet.
Segundo a Eclésia, as previsões para 2020, é de que mais da metade dos brasileiros pertençam a alguma Igreja protestante. Estima-se que o número de evangélicos no Brasil em pouco mais de uma década, atinja a marca dos 105 milhões de pessoas.
“A continuar a taxa de crescimento que os evangélicos tiveram nas últimas décadas, no final deste ano, 25,4% de um total de 196,5 milhões de brasileiros, ou seja, quase 50 milhões serão evangélicos. Já em 2020, metade da população será protestante,” observou a matemática e crente presbiteriana Eunice Stutz Zillner, do Ministério Apoio com Informação (MAI), responsável por análises e projeções no campo religioso.
O fenômeno do crescimento evangélico pode ser visto como um avivamento. Entretanto, muitos não aceitam tal interpretação, visto que, para um avivamento o aumento quantitativo não é suficiente, mas é preciso também o qualitativo. De uma certa maneira, o Brasil parecer ir a passos largos para se tornar uma nação de maioria evangélica, em um futuro bem próximo.
Eunice e o marido, o engenheiro eletrônico Marcos Zillner, são missionários e pretendem que os números estimulem as Igrejas a evangelizarem – nada de ser tendencioso ou enveredar pela empolgação dos líderes denominacionais e seus números “evangelásticos.”
As projeções do MAI têm como ponto de partida os censos periódicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pelo levantamento de 1991, por exemplo, os evangélicos eram 13 milhões na época ou 8,9% da população brasileira. Nove anos depois, em 2000, os evangélicos dobraram de tamanho e passaram a ser 26,1 milhões, 15,45%.
“Tudo bem que a tendência mais para frente é que esse aumento venha a se estabilizar. Mas, levando em conta a taxa de crescimento anual dos evangélicos, que é mais de três vezes o da população do país, podemos dizer que hoje um em cada quatro brasileiros é protestante,” confirma Eunice. Nesse contexto, crescem sobretudo as denominações neopentecostais.
Segundo os especialistas ouvidos pela semanal época, a revista que fez inicialmente a projeção sobre o futuro do país, uma quantidade tão expressiva de pessoas transformadas pela Palavra de Deus não leva a crer que haverá um forte impacto na sociedade brasileira. Para a antropóloga Christina Vital, do Instituto de Estudos da Religião (ISER), a flexibilidade e a adoção de regras menos rígidas é a razão do exponencial crescimento evangélico.
“Enquanto os Católicos não aceitam coisas como a camisinha, os Evangélicos adaptam-se aos costumes da sociedade. Há Igrejas que aceitam gays, por exemplo. Essa tendência deve continuar,” prevê ela.
Ainda de acordo com os estudiosos da matéria, a potencialidade numérica também não garantirá que um presidente evangélico seja eleito, já que tradicionalmente a representação política no Congresso fica bem aquém da porcentagem de crentes na população. O Brasil também será muito diferente dos Estados Unidos, onde a moral conservadora é parte essencial da crença e do culto.
“A religião foi abrasileirada. Não tem um foco tão grande no moralismo,” analisa o antropólogo Ari Pedro Oro, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Os especialistas acreditam que o aumento da população protestante levará ainda à diminuição do consumo de álcool, com a oposição costumeira dos crentes, e ao aumento da escolaridade, já que as crianças são incentivadas a ler a Bíblia.
Com relação à violência, continuará havendo tolerância e o motivo para se acreditar nisso está nas favelas do Rio de Janeiro, onde pastores e traficantes convivem bem. Apesar do tráfico permanecer, há respeito para com os religiosos e os bandidos atendem apelos eventuais.
“A Igreja evangélica desprovida da ética cristã não consegue impactar a sociedade. Aliás, não precisamos esperar o futuro para ver o que acontecerá. Podemos observar hoje. Décadas atrás, falávamos em católicos nominais. Agora, já temos os evangélicos nominais, aqueles que frequentam os cultos apenas atrás de bênçãos. Sem querer generalizar, mas vivemos uma crise de conversões no Brasil, já que vemos quase somente adesões,” alerta o pastor e pesquisador Paulo Romeiro, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.
Para ele, aqueles que usam a mídia para anunciar uma mensagem de salvação são raros e a situação só mudará quando esses líderes mais éticos tenham maior visibilidade.
“A justiça, em todos os seus sentidos, não é mais preocupação de grande parte da Igreja cristã. Em parte, isso ocorre porque não há uma estrutura de poder que coíba abusos e manipulação de um líder carismático que manda sozinho lá no topo, coisa muito comum nessas denominações que mais crescem. Está na hora do trigo aparecer, para que a sociedade veja a diferença.”
(Me recordo que a mais ou menos 30 anos a traz , em quanto eu estudava no seminário quadrangular em São Paulo , já conversávamos dizendo que o Brasil seria o celeiro do mundo e isso esta se confirmando. Pastor Roberto Torrecilhas)
Cristian Post.
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