Com 10% da população, coptas constituem uma das principais minorias cristãs do mundo árabe; igreja vem do século 1º .
O ataque suicida a uma igreja copta em Alexandria (norte do Egito), na noite de Ano-Novo, jogou luz sobre uma das maiores comunidades cristãs do Oriente Médio, que se sente marginalizada.
O atentado, que deixou 21 mortos, teve como objetivo declarado abalar a delicada relação entre os muçulmanos do país (90%) e os coptas (9%), uma vertente local do cristianismo ortodoxo que data do primeiro século depois de Cristo.
Fundada pelo evangelista Marcos, a igreja cresceu separada do Vaticano e tem seu próprio papa. No mundo, possui 20 milhões de seguidores, metade no Egito.
A minoria copta reclama de enfrentar dificuldades em simples processos burocráticos. A licença para construir uma igreja, por exemplo, precisa ser assinada pelo presidente do país.
Para erguer uma mesquita, em compensação, o processo pode ser autorizado por um funcionário de escalão mais baixo.
Essa discrepância gerou protestos violentos dos coptas no final do ano passado para exigir mais equidade nas leis governamentais.
Os representantes cristãos em cargos políticos também são poucos -dos 32 ministros do ditador Hosni Mubarak, apenas dois são coptas.
"Sofremos discriminação na política e no dia a dia. Nas orações nas mesquitas, às vezes ouço pelos alto-falantes menções ofensivas a nós. No entanto, temos a nossa parcela de culpa. Reclamamos que não temos chance, mas quando um copta consegue se candidatar ao governo, por exemplo, são poucos os que vão votar", afirma o padre copta Bishoy Kamel.
Outro fiel da religião, o contador George Naime, compartilha da mesma opinião.
"Muita coisa precisa melhorar, mas não podemos ficar reclamando. Temos que pensar que, antes de sermos cristãos ou muçulmanos, somos egípcios e precisamos agir em conjunto."
Morador de Alexandria, no dia do atentado Naime ligou para amigos muçulmanos e, em uma semana, conseguiu arrecadar 20 mil libras egípcias (R$ 6.000) para ajudar na recuperação das pessoas feridas.
Nas redes sociais, os jovens egípcios estão buscando fortalecer a mensagem de uma só nação, independente de opção religiosa.
No status de alguns usuários, encontrava-se a frase: "Minha religião é egípcio".
Para o copta Mina George, 20, essa é uma oportunidade para fortalecer o conceito de nação e diminuir a influência religiosa no país.
Para professor, sectarismo é "marcante"
Para Michael Reimer, da Universidade Americana no Cairo, existem períodos de aumento da tensão entre coptas e muçulmanos.
Folha - Como o sr. analisa a relação entre as duas comunidades?
Michael Reimer - As duas religiões coexistiram pacificamente durante quase toda a história, mas existem períodos de aumento da tensão sectária. Os anos 70 foi um deles. Houve o crescimento do movimento islâmico, definindo o Egito como uma sociedade muçulmana.
Como fica a situação dos cristãos nesse cenário?
Significa que cristãos são julgados como egípcios menos autênticos. Alguns afirmam o oposto: que representam a população nativa, infiltrada pelos muçulmanos árabes [no século 7].
Além disso, os cristãos reclamam de discriminação em empregos, por exemplo.
E a reação muçulmana?
Tem aumentado a crença de que cristãos não são confiáveis, são ligados a estrangeiros que querem manipular o islã. Isso encoraja reações agressivas. [...] O sectarismo é marcante no país. Todos sabem quem é muçulmano ou cristão, até pelo nome.
Fonte: Folha de São Paulo
O ataque suicida a uma igreja copta em Alexandria (norte do Egito), na noite de Ano-Novo, jogou luz sobre uma das maiores comunidades cristãs do Oriente Médio, que se sente marginalizada.
O atentado, que deixou 21 mortos, teve como objetivo declarado abalar a delicada relação entre os muçulmanos do país (90%) e os coptas (9%), uma vertente local do cristianismo ortodoxo que data do primeiro século depois de Cristo.
Fundada pelo evangelista Marcos, a igreja cresceu separada do Vaticano e tem seu próprio papa. No mundo, possui 20 milhões de seguidores, metade no Egito.
A minoria copta reclama de enfrentar dificuldades em simples processos burocráticos. A licença para construir uma igreja, por exemplo, precisa ser assinada pelo presidente do país.
Para erguer uma mesquita, em compensação, o processo pode ser autorizado por um funcionário de escalão mais baixo.
Essa discrepância gerou protestos violentos dos coptas no final do ano passado para exigir mais equidade nas leis governamentais.
Os representantes cristãos em cargos políticos também são poucos -dos 32 ministros do ditador Hosni Mubarak, apenas dois são coptas.
"Sofremos discriminação na política e no dia a dia. Nas orações nas mesquitas, às vezes ouço pelos alto-falantes menções ofensivas a nós. No entanto, temos a nossa parcela de culpa. Reclamamos que não temos chance, mas quando um copta consegue se candidatar ao governo, por exemplo, são poucos os que vão votar", afirma o padre copta Bishoy Kamel.
Outro fiel da religião, o contador George Naime, compartilha da mesma opinião.
"Muita coisa precisa melhorar, mas não podemos ficar reclamando. Temos que pensar que, antes de sermos cristãos ou muçulmanos, somos egípcios e precisamos agir em conjunto."
Morador de Alexandria, no dia do atentado Naime ligou para amigos muçulmanos e, em uma semana, conseguiu arrecadar 20 mil libras egípcias (R$ 6.000) para ajudar na recuperação das pessoas feridas.
Nas redes sociais, os jovens egípcios estão buscando fortalecer a mensagem de uma só nação, independente de opção religiosa.
No status de alguns usuários, encontrava-se a frase: "Minha religião é egípcio".
Para o copta Mina George, 20, essa é uma oportunidade para fortalecer o conceito de nação e diminuir a influência religiosa no país.
Para professor, sectarismo é "marcante"
Para Michael Reimer, da Universidade Americana no Cairo, existem períodos de aumento da tensão entre coptas e muçulmanos.
Folha - Como o sr. analisa a relação entre as duas comunidades?
Michael Reimer - As duas religiões coexistiram pacificamente durante quase toda a história, mas existem períodos de aumento da tensão sectária. Os anos 70 foi um deles. Houve o crescimento do movimento islâmico, definindo o Egito como uma sociedade muçulmana.
Como fica a situação dos cristãos nesse cenário?
Significa que cristãos são julgados como egípcios menos autênticos. Alguns afirmam o oposto: que representam a população nativa, infiltrada pelos muçulmanos árabes [no século 7].
Além disso, os cristãos reclamam de discriminação em empregos, por exemplo.
E a reação muçulmana?
Tem aumentado a crença de que cristãos não são confiáveis, são ligados a estrangeiros que querem manipular o islã. Isso encoraja reações agressivas. [...] O sectarismo é marcante no país. Todos sabem quem é muçulmano ou cristão, até pelo nome.
Fonte: Folha de São Paulo
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