quarta-feira, 20 de julho de 2011

Porque onze dos doze apóstolos morreram como mártires por Cristo?







Um aspecto da questão que muitas vezes é negligenciado em contestações feitas ao cristianismo é a transformação dos apóstolos de Jesus. Aquelas vidas transformadas constituem um sólido testemunho em favor da validade de suas declarações. E como a fé cristã é histórica, se desejarmos investigá-la, teremos que nos apoiar grandemente em testemunhos tanto orais como escritos.


Existem muitas definições de "História", mas a de que mais gosto é a seguinte: "Um conhecimento do passado baseado em testemunhos." Se alguém diz: "Não penso que esta definição seja muito boa", eu pergunto: "Você acredita que Napoleão existiu?" E a resposta é sempre "sim". "Você já o viu alguma vez?" indago. E a pessoa confessa que não. "Então como é que você sabe que ele viveu?" Bem, a verdade, é que as pessoas estão confiantes em testemunhos de terceiros.

Esta definição de história apresenta um problema inerente. O testemunho tem de ser digno de crédito, senão o ouvinte estará sendo enganado. O cristianismo implica num conhecimento do passado baseado em testemunhos; então devemos perguntar: "Será que os testemunhos originais acerca de Jesus eram merecedores de fé? Podemos confiar em que os seguidores de Jesus transmitiram com correção o que ele disse e fez?" Creio que podemos.

Confio no testemunho dos apóstolos porque, dos doze, onze tiveram morte de mártir, por causa de dois fatos: a ressurreição de Cristo e sua crença nele como Filho de Deus. Eles foram torturados e flagelados, e , por fim, tiveram que enfrentar a morte por métodos de execução dentre os mais cruéis então conhecidos:

  1. Pedro: crucificado

  2. André: crucificado

  3. Mateus: morte pela espada

  4. João: morte natural

  5. Tiago, filho de Alfeu: crucificado

  6. Filipe: crucificado

  7. Simão: crucificado

  8. Tadeu: morto a flechadas

  9. Tiago, irmão de Jesus: apedrejado

  10. Tomé: trepassado por uma lança

  11. Bartolomeu: crucificado

  12. Tiago, filho de Zebedeu: morte pela espada

 A resposta que geralmente recebo em rebatida é a seguinte: "Ora. , muitas pessoas já morreram por causa de uma mentira; o que isto prova?"

Sim, muitas pessoas já morreram por causa de mentiras, mas eles pensavam tratar-se de uma verdade. Ora, se a ressurreição de Jesus não ocorreu (isto é, se é falsa), os discípulos sabiam disso. Não sei como poderiam estar enganados a esse respeito. Portanto, estes onze homens não somente morreram em defesa de uma mentira – e aqui é que está o x da questão – mas eles sabiam que era mentira. Seria difícil encontrar onze pessoas, na História, que estivessem dispostas a morrer em defesa de uma mentira, sabendo que era mentira.

Precisamos estar a par de vários fatores para apreciar melhor os feitos deles.

Primeiro, sempre que os apóstolos escreviam ou falavam, eles o faziam como testemunhas oculares dos eventos que descreviam.

Pedro disse: "Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, segundo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares de sua majestade." (2 Pedro 1.16) Eles sabiam claramente a diferença que havia entre o mito, a lenda e a realidade.

João enfatizou este aspecto de testemunho ocular do conhecimento dos judeus: "O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida ( e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vô-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada), o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós igualmente mantenhais comunhão conosco." (1 João 1.1-3)

Lucas declarou: "Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas oculares, e ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem." (Lucas 1.1-3)

Depois, no livro de Atos, Lucas descreveu aquele período de quarenta dias que se seguiu à ressurreição de Cristo e em que seus seguidores o observaram de perto. "Escrevi o primeiro livro... relatando todas as cousas que Jesus fez e ensinou, até ao dia em que, depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas. A estes também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das cousas concernentes ao reino de Deus" (Atos 1.1-3)

João iniciou a última parte de seu Evangelho dizendo que "fez Jesus diante dos discípulos mujitos outros sinais que não estão escritos neste livro." (João 20.30)

O principal assunto destas testemunhas oculares dizia respeito à ressurreição. Os apóstolos testemunharam sua nova vida após a morte:

  • Lucas 24.48

  • João 15.27

  • Atos 3.15

  • Atos 4.33

  • Atos 1.8

  • Atos 2.24,32

  • Atos 10.41

  • Atos 13.31

  • 1 Coríntios 15.4-9

  • 1 Coríntios 15.15

  • Atos 5.32

  • Atos 10.39

  • 1 João 1.2

  • Atos 23.11

  • Atos 22.15

  • Atos 26.16

Em segundo lugar, os próprios apóstolos tiveram que ser convencidos de que Jesus ressuscitara dentre os mortos. A princípio eles não aceitaram. Foram esconder-se (Marcos 14.50). E não hesitaram em expressar suas dúvidas. Foi somente após terem obtido evidências plenas e convincentes que eles passaram a acreditar no fato. Houve também o caso de Tomé, que disse que não acreditaria que Cristo surgira dentre os mortos enquanto não pusesse os dedos nas marcas dos cravos. Mais tarde, Tomé iria morrer como mártir, por causa de Cristo. Será que ele estava enganado? Ele deu a vida para provar que não estava.

E também houve Pedro. Ele negou a Cristo várias vezes durante o julgamento deste. Por fim, ele abandonou o Senhor. Mas algo aconteceu àquele homem covarde. Pouco tempo depois da crucificação e sepultamento de Cristo, Pedro apareceu em Jerusalém pregando corajosamente, sob ameaça de morte, que Jesus era o Cristo e que ressuscitara. E afinal, o próprio Pedro foi crucificado também, de cabeça para baixo. Será que ele estava enganado? O que acontecera com ele? O que o transformara tão drasticamente, tornando-o num leão audacioso, por Jesus? Por que ele estava disposto a morrer por Cristo? A única explicação satisfatória que encontro é a de 1 Coríntios 15.5: "E apareceu a Cefas (Pedro)" (de acordo com João 1.42).

O exemplo clássico de um homem convencido contra a vontade foi o de Tiago, o irmão de Jesus (Mateus 13.55, Marcos 6.33). Embora não fosse um dos doze apóstolos (Mateus 10.2-4), mais tarde ele seria reconhecido como apóstolo (Galátas 1.19), como também Paulo e Barnabé (Atos 14.14). Quando Jesus estava vivo, Tiago não acreditava que seu irmão Jesus fosse o Filho de Deus (João 7.5). Ele, assim como seus irmãos e irmãs, havia zombado dele. "Você quer que acreditem em você? Por que não vai para Jerusalém, e se manifesta lá?" Para Tiago, deve ter sido uma grande humilhação ver Jesus andando pelo país lançando a vergonha sobre o nome da família, por causa de suas loucas declarações: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida: ninguém vem ao Pai, senão por mim" – João 14.6; "Eu sou a videira, vós o ramos" --João 15.15; "Eu sou o bom pastor: conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim" – João10.14. O que você pensaria se um irmão seu dissesse tais coisas?

Mas algo aconteceu a Tiago. Depois que Jesus foi crucificado e sepultado, Tiago apareceu pregando em Jerusalém. Sua mensagem era de que Jesus morrera pelos pecados do mundo, ressurgira outra vez e estava vivo. Mais tarde, ele se tornou um dos líderes da Igreja de Jerusalém, e escreveu um livro, a Epístola de Tiago. Ele a inicia da seguinte maneira: "Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo." Seu irmão. Por fim, ele sofreu morte de mártir, apedrejamento – às mãos de Ananias, o sumo sacerdote (Josefo). Será que Tiago estava enganado? Não; a única explicação possível para tudo é a de 1 Coríntios 15.7 – "Depois, foi visto por Tiago."

Se a ressurreição de Cristo foi uma mentira, os apóstolos sabiam disso. Estariam eles perpetuando uma tremenda fraude? Esta possibilidade é inconsistente com o que sabemos acerca de suas qualidades morais. Pessoalmente condenavam a mentira e enfatizavam a verdade. Incentivavam o povo a que conhecessem a verdade. O historiador Edward Gibbon, em sua famosa obra: A História do do Declínio e Queda do Império Romano apresenta "a pura e austera moralidade dos primeiros cristãos" como uma das cinco razões para o rápido sucesso do cristianismo. Michael Green, diretor do St. John College, de Nottingham, observa que a ressurreição "foi a crença que transformou aqueles sofridos seguidores de um rabi crucificado em corajosas testemunhas e mártires da Igreja primitiva. Esta foi a crença que distinguiu os seguidores de Jesus dos judeus em geral, e fez deles a comunidade da ressurreição. Eles eram aprisionados, chicoteados, mortos, mas nada os fazia negar a convicção de que "ao terceiro dia ressuscitou".

Terceiro, a conduta corajosa dos apóstolos, por eles adotada imediatamente após terem constatado a realidade da ressurreição, torna improvável a suposição de que tudo não passasse de uma fraude. Eles se tornaram corajosos quase que da noite para o dia. Pedro, que havia negado a Cristo, ergueu-se, mesmo diante da ameaça de morte, e proclamou que Jesus estava vivo, após a ressurreição dele. As autoridades prenderam os seguidores de Cristo, e os espancaram, e, contudo, logo eles estavam de volta às ruas, falando de Jesus (Atos 5.40-42). Os amigos notaram sua felicidade, e os inimigos, sua coragem. E eles não procuraram um povoado obscuro para ali pregar, mas fizeram-no em Jerusalém.

Os seguidores de Jesus não poderiam ter enfrentado torturas e morte como fizeram, a menos que estivessem convencidos da ressurreição dele. Também a unanimidade de sua mensagem e linha de conduta era admirável. Existe muita pouca chance de que um grupo grande de pessoas tenha perfeita harmonia, entretanto, todos concordavam entre si acerca das verdades da ressurreição. Se fossem enganadores, é difícil entender por que pelo menos um deles não cedeu a toda aquela pressão.

Pascal, o filósofo francês, escreve: "A alegação de que os apóstolos eram impostores é completamente absurda. Sigamos esta acusação até a sua conclusão lógica. Imaginemos aqueles doze homens, reunindo-se após a morte de Jesus Cristo, e entrando num acordo para dizer que ele ressuscitara. Aquilo teria constituído um ataque tanto às autoridades civis como às religiosas. O coração do homem é estranhamente inclinado para a inconstância e para a variação; ele pode ser abalado por promessas e tentado pelas coisas materiais. Se algum daqueles homens tivesse cedido a tentações tão fortes, ou se rendido pela força dos argumentos mais insistentes da prisão e tortura, eles estariam perdidos."

"Como foi que eles se transformaram, quase que da noite para o dia", indaga Michael Green, "naquele indomável bando de entusiastas que enfrentaram oposições, cinismos e zombarias, dificuldades, prisão e morte em três continentes, ao pregarem, por toda a parte, Jesus e sua ressureição?"

Um escritor desconhecido narra descritivamente as mudanças que ocorreram na vida dos apóstolos: "No dia da crucificação, estavam cheios de tristeza; no primeiro dia da semana, de alegria. Na crucificação, estavam desesperançados; no primeiro dia da semana, seus corações brilhavam com certeza e esperança. Quando surgiu a primeira mensagem acerca da ressurreição, eles se mostraram incrédulos, e relutaram em se deixar convencer, mas depois que tiveram certeza, nunca mais duvidaram. O que pode ter causado esta espantosa mudança que se operou nestes homens, num período de tempo tão curto? A simples remoção de um corpo de um sepulcro nunca poderia ter transformado seu espírito e caráter. Três dias não são suficientes para o surgimento de uma lenda que pudesse afetá-los a esse ponto. O processo de formação de uma lenda requer tempo. Isto é um fato psicológico que exige uma explicação mais ampla. Pensemos no caráter das testemunhas., homens e mulheres, que deram ao mundo o mais elevado ensino ético que se conhece, e que, mesmo segundo a palavra de seus inimigos, demonstravam este ensino com suas ações. Pensemos no absurdo de imaginar-se um pequeno grupo de covardes derrotados, escondendo-se no cenáculo, um dia, e poucos dias depois, mostrarem-se transformados numa corporação que nenhum tipo de perseguição conseguia silenciar – e depois tentemos atribuir esta mudança a nada mais convincente que uma miserável fraude que eles tentavam impor ao mundo. Isto simplesmente não faz sentido."

Kenneth Scott Latourette escreve: "Os efeitos da ressurreição e da vinda do Espírito Santo sobre os discípulos foram... da maior importância. De homens amedrontados e decepcionados, que tristemente, recordavam os dias quando tinham esperanças de que Jesus fosse aquele que "ressuscitaria o reino a Israel", eles se transformaram em um grupo de testemunhas entusiásticas."

Paul Little indaga: "Seriam aqueles homens, os quais ajudaram a transformar a estrutura moral da sociedade, apenas uns mentirosos consumados ou loucos iludidos? Estas alternativas são mais difíceis de se aceitar do que a realidade da ressurreição, e não há a mínima parcela de evidência a apoiá-las."

A perseverança dos apóstolos até mesmo a ponto de morrerem por sua fé, não tem explicação. Segundo a Enciclopédia Britânica, Orígenes escreveu que Pedro foi crucificado de cabeça para baixo. Herbert Workman descreve assim a morte de Pedro: "Portanto, Pedro, como o Senhor já profetizara foi "cingido" por outrem, e "levado" para morrer, seguindo pelo caminho de Aurélio" até um lugar, junto aos jardins de Nero, na colina do Vaticano, onde tantos de seus irmãos já haviam sofrido morte cruel. A seu pedido, ele foi crucificado de cabeça para baixo, pois considerava-se indigno de sofrer como seu Mestre."

Harold Mattinmgly em seu compêndio de História, escreve: "Os apóstolos São Pedro e São Paulo selaram seu testemunho com o próprio sangue." Tertuliano escreveu que: "Nenhum homem estaria disposto a morrer, a menos que soubesse que detinha a verdade." Simon Greenleaf, professor de direito da Universidade de Harvard, um homem que lecionara durante vários anos sobre as técnicas de se dobrar uma testemunha, e de descobrir se ela mentia ou não, chega à seguinte conclusão: "Os anais do combate militar não possuem um exemplo semelhante de constância heróica, dessa paciência e coragem inabalável. Eles tinham todos os motivos possíveis para fazerem um reexame cuidadoso de suas bases de fé, e das evidências dos grandes fatos e verdades que defendiam."

Os apóstolos passaram pelo teste da morte para provar a veracidade de suas afirmações. Creio e confio em seu testemunho, mais do que no de outras pessoas que conheço hoje, pessoas que não estão dispostas nem a atravessar uma rua para defender aquilo em que acreditam, quanto mais a morrer por isso.

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