segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

População muçulmana cresce e se torna mais visível na Rússia

Desde o fim da União Soviética há duas décadas, a população muçulmana não para de crescer devido ao fluxo de imigrantes da Ásia Central e está mais visível por causa da liberdade religiosa.

"Vinte anos atrás, eu dizia apenas 'zdravstvuite tovarish' [olá, camarada]!", compara o moscovita Rushan Abbyasov, 30, vice-presidente do Conselho de Muftis (autoridades religiosas) da Rússia. "Hoje, quando volto pra casa, posso ver muçulmanos e dar-lhes 'salaam aleikum'."

Depois de ser proibida durante o regime, a promulgação na Rússia da Constituição de 1993 fez do país um Estado laico. De uma mesquita em 1991, Moscou agora tem quatro e planeja a construção de mais dez até 2021.

A maior delas, onde fica o escritório de Abbyasov, está tendo sua capacidade ampliada de mil para 10 mil pessoas. A 4 km do Kremlin, o projeto de US$ 100 milhões é bancado pelo bilionário muçulmano Suleiman Kerimov, o mesmo que contratou Roberto Carlos e Eto'o para jogar em seu time no Daguestão, o Anjí Makhachkalá.

A presença da religião muçulmana no território da Federação Russa é mais antiga do que a do cristianismo e inclui 57 minorias étnicas.

Em Moscou e nas principais cidades, a presença histórica foi ampliada pelo fluxo de imigrantes da Ásia Central e do Azerbaijão: de 4 milhões a 5,4 milhões, segundo Alexey Malashenko, especialista em islã do Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou.

Nos hotéis, lojas e restaurantes de Moscou, os trabalhos mais desqualificados ficam com esses imigrantes, muitos deles ilegais.

"Os russos são contrários a nossa presença. Mas quem faz o trabalho barato somos nós", diz Namaz Sarapov, 20 anos, presidente da associação de estudantes do Tadjiquistão da Universidade Russa da Amizade entre os Povos.

Reforçada pela imigração, a soma de muçulmanos alcança cerca de 20 milhões na Rússia, 14% da população.

PROJEÇÕES

O crescimento populacional muçulmano coincide com a contínua diminuição na população da maioria étnica russa, um fenômeno que ocorre desde a década de 1960, mas era escondido pelo regime soviético.

Desde 1991, a Rússia diminuiu cerca de 8 milhões de habitantes. Em 2030, segundo projeção da ONU, encolherá mais 15 milhões em relação a hoje, indo para 125 milhões.

"A queda nos nascimentos está relacionada com o fato de os jovens pensarem mais na carreira, no sucesso profissional", diz Malashenko.

Essa diferença entre o crescimento muçulmano e o decréscimo da etnia russa alimentam movimentos ultranacionalistas. Sob o lema "Rússia para os russos", esses grupos têm espalhado medo em Moscou por meio de ataques a migrantes.

"Se não tivermos a ideologia de um país multinacional, haverá problemas", afirma Abbyasov. "A Rússia não é apenas para a nacionalidade russa, há mais de 157 nacionalidades aqui. Havia boa ideologia sobre isso na época da União Soviética, embora não houvesse espaço para as religiões."

Fonte: Folha de São Paulo

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