terça-feira, 3 de janeiro de 2012

ESTUDO - LIVROS APÓCRIFOS E PSEUDEPÍGRAFOS - NÃO CANÔNICOS





O QUE SIGNIFICA APÓCRIFO?
O vocábulo apócrifo, que significa escondido ou secreto, aplica-se genericamente a uma série de livros surgidos no período entre o Antigo e o Novo Testamento, chamado de interbíblico ou 400 anos de silêncio.
Os livros apócrifos, cujo número varia de onze a dezesseis, chegaram até nós de certo modo unidos aos livros canônicos da Bíblia.
OS APÓCRIFOS DA SEPTUAGINTA SÃO:
  • 1. Terceiro Livro de Esdras;
  • 2. Quarto Livro de Esdras;
  • 3. Tobias;
  • 4. Judite;
  • 5. Adições ao Livro de Ester;
  • 6. Sabedoria de Salomão;
  • 7. Sabedoria de Jesus o Filho de Siraque ou Eclesiástico;
  • 8. A Segunda Parte de Baruque é conhecida com a Epístola de Jeremias;
  • 9. Acréscimos ao Livro de Daniel;
  • 10. A Oração dos Três Moços;
  • 11. Susana;
  • 12. Bel e o Dragão;
  • 13. A Oração de Manassés;
  • 14. O Primeiro Livro dos Macabeus;
  • 15. O Segundo Livro dos Macabeus.
AS OPINIÕES ECLESIÁSTICAS
As opiniões eclesiásticas através de várias épocas tem diferido quanto ao valor dessa literatura. Os judeus da dispersão no Egito revelaram alta estima por estes escritos e os incluíram na tradução do Antigo Testamento para o grego, chamada de Septuaginta, mas esses mesmos escritos foram eliminados do canôn hebraico pelos judeus da Palestina. Jerônimo no ano de 405 d.C. incluiu-os também em sua tradução latina do Antigo Testamento, chamada Vulgata, porque lhe fora ordenado pelos líderes da Igreja Católica Romana, mas recomendou que esses livros não fossem usados como base doutrinária.
Os reformadores foram em parte os grandes responsáveis pela eliminação dos apócrifos da Bíblia, por haver neles elementos inconsistentes com a doutrina protestante. Entretanto, em 1546, no Concílio de Trento, a Igreja Católica Romana proclamou alguns livros apócrifos como canônicos detentores de autoridade espiritual para seus fiéis, excluindo apenas os dois livros de Esdras e a Oração de Manassés.
OS APÓCRIFOS DA BÍBLIA CATÓLICA
Os apócrifos mais conhecidos na Bíblia católica são: 1 e 2 Macabeus, Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico e Baruque. Os quatro primeiros são históricos; Sabedoria de Salomão e Eclesiástico são poéticos, mas também chamados de sapienciais; Baruque é profético. Sintéticamente tratam dos seguintes assuntos:
Macabeus 1 e 2 – ambos os livros contam a historia da revolta contra a opressão síria, liderada pela família dos Hasmoneus no período da historia conhecido como interbíblico.
Tobias – é um conto histórico que revela o misticismo juntamente com uso da magia. O autor se refere ao emprego do fel, do fígado e do coração do peixe para influenciar a Deus ou entidades espirituais.
Judite – narra a historia de uma destemida viúva judia que se serviu dos artifícios de sua beleza para assassinar holofernes, general do exercito inimigo.
Sabedoria de Salomão – este livro jamais foi formalmente citado, nem mesmo os escritores do Novo Testamento se referem a ele, porém tanto a linguagem como as correntes de pensamento deste livro encontram paralelos no Novo Testamento.
Eclesiástico – em grego era chamado de “Sabedoria de Jesus, Filho de Siraque”. O texto original se perdeu, todavia, desde 1896, conhecemos alguns fragmentos de cinco manuscritos descobertos na genizah do Cairo, contendo cerca de dois terços do texto hebraico. Suas máximas sapienciais provavelmente se inspiram no livro de Provérbios e estão agrupados por ordem de assuntos, sem divisão perceptível.
Baruque – ao que parece, teria sido o amanuense do profeta Jeremias, que o escreveu.
Diante de tais testemunhos, surge a seguinte pergunta: por que a Igreja Católica continua a se apegar a estes escritos não inspirados? A razão não poderia ser outra: estes livros contém as doutrinas espúrias que confirmam os falsos ensinos dessa igreja, como por exemplo: as orações pelos mortos, as curas falsas, dar esmolas para libertar da morte e do pecado (justificação pelas obras) e a intercessão pelos mortos.
O ponto de vista evangélico
Os evangélicos, ou protestantes, geralmente aceitam os apócrifos como possuindo algum valor histórico, mas rejeitam a sua canonicidade. Por esta razão esses escritos foram eliminados das edições evangélicas da Bíblia. Os argumentos são os seguintes:
1- Nunca foram citados por Jesus (Jesus citou todos os outros livros do VT), e duvida-se que os apóstolos tenham feito alusão a eles.
2- A maioria dos primeiros pais da igreja os consideram como não inspirados.
3- Não aparecem no canôn hebraico antigo.
4- Quando comparados aos canônicos, os livros apócrifos por sua qualidade inferior se revelam como indignos de ocupar um lugar nas Escrituras Sagradas.
O QUE SIGNIFICA PSEUDEPÍGRAFO?
O termo deriva-se de duas palavras gregas: pseudo (falso) e epigrafe (escrito), significando “falsos escritos”. Embora tenham surgido na mesma época dos apócrifos, os pseudepígrafos não foram plenamente recepcionados pela comunidade judia e cristã, devido a não gozarem do mesmo favor que os livros canônicos, ou seja, o apoio dos pais da igreja. Esta literatura foi conservada pela Igreja ocidental da Idade Média, bem como pelos abissínios, os coptas e as igrejas da Síria, com a denominação de extra canônicos. O número de pseudepígrafos é bem maior do que a Bíblia canônica, podendo ser classificados como:
Evangelhos, Atos, Epístolas, Apocalipses, Testamentos, e Outros.
São eles:
Livro de Enoque (etiópico), que é citado em Judas 14. Atribuem-se várias datas, pelos últi­mos dois séculos antes da era cristã.
Os Segredos de Enoque (eslavo), livro escrito por um judeu helenista, ortodoxo, na primeira metade do primeiro século d.C.
O Livro dos Jubileus (dos israelitas), ou o Pequeno Gênesis, tratando de particularidades do Gênesis duma forma imaginária e legendária, escrito por um fariseu entre os anos de 135 e 105 a.C.
Os Testamentos dos Doze Patriarcas: é este livro um alto modelo de ensino moral. Pensa-se que o original hebraico foi composto nos anos 109 a 107 a.C., e a tradução grega, em que a obra chegou até nós, foi feita antes de 50 d.C.
Os Oráculos Sibilinos, Livros III-V, descrições poéticas das condições passadas e futuras dos judeus; a parte mais antiga é colocada cerca do ano 140 a.C., sendo a porção mais moderna do ano 80 da nossa era, pouco mais ou menos.
Os Salmos de Salomão, entre 70 e 40 a.C.
As Odes de Salomão, cerca do ano 100 da nossa era, são, provavelmente, escritos cristãos.
O Apocalipse Siríaco de Baruque (2º Baruque), 60 a 100 a.C.
O Apocalipse grego de Baruque (3º Baruque), do 2º século, a.C.
A Assunção de Moisés, 7 a 30 d.C.
A Ascensão de Isaias, do primeiro ou do segundo século d.C.
Os Livros Pseudepigrafos do Novo Testamento são:
O Evangelho segundo os Hebreus (há fragmentos do segundo século);
O Evangelho segundo Tiago, tratando do nascimento de Maria e de Jesus (segundo século);
Os Atos de Pilatos.(Segundo século).
Os Atos de Paulo e Tecla (segundo século).
Os Atos de Pedro (terceiro século).
Epístola de Barnabé (fim do primeiro século).
Apocalipses, o de Pedro (segundo século).
CONCLUSÃO
Ainda que casualmente algum livro não canônico se ache apenso a manuscritos do Novo Testamento, esse fato é contudo tão raro que podemos dizer que, na realidade nunca se tratou seriamente de incluir qualquer deles no Cânon.

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