terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Fiéis ficam surpresos com prisão de pastor acusado de estelionato

O pastor também tem passagens pela polícia por 16 crimes, entre eles estelionato, receptação de produtos roubados e falsificação de documentos.

Os fiéis da Igreja Batista Central de Brasília, na 603 Sul, ficaram surpresos na manhã de ontem com a notícia da prisão de Rubens Ferreira de Moraes, 51 anos, um dos pastores mais influentes da congregação. O líder religioso acabou detido por agentes da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), na noite da véspera do ano-novo, em casa, na Asa Norte, acusado de integrar uma quadrilha de estelionatários (leia O que diz a lei). Os golpes praticados por ele não foram divulgados pela polícia, mas trata-se do cumprimento de um mandado de prisão expedido por conta de um processo aberto em 2001, após investigação da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos (DRFV).

O pastor também tem passagens pela polícia por 16 crimes, entre eles estelionato, receptação de produtos roubados e falsificação de documentos. Informações preliminares apontam que existem cinco mandados de prisão em aberto contra ele e outros seis estariam prescritos.

No primeiro culto de 2012, realizado na manhã de ontem, os frequentadores não acreditavam na detenção. “Ele parecia bem sério. Inclusive, quando o meu pai ficou doente, deu um grande suporte espiritual. É difícil crer que ele tenha feito mal a alguém”, disse a aposentada Iara Queiroz, 60 anos. A mesma impressão tinha a jornalista Lúcia Matos, 56 anos, que o considerava radical em suas pregações. “Ele chegava a chorar quando via algo errado. Falava que as pessoas fora da igreja eram bandidas, entre outras coisas que defendia com firmeza. Agora, ele tem a obrigação de provar que o que pesa contra ele são acusações falsas, porque, se for verdade, ele só pode sofrer de algum transtorno de personalidade”, comentou.

Ao tomar conhecimento do episódio, o Conselho Eclesiástico da Igreja Batista afastou o pastor de suas funções sacerdotais. Por meio de nota, a direção do templo informou que a decisão foi tomada com base nas “investigações da Polícia Civil e do Ministério Público do DF e Territórios”. O presidente da igreja, Ricardo Espíndola, informou que Rubens foi ordenado pastor no início de 2011 e não apresentava nenhum desvio de comportamento.

Os candidatos a pastor, destacou Ricardo, devem cumprir uma série de pré-requisitos, inclusive apresentar documentos que comprovem um passado limpo. Ele suspeita que Rubens tenha adulterado as declarações. “Nós pedimos os antecedentes criminais dele. Não podemos julgar antes, mas, pelo grau de exigência da igreja, é possível acreditar que ele tenha falsificado os papéis”, disse o presidente, ao acrescentar estar “extremamente decepcionado” com a conduta do membro da igreja. “Ele era muito bem-visto pela comunidade, tinha sempre uma palavra confortante, além de ser muito inteligente. Estou extremamente decepcionado por se tratar de uma pessoa em quem acreditávamos”, lamentou.

Rubens é paranaense e passou a frequentar a Igreja Batista em 2000. Considerado prestativo e sempre envolvido com os trabalhos da igreja, conquistou a confiança de pastores mais antigos. Passou a ministrar aulas na escola dominical, em que crianças e adolescentes aprendem as diretrizes da religião evangélica. Destacou-se como um dos melhores alunos do curso de teologia da Faculdade Batista Central e estava no último semestre da faculdade de direito. Ele também ajudou na fundação das igrejas Batistas do Guará 2 e de Ceilândia Norte.

O Correio procurou a 1ª DP, mas os policiais de plantão não passaram detalhes da ocorrência. A reportagem entrou em contato com a Divisão de Comunicação da Polícia Civil do DF, que também não conseguiu reunir dados sobre o caso.

Abusos

Na última sexta-feira, a Delegacia de Proteção a Criança e Adolescente (DPCA) prendeu Evangelista Moisés de Figueiredo, 49 anos, padre da Igreja São Francisco de Assis, situada na região de Tororó, no Jardim Botânico. Pesa contra ele a acusação de abuso contra seis crianças, entre 5 e 14 anos, por pelo menos um ano. A investigação durou três semanas. As vítimas, de origem pobre, são filhas de fiéis da igreja.

O que diz a lei
» O crime de estelionato é previsto no artigo 171 do Código Penal Brasileiro como aquele em que o autor “obtém, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”. Pode render até cinco anos de cadeia, além de multa.

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Fonte: Surgiu.com.br

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