Ontem, dia 27 de agosto de 2013, o escritório do presidente da
Rússia, Vladimir Putin expediu um memorando as Forças Armadas ordenando
uma ação militar massiva contra a Arábia Saudita[1] no caso do Ocidente
(EUA, Inglaterra e França) atacar a Síria. Tropas americanas já começam a
ocupar posições estratégicas em relação à Síria[2].
De acordo com o Kremlin, essa ordem de guerra veio em resposta a reunião
do presidente Putin com o príncipe saudita Bandar bin Sultan, que teria
afirmado que se a Rússia não aceitasse a queda do atual governo sírio
comandado por Bahsar Al Assad, a Arábia Saudita iria permitir aos
terroristas chechenos sob seu controle ações de assassinato em massa e
promoção do caos em território russo durante os Jogos Olímpicos de
Inverno previstos para 2014.
Em tom insinuante, o príncipe saudita teria dito: “Posso garantir a
completa segurança dos Jogos Olímpicos de Inverno do ano que vem. Os
extremistas chechenos que ameaçam a segurança dos jogos são controlados
por nós”[3]. Além de alianças políticas, Bandar bin Sultan teria tocado
na questão energética na reunião de portas fechadas, nas transcrições
não autorizadas consta a seguinte afirmação: “Examinemos como podemos
unificar uma estratégia de cooperação Rússia-Arábia Saudita no tópico do
petróleo. A intenção é em concordar no preço e quantidade produzida de
maneira que mantenha o mercado global de petróleo estável”[3]. Essa
declaração parece oferecer uma aliança entre a OPEC e a Rússia, no caso
de mudanças estratégicas russas em relação à Síria. Putin assim teria
replicado: “Nossa posição em relação a Assad nunca mudará. Acreditamos
que o atual regime responde pelos interesses do povo sírio, e não estes
canibais”. O presidente russo se referiu assim aos insurgentes por conta
do vídeo[4] do dia 15 de maio, no qual um rebelde sírio extrai o
coração de um soldado governista e aparenta come-lo.
Digno de nota, é o documento vazado[5] por Bradley Manning ao Wikileaks,
no qual o serviço de inteligência americana ainda em 2006 discorre da
seguinte maneira sobre Assad: “Ações que causem a instabilidade e
aumentem sua insegurança são de nosso interesse…”. O que leva a
suspeitas sobre os pronunciamentos da Casa Branca como o do
vice-presidente Joe Biden que ontem declarou[6] não haver dúvidas de que
o regime sírio teria usado armas químicas contra a população.
Com os eventos saindo de controle na Síria, o jornal britânico The
Independent publicou[7] na segunda feira que o príncipe saudita, de
estreitas relações com os EUA, tem trabalhado no suporte as facções
rebeldes sírias, fornecendo inclusive armas e treinamentos na busca da
derrubada do presidente Bashar Al-Assad. O jornalista independente Ben
Swann apurou[8] ainda em junho que a organização terrorista Al-Qaeda
estaria atuando em apoio aos rebeldes sírios. Ainda neste contexto, o
ministro das relações exteriores russo, Aleksandr Lukashevich,
alertou[9] que: “Tentativas de ignorar o Conselho de Segurança, para
mais uma vez criar situações artificiais que deem justificativas para
uma intervenção militar na região causarão ainda mais sofrimento na
Síria e catastróficas consequências para outros países do Oriente Médio e
do norte da África”.
Alheios às declarações russas, o premiê britânico David Cameron
convocou[9] novamente o parlamento para a votação sobre o ataque em solo
sírio. Enquanto o presidente Obama cancelou[10] abruptamente uma
reunião entre diplomatas russos e americanos prevista para hoje. Segundo
a CBS, a reunião possuía a intenção de traçar medidas com o objetivo de
encerrar a guerra civil na Síria.
O governo sírio alertou[11] nesta segunda por meio do ministro das
relações exteriores, Faisal Mikdad, que uma intervenção de americanos e
aliados poderia gerar grande ameaça à paz mundial. Diante desta
configuração geopolítica, tudo indica que qualquer ataque a Síria será
considerado pelo Kremlin um ataque à Rússia.
Segundo o The European Union Times, este ataque à Síria, liderado pela
Arábia Saudita, Qatar e os aliados ocidentais tem o objetivo de quebrar o
domínio russo sobre o mercado de gás natural, com a construção de um
gasoduto em território sírio[1].
Sobre as tentativas de derrubada do governo sírio e o ataque químico[12]
ocorrido no dia 21 em Damasco, o qual vitimou mais de 1.300 pessoas, o
ministro das relações exteriores russo analisou[13] como sendo uma ação
planejada de incriminação do governo por parte dos interessados na queda
do regime.
As circunstâncias indicam que mais uma vez o Ocidente e aliados
premeditaram ações de justificativa a intervenção militar, com vistas ao
domínio de recursos energéticos, isso soa muito familiar.
efe
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