Há
relatos de animais que apresentam padrões de comportamento parecidos
com o choro, só que eles não soltam lágrimas, além de o comportamento
não existir mais após a infância. Os humanos choram quando já são
adultos não só por razões egocêntricas, mas também por empatia
(capacidade de se identificar com os problemas das outras pessoas).
Especula-se que o ato estimula o sistema nervoso parassimpático e libera
substâncias nas lágrimas responsáveis por reduzir o estresse e a
ansiedade, como a oxitocina Getty Images/Thinkstock
Há relatos de animais que apresentam padrões de comportamento parecidos com o choro - um filhote de pássaro, por exemplo, emite sons chorosos ao se separar da mãe. Só que animais não soltam lágrimas, e o comportamento deixa de existir após a infância.
Já em humanos, chorar faz parte da vida. Enquanto na maioria das vezes, as crianças choram com mais frequência, emitindo sonoros gritos e lamentos, os adultos bastam-se apenas com as lágrimas.
Outra diferença entre o choro de crianças e adultos é que os pequenos choram, na maioria das vezes, por razões egocêntricas - necessidades de chamar atenção para um problema que está acontecendo com elas, como se dissessem através do 'berreiro' frases como "minha fralda está suja", "estou com fome", ou "quero ganhar este brinquedo".
Nos adultos, o choro pode acontecer não só por razões egocêntricas, como também por empatia a situações externas. Ao assistir a um filme, por exemplo, o adulto experimenta as mesmas emoções que os outros, mesmo que esses outros sejam personagens da ficção.
A empatia é uma capacidade intrínseca ao ser humano de se identificar com as outras pessoas. Ainda não existe um consenso entre estudiosos do assunto, mas há a hipótese de que existe uma relação entre chorar e a evolução natural: nossas lágrimas podem ter facilitado o desenvolvimento de sentimentos empáticos e contribuído para que nós nos tornássemos uma espécie ultrassociável.
Chorar alivia?
Será que chorar pode trazer algum tipo de paz de espírito ou alívio do stress? Os cientistas não sabem ao certo, mas já apontam pistas de que nem sempre é assim. Depende de basicamente duas coisas: por qual motivo a pessoa está chorando e como outras pessoas reagiram a esse choro.
É possível que o choro estimule o sistema nervoso parassimpático, e libere substâncias responsáveis por reduzir o estresse e a ansiedade, como a oxitocina. Só que isso é apenas especulação. Não se sabe muito sobre as características fisiológicas do cérebro no momento do choro - é um quebra-cabeça difícil de montar, já que pouco foi descoberto sobre os complexos mecanismos desse órgão.
O choro pode ser cultural
A cultura pode ter uma relação direta nas razões do choro, na frequência dele e nos seus efeitos. Também pode definir o comportamento de reação de terceiros.
Por exemplo: sociedades que vivem em países frios tendem a chorar mais do que as que estão em regiões mais quentes.
Mesmo que na maioria das vezes, humanos chorem para pedir ajuda, conforto ou reduzir algum tipo de agressão, em algumas sociedades, os adultos não costumam chorar em frente a pessoas desconhecidas - isso pode sugerir que a pessoa é fraca, emocionalmente instável ou até mesmo manipuladora.
Além disso, nessas sociedades, pessoas que veem alguém desconhecido chorar ficam desconcertadas e raramente sentem-se à vontade para ajudá-la. É por isso que, talvez, o choro de adultos seja tão contido, reservado e só para íntimos.
Consultoria: A.J.J.M. Vingerhoets, professor da Universidade Tilburg, da Holanda, e autor do livro Why only humans weep. Unravelling the mysteries of tears; e prof. doutora Denise Pará Diniz, psicóloga-coordenadora do Setor de Gerenciamento de Estresse e Qualidade de Vida da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo)
FONTE . http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2013/10/01/clique-ciencia-por-que-nos-humanos-choramos.htm
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