Lula conversa com José Eduardo Dutra, presidente do PT, observado por Dirceu. Andre Dusek /AE
BRASÍLIA - Durante participação nas comemorações dos 31 anos do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou nesta quinta à noite, em tom exaltado, os 'formadores de opinião' que, segundo ele, estão tentando criar diferenças entre o governo dele e o de Dilma Rousseff. 'O sucesso do governo Dilma é o meu sucesso. O fracasso de Dilma é o meu fracasso', reclamou. 'Se a grande desconstrução do governo Lula é falar bem do governo Dilma, eu posso morrer feliz', completou. 'Alguém tem de fazer mais e melhor, se era para fazer a mesma coisa, eu disputaria o terceiro mandato.'
Em tom de ironia, Lula disse que irá bater palmas toda vez que falarem bem de Dilma. 'Eu apenas não estou no governo. Mas sou governo como qualquer companheiro que está no governo', afirmou. 'A minha relação política com a Dilma é indissociável nos bons e nos maus momentos.'
Quarenta dias após descer a rampa do Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é a estrela do ato político organizado pelo PT, nesta noite, para comemorar os 31 anos do partido. Diante de um partido dividido por disputas internas relativas a cargos e espaços nas comissões do Congresso, Lula está sendo reconduzido à presidência de honra do PT em clima de forte emoção.
Com uma guaiabeira vermelha, Lula abriu o discurso comparando a vida de um ex-presidente a de um 'cão que cai de um carro de mudança'. Logo em seguida, ele disse que tinha consciência do papel reservado ao PT, a ele e aos partidos de esquerda na sociedade brasileira. 'Para compreendermos bem o significado dos 31 anos de existência do PT, é preciso fecharmos os olhos por alguns minutos e imaginar o Brasil sem PT', disse. 'Imagine o vazio político sem um partido com a força e a composição heterogênea do PT?'
Lula tentou acabar com o mal estar e o clima pesado das disputas com um discurso em tom de brincadeira. 'Um militante revolucionário tem duas namoradas: uma tática e outra estratégica', disse, provocando risos da platéia. Ao defender a trajetória do PT, ele criticou a 'lógica' política predominante antes da fundação do partido. 'Os partidos tradicionais compreendiam que a classe operária não tinha poder de liderança, tudo era espontâneo e só quem sabia fazer era a classe letrada.'

FONTE ESTADÃO