Aprovação de projeto de reformas políticas e econômicas e renúncia de Fidel Castro não têm precedentes e são motivo de otimismo entre os cubanos
Fidel Castro entrega um envelope a Raúl Rodríguez Castro, neto e guarda-costas de Raúl Castro, nesta terça-feira, em sua casa, em Havana. O voto era para a eleição de novos integrantes do Partido Comunista. Fidel também oficializou sua renúncia à liderança do partido (Reprodução/AFP)
Fidel deixou a direção do PCC pedindo que os jovens "retifiquem" o socialismo. Ele admitiu equívocos do regime e apoiou a necessidade de reformas
O 6º Congresso do PCC, o primeiro desde 1997, teve início no último sábado e continua até esta terça-feira. As mais de 300 iniciativas apresentadas representam uma abertura ao setor privado, com o corte de empregos, a redução dos subsídios, a autogestão empresarial e descentralização do aparelho estatal. Também foi prometida uma reforma agrária e uma desburocratização da administração pública - com a redução do setor e a ampliação de direitos cedidos à iniciativa privada, como, por exemplo, o direito ao autoemprego. Algumas dessas medidas, na prática, já estão em vigor há alguns meses. Em setembro de 2010, Raúl anunciou que pretendia demitir mais de 1 milhão de funcionários dos empregos públicos até 2011 - mais de 10% da população economicamente ativa de Cuba. Mas uma das mais importantes medidas é a de que, pela primeira vez desde 1959, os cubanos poderão comprar e vender seus imóveis. Nos últimos 50 anos, só era permitido passar propriedades para os filhos ou trocá-las através de um sistema complicado e muitas vezes corrupto.
Na promessa de um "sistemático rejuvenescimento" do governo, Raúl Castro ainda limitou os altos cargos políticos a dois mandatos de cinco anos e defendeu a prática constante de uma severa autocrítica. Nesta terça-feira, Fidel deixou a direção do PCC - que logo foi sucedida por Raúl Castro - pedindo que os jovens que participam do 6º Congresso do partido "retifiquem" o socialismo e "superem" o capitalismo. Ele admitiu equívocos do regime e apoiou a necessidade de reformas, apesar de insistir em demonizar a ideologia capitalista. Para ele, o sistema americano fomenta e promove os “instintos egoístas” do ser humano, sendo um difícil desafio na “época bárbara” das sociedades de consumo. Assim, apenas uma soma dos melhores talentos políticos de sua população seria capaz de enfrentar a política do "império", que "põe em risco” a espécie humana. “Esta tarefa é ainda mais dura do que aquela por nossa geração, quando foi proclamado o socialismo em Cuba."
Fonte Veja on Line
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