“Ela é uma heroína. Estou em choque ainda, louvo a Deus pela vida dessa mulher. Se não fosse por ela, talvez nós nem tivéssemos a oportunidade de velar meu irmão, se ela não tivesse visto sabe lá o que eles [os policiais] teriam feito com o corpo”, disse uma das irmãs da vítima, uma advogada de 31 anos que não quis se identificar. “Ela foi uma mulher corajosa, eu não sei se eu ia ter essa coragem que ela teve. Se todo mundo tivesse essa atitude, algumas coisas seriam bem diferentes”, afirmou o pai do rapaz morto, o garçom Dorian Ferreira Aquino, de 53 anos.
“Foi uma covardia o que fizeram com ele. Ele saiu daqui vivo. Ele bateu o carro, saiu correndo sem nada na mão, e os policiais foram atrás dele disparando. Um tiro pegou na perna e ele foi pego. Os policiais o trouxeram algemado e arrastando”, contou uma testemunha. “Todo mundo que viu falou que ele saiu vivo. Inclusive arrastaram ele, que disse ‘senhor, não faça isso que eu também sou ser humano’. E levaram embora”, disse o pai da vítima.
A pessoa errou, tem que prender, não matar. Ninguém tem esse direito de matar"
Irmã do rapaz morto por PMs
Choque
Desde segunda, a vida da família mudou. “Foi um choque, não imaginávamos que tivesse acontecido dessa forma, tão cruel, tão brutal, e por pessoas que trabalham para proteger a sociedade. Foi um crime bárbaro. Não importa que ele tivesse uma vida pregressa de qualquer forma. O ato equipara os policiais ou os torna piores que qualquer bandido”, afirmou a irmã de Dileone. “Não acho justo, a polícia está para nos defender. A pessoa errou, tem que prender, não matar. Ninguém tem esse direito de matar ninguém”, afirmou o pai do rapaz.
Segundo a polícia, Dileone já havia sido preso por suspeita de roubo, desacato, receptação, formação de quadrilha e resistência à prisão. Ele já cumpriu pena em Bauru, no interior de São Paulo, e estava de volta à casa dos pais, no Itaim Paulista, Zona Leste de São Paulo, havia cerca de oito meses. De acordo com a família, ele havia prometido parar de se envolver com o crime.
“Não tinha dado problema mais não, falou que ia ficar tranqüilo, ia parar, ia trabalhar, pegar um serviço fixo. Inclusive todo mundo aqui gostava dele. Mas a pessoa nunca deve mexer com coisas erradas”, disse o pai do rapaz.
Homem foi pego pelos policiais após bater com
van roubada no portão do condomínio (Foto: Juliana
Cardilli/G1)
Policiaisvan roubada no portão do condomínio (Foto: Juliana
Cardilli/G1)
Os dois policiais, um com 18 e outro com cinco anos de carreira na PM, estão presos no Presídio Romão Gomes e respondem a um inquérito policial militar. Segundo o coronel Roberto Fernandes, do 29º Batalhão da Polícia Militar, no Itaim Paulista, o soldado veterano se envolveu antes em três ocorrências de resistência seguida de morte.
Após atirarem no rapaz dentro do cemitério, os policiais colocaram o corpo de volta no carro de polícia e levaram até um pronto-socorro. Foi nesse momento que a denunciante viu a ação criminosa e ligou para o 190.
Graças à atuação da mulher, os policiais foram presos em flagrante. Segundo o coronel, no primeiro momento os policiais negaram o homicídio. Os dois ainda não depuseram formalmente, mas decidiram manifestar-se apenas em juízo. Segundo o coronel, eles devem ser submetidos a um conselho que pode resultar em expulsão. Os dois respondem também por homicídio. O auto de prisão em flagrante foi encaminhado ao Tribunal de Justiça Militar e de lá será encaminhado à Justiça comum.
A Corregedoria da PM de São Paulo abriu um inquérito para apurar o caso.
MATERIA DO G1 / TITULO GRITOS DE ALERTA
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