Segundo o Observatório Sismológico da UnB, já são sete ocorrências.
'Desde março não durmo com a luz apagada', diz moradora da cidade.
Há 40 anos no mesmo bairro, Domingos Soares
teve de erguer nova casa (Foto: Michelly Oda/G1)
A cidade de Montes Claros,
no norte de Minas Gerais, já registra sete tremores de terra neste ano.
O número é o maior desde o início do monitoramento da atividade sísmica
no município, em 1995, segundo o Observatório Sismológico da
Universidade de Brasília (UnB).teve de erguer nova casa (Foto: Michelly Oda/G1)
O último abalo ocorreu no dia 12 deste mês. Um tremor de 2.9 graus de magnitude na escala Richter foi medido pelo observatório. O de maior intensidade também ocorreu neste ano. Em 19 de maio, foi verificado um tremor de 4.2 graus. Desde 1995, são 26 abalos de intensidade registrados na cidade.
Ano | Número de abalos |
---|---|
1995 | 3 (o maior com 3.7 graus) |
1999 | 2 (de 3.5 graus) |
2005 | 1 (de 2.8 graus) |
2008 | 3 (de 2.3) |
2009 | 5 (o maior de 2.4 graus) |
2010 | 2 (o maior de 2.8 graus) |
2011 | 3 (o maior de 3.2 graus) |
2012 | 7 (o maior de 4.2 graus) |
Relatório elaborado pela UnB aponta a região da Vila Atlântida como uma das mais afetadas em Montes Claros. A moradora Maria Domingas de Oliveira, de 61 anos, se lembra do momento em que sentiu a terra tremer pela primeira vez, ainda em 1995. "Eu estava no sofá quando ouvi um barulho forte e senti tudo balançar. Agora tenho medo. Se pudesse, mudava daqui. Desde março não durmo com a luz apagada e não deixo meus netos aqui sozinhos."
O aposentado Domingos Soares, de 65 anos, mora no bairro desde 1965. A casa em que residiu por 40 anos foi condenada e teve que ser demolida. Para que ele não ficasse desalojado, teve de fazer um empréstimo e contar com a ajuda da família. "Meus filhos, genros, netos e amigos se juntaram para que esse novo teto ficasse de pé. Alguns ajudaram com dinheiro, outros com trabalho, reaproveitamos alguns materiais também para economizar na obra", diz.
A pesquisadora da UnB afirma que os abalos são imprevisíveis. "Não há como prever um tremor e saber sua magnitude antes da sua ocorrência. Precisamos estudá-los tanto na área de sismologia quanto na de geologia."
Rachadura na antiga casa de Domingos Soares,
condenada após abalos (Foto: Michelly Oda/G1)
Para o engenheiro civil Antônio Carlos Moreira, as edificações de
Montes Claros não estão preparadas para intensidades maiores. Apesar
disso, ele considera necessário um estudo sobre as causas dos tremores
antes de se criar um novo modelo de construção na cidade. "Sem
necessidade, haverá aumento dos custos, supervalorização dos preços e
até uma influência na geração de empregos que pode sofrer uma queda."condenada após abalos (Foto: Michelly Oda/G1)
Com o objetivo de garantir segurança e durabilidade para as obras, o inspetor-chefe do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) de Montes Claros, Melquíades Ferreira de Oliveira, diz que "a primeira atitude é verificar se o profissional está habilitado no conselho, para avaliação dos aspectos geotécnicos do solo e dimensionamento adequado da edificação". "É preciso atenção aos materiais utilizados, sem esquecer dos projetos estruturais, elétricos, de combate à incêndio, que devem ser elaborados por profissionais registrados no Sistema Confea/Crea."
Uma dica simples e que pode ser utilizada pela população é o monitoramento das rachaduras, como explica o engenheiro civil. "O morador pode usar uma régua e medir a cada duas semanas um mesmo local. Se houver um aumento de tamanho da rachadura, é preciso que o imóvel passe por uma avaliação."
Técnicos analisam área afetada por tremor e instalam sismógrafo (Foto: Divulgação/Observatório da UnB)
G1/GRITOS DE ALERTA
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