Governo brasileiro sugeriu que viagem do papa Francisco ao Brasil ganhasse caráter de visita de Estado.
O
governo brasileiro tentou transformar a viagem do papa Francisco em uma
visita de Estado, com destaque para a agenda política do pontífice e
uma maior presença do governo no evento que terá repercussão mundial.
O
Estado apurou que o Palácio do Planalto enviou um convite à Santa Sé
sugerindo que a viagem ganhasse um caráter de visita de Estado. O
Vaticano declinou o convite, alegando que a meta do papa é se concentrar
na Jornada Mundial da Juventude e dar atenção à mensagem religiosa.
"Trata-se de uma visita pastoral", declarou uma fonte no Vaticano.
Na
Santa Sé, a visita é considerada como estratégica. Isso porque se trata
da primeira saída do papa da Itália, e justamente para um evento em que
terá de se comunicar com os jovens, o maior desafio hoje da Igreja.
O
próprio papa tem dedicado muitas horas de seus dias em reflexões sobre o
que será dito no Rio. Ele viajará com pelo menos três mensagens: uma
para os jovens, uma para o Brasil e a América Latina e outra para a
comunidade internacional.
O governo justificou o convite alegando
que se tratava de uma "gentileza" que o Planalto gostaria de fazer ao
papa, reconhecendo a importância de sua visita. Mas, em Brasília,
ninguém esconde que o governo está interessado em capitalizar
politicamente com a visita.
Estratégia. Mas as ambições políticas
do Brasil com o Vaticano vão além da visita do papa. A diplomacia
brasileira estaria costurando o estabelecimento de diálogo político
permanente com o Vaticano, com a meta de aproximar posições e tomar
iniciativas conjuntas nos meios diplomáticos internacionais.
O
discurso de combate à pobreza de Francisco e sua insistência em tocar em
temas sociais foram recebidos com bons olhos pelo governo brasileiro,
que quer aproveitar a oportunidade para ganhar um aliado de peso nos
debates internacionais.
A iniciativa de estabelecer um diálogo
político com a Santa Sé já havia sido pensada em 2012, e a meta era de
que uma comissão bilateral entre a diplomacia do Vaticano e o Itamaraty
pudesse se reunir duas vezes por ano. O primeiro encontro chegou a ser
marcado, para meados do primeiro semestre de 2013. A renúncia do papa
Bento XVI, porém, colocou o projeto em suspenso. Agora, a meta é de que,
nos próximos meses, esse mecanismo de consulta bilateral seja
relançado.
Fonte: Estadão
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