segunda-feira, 24 de junho de 2013

Divórcio no civil e no religioso. Vaticano concede anulação de casamentos


casamento
Praticamente todas as pessoas que procuram a anulação no Tribunal Eclesiástico já estão com seus casamentos acabados na prática há algum tempo. Segundo o advogado eclesiástico Daniel Noronha, o objetivo da maior parte dos cônjuges que anulam casamento é se casar outra vez na Igreja Católica.
Este foi o caso do engenheiro Carlos Alberto Carvalho, 42, e de sua atual mulher, a psicóloga Catarina Rocha Carvalho, 36.

Os dois já tinham se separado judicialmente de seus primeiros parceiros quando se conheceram, há cerca de oito anos.Um ano depois, eles foram morar na mesma casa, cada um levando dois filhos do primeiro casamento. Mesmo sob o mesmo teto, Carvalho e Catarina não aguentaram a pressão das famílias católicas e resolveram se casar.
“Não somos muito religiosos, não frequentamos igreja constantemente, mas anulamos nossos casamentos para satisfazer um desejo de minha mãe, que é uma verdadeira beata”, afirmou Carvalho.
Moradores de São José dos Campos, eles entraram com os pedidos de anulação de casamento no Tribunal Eclesiástico de Aparecida, em 1990. Um ano e meio depois, o processo estava concluído e o casal pronto para se casar novamente.

“Colocar véu e grinalda pela segunda vez foi mais emocionante do que na primeira. Anular o casamento foi uma grande decisão”, disse Catarina.
Já os católicos praticantes procuram os tribunais eclesiásticos movidos por uma razão mais dogmática. “Muitas vezes essas pessoas já estão convivendo com terceiros, sentem-se em pecado na igreja e acham a nulidade necessária”, afirma Noronha.

História 
O Tribunal Eclesiástico de São Paulo existe desde 1901 e, apesar de ser pouco conhecido, sempre esteve aberto ao público.
De sua fundação até 1970, o tribunal funcionou na antiga sede da Cúria Metropolitana, na rua Santa Tereza, ao lado da praça da Sé (centro de São Paulo).
Entre 1970 e 1972, o tribunal continuou usando as dependências da Cúria, que se mudou para a avenida Higienópolis (também na região central).
Nesse ano, o tribunal atravessou a rua e se mudou para os porões do Colégio Nossa Senhora de Sion, onde também funcionava até 1976 a sede da CNBB (Congregação Nacional dos Bispos do Brasil).
Segundo o cônego Antônio Munari dos Santos, todos os países que mantêm relações diplomáticas com o Vaticano possuem tribunais eclesiásticos.
“Acredito que existam tribunais em cerca de 150 países, inclusive no Irã, um país muçulmano”, afirmou. (OTÁVIO CABRAL)


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