segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Cristão no Egito detalha o caos e o risco do próximo governo ser pior com os Cristãos

Visite: Gospel +, Noticias Gospel, Videos Gospel, Musica Gospel O nome bíblico Samuel deixa evidente que ele é um dos 12 milhões de cristãos do Egito que não serão tolerados caso o grupo de radicais islâmicos chegue aos cargos mais altos do país. “Se isso acontecer, terei que sair”, disse, por telefone, ao site de VEJA.
Cristão no Egito detalha o caos e o risco do próximo governo ser 
pior com os CristãosSamuel frisa que apoia os protestos contra Hosni Mubarak, e que também quer um novo governo – desde que não seja comandado pelos “irmãos islâmicos”, como os chama. Ele sabe que, dentre os diferentes movimentos presentes na Praça Tahrir, a Irmandade é a mais bem organizada e com maior número de seguidores. E teme os desdobramentos prováveis disso tudo.
“Eles não pedem o governo para eles agora. São espertos. No momento, atendem aos pedidos dos jovens manifestantes de combater à corrupção do governo atual. O medo dos cristãos é de que, quando mudar o sistema vigente, eles (Irmandade Muçulmana) mostrem a segunda cara”, explica.
Para Samuel, o ideal seria a formação de um conselho com a presença de diversos movimentos da sociedade de onde sairia uma nova constituição, laica. “Longe da religião”, imagina o arqueólogo. Atualmente, apesar de haver liberdade de culto, são muitos os obstáculos à prática cristã. Construir uma igreja no Egito, por exemplo, é uma cruzada. “O Cairo cresceu, e novas cidades surgiram. Elas querem ter igrejas, mas é complicado. Tem que ter assinatura de oficiais do alto da hierarquia. Agora, não é uma liberdade completa, mas podemos rezar, pelo menos. Com os islamitas, ficará impossível”, lamenta desde já.
Para piorar a insegurança de Samuel em relação ao futuro, pesa o fato de ser guia turístico e arqueólogo. “Para a Irmandade Muçulmana, as ruínas são símbolo do paganismo. É um pensamento radical. Não acredito que destruiriam as pirâmides, mas aqui temos muitos museus ao ar livre. Isso me preocupa.” Neste momento, a história do país está guardada por homens do Exército. Samuel continua em casa, sem trabalho. O último grupo de turistas que atendeu se despediu às pressas no dia 29 de janeiro. Eram brasileiros aflitos para deixar o Egito. “E eu tentava acalmá-los. Dizia que isso sempre acontecia. Guia sempre finge que está tudo tranquilo”, diz.
Neste momento, todo o esforço de Samuel é para acalmar a si mesmo. Sua sensação é de que a cada dia a situação piora, mas ele tenta se convencer de que vai melhorar. A polícia voltou às ruas, ele já tem coragem de sair um pouco – sempre de dia. E já decidiu: nesta sexta-feira, vai abrir os dois cadeados para, pela primeira vez, juntar-se aos manifestantes que pedem a saída de Mubarak.
Fonte: Veja

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