Nos andares superiores de um asilo de Sendai, protegido das águas do tsunami que alagou o térreo, Kaori Ohashi e seus colegas de trabalho tratam de 200 idosos enfermos em condições calamitosas, sem luz e com medo dos tremores secundários recorrentes após o terremoto mais forte registrado no Japão.
Na tarde de sexta-feira, quando seguia para o trabalho, Ohashi viu horrorizada as ondas gigantes e tomadas de escombros avançando sobre a cidade.
Viu carros flutuando a toda velocidade com os motoristas dentro, impotentes, e pessoas agarradas às árvores em uma tentativa desesperada de evitar a pressão letal da água.
“Pensei que a vida havia acabado”, declarou à AFP Ohashi, que passou duas noites de horror com os pacientes.
O térreo foi rapidamente tomado pela lama e os funcionários do asilo levaram os idosos para as partes altas do edifício.
“Durante todo este tempo, sentimos tremores secundários violentos. Começou a nevar e a noite chegou. A energia elétrica foi cortada. Parecia um pesadelo”, recorda a mulher de 39 anos.
Apesar da coragem, ela admite que se sentiu isolada e que temeu pela vida dos pacientes.
Com os colegas, Ohashi continuou cuidando dos idosos, que foram alimentados com pequenas porções de atum em conserva e um pouco de pão, à luz de uma lanterna.
“Os residentes estavam assustados. Não acredito que tenham entendido que era um tsunami, mas alguns ficaram com medo porque seus quartos estavam frios e às escuras”, conta Ohashi.
“Muitos perceberam que algo acontecia e não dormiram até duas ou três da manhã. Tentamos tranquilizá-los conversando com eles”, completa.
“Estávamos completamente isolados e dava medo sair do edifício, já que a qualquer momento poderia acontecer um tsunami ou tremores”.
Após 24 horas, a água começou a recuar e a esperança retornou ao asilo. Um helicóptero sobrevoou o centro para idosos e dois socorristas pediram a Ohashi que suportasse mais um pouco, até a chegada das equipes de resgate.
No domingo, as equipes de socorro chegaram e examinaram os pacientes. Por milagre nenhum estava gravemente ferido.
“Uma enfermeira veio até mim e disse ′você fez um bom trabalho`. Naquele momento comecei a chorar”, confessa.
Agora Ohashi está com o filho de 12 anos e com a filha de dois em um ginásio de uma escola de Sendai, a capital do município de Miyagi, com outros 400 desabrigados. Cada vez que um tremor secundário balança o edifício, ela abraça os filhos.
:: Fonte: pernambuco.com
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