Extremistas islâmicos que controlam parte de Mogadíscio, capital da Somália, executaram, nesse mês, um jovem cristão acusado de tentar converter um muçulmano de 15 anos de idade ao cristianismo.
Membros do grupo extremista islâmico Al Shabaab tinham detido Mumin Abdikarim Yusuf, de 23 anos, no dia 28 de outubro, após o rapaz de 15 anos de idade ter passado informações sobre ele aos militantes, disse uma fonte da região à agência de notícias Compass Direct News. O corpo de Mumin foi encontrado no dia 14 de novembro. Fontes disseram que o ex-muçulmano foi baleado até morrer, provavelmente algumas horas antes do alvorecer.
“Nosso irmão Mumin foi assassinado”, disse uma fonte ao Compass. “Seu corpo foi jogado no distrito de Yaqshid, em Mogadíscio, em uma rua residencial.”
O grupo Al Shabaab, cujos membros parecem ter ligações com os terroristas da Al Qaeda, controla algumas partes de Mogadíscio e a maior parte do sul da Somália, assim como outras partes do país.
Suas acusações contra Mumin levaram o grupo extremista a uma incursão em sua casa, no distrito de Holwadag, na capital, disseram as fontes. Após fazerem buscas em sua residência, a milícia não encontrou nada relacionado ao cristianismo. Porém, ainda assim, levaram-no preso.
Antes de o jovem ser executado com dois tiros na cabeça, a fonte do Compass recebeu relatos de que ele foi espancado e teve seus dedos quebrados enquanto os muçulmanos tentavam extrair provas incriminatórias contra ele e informações sobre outros cristãos. Posteriormente, a fonte soube que o corpo de Mumin mostrava sinais de tortura e estava sem os dentes frontais.
“Não sabemos a hora em que ele foi assassinado, mas devido à vontade da família, nós o sepultamos cerca de 3 horas da tarde do mesmo dia”, disse a fonte.
Os cristãos não puderam se identificar com segurança à família muçulmana de Mumin, mas conseguiram auxiliar indiretamente os pais para sepultá-lo com dignidade.
Não se sabe se Mumin, quando torturado, revelou informações sobre membros da igreja na região, mas líderes da Igreja Perseguida têm mudado de local os cristãos que o conheciam, segundo a fonte.
“Ainda não sabemos se Al Shabaab descobriu alguma prova nova de Mumin”, disse ele.
Os pais muçulmanos de Mumin não sabiam que seu filho era cristão e insistiram com os militantes do grupo que ele ainda era muçulmano, disseram as fontes. Os extremistas acusaram a família de não ter informado que seu filho tinha se convertido ao cristianismo e determinaram a sua mãe e seu pai que comparecessem diante do tribunal de Al Shabaab.
Embora a fonte do Compass não pudesse confirmar se os pais atentaram para a ordem, ele disse que muito provavelmente eles o fizeram, uma vez que não é incomum que os militantes decapitem aqueles que desafiam suas ordens. “Não posso confirmar se eles compareceram diante do tribunal islâmico, mas é altamente possível”, disse ele. “Quem ousa desafiá-los?”
Os extremistas demonstraram que não têm escrúpulos para matar aqueles que eles percebem que são simpatizantes de qualquer religião “estrangeira”, disse a fonte. Ele acrescentou que o grupo islâmico somente não executou Mumin antes porque não tinha provas contra ele, a não ser o testemunho do adolescente.
“No islã, para executar alguém, você precisa ter prova de três testemunhas, e eles não a tinham”, disse ele. “Al Shabaab é conhecido por fazer o que deseja, e eles nem mesmo seguem as regras da religião a qual reivindicam aderir.”
A descoberta do corpo de Mumin trouxe fim à tentativa de sua família de assegurar sua liberação, mas eles agora vivem com medo, uma vez que Al Shabaab os acusou de terem ocultado a nova fé de seu filho.
A fonte disse que a morte do jovem cristão é típica do grupo extremista islâmico, que frequentemente lança balas em suas vítimas antes de jogarem seus corpos em locais públicos para servirem de aviso àqueles que ousam resistir suas ordens.
Desde que o ditador Siad Barre foi deposto em 1991, a Somália não teve mais um governo central forte e tem estado à mercê de cruéis militantes baseados em clãs. Alguns, como o al Shabaab, está buscando estabelecer uma versão rígida da sharia (lei islâmica) enquanto lutam para destituir o governo federal transitório do Presidente Sheikh Sharif Sheikh Ahmed, que é apoiado pela União da África e pelas nações do Ocidente.
Fonte: Portas Abertas
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