Trata-se de informação confidencial enviada ao departamento de Estado dos EUA e que resume um encontro ocorrido em 18 de setembro de 2009.
O supracitado encontro versou sobre os talebans afegãos.
Reuniu o czar antidrogas da ONU, - Antonio Maria Costa-, e a cúpula de generais do Isaf (Força Internacional de assistência e segurança): o Isaf foi formado em 2001 para atuar no Afeganistão e sob comando da Nato.
Nesse encontro, o então czar Antonio Maria Costa passa aos seus interlocutores do Isaf informe que confirma teses sustentadas em debates e conferências por especialistas em geopolítica, geoestratégia e geoeconomia das chamadas drogas ilícitas.
Referido informação passada por Costa serve, como ficará exposto abaixo, para demonstrar o quanto a questão das drogas continua a ser usada para encobrir grandes interesses internacionais. No caso, para esconder fato e evitar cobrança da comunidade internacional. Cobrança voltada a se projetar e implantar, no Afeganistão, um programa de cultivos substitutivos ao ópio. Como o que interessa é a “guerra”, os camponeses, que negociam o ópio extraído com os talebans, são esquecidos.
Com efeito. Os talebans, segundo Costa, mantém em estoque cerca de 21.400 toneladas de ópio-bruto, matéria prima para a elaboração da heroína.
Os depósitos estariam espalhados pela região meridional do Afeganistão, onde encontram-se os plantios de papoula (da cápsula da flor da papoula é extraído o ópio, que em grego significa suco). A proximidade reduz despesa com transporte.
Como a produção de ópio é bem superior ao absorvido pelo mercado, os talebans resolveram, segundo Costa, estocar.
A estocagem, –isso não consta da informação de Costa mas de teses de especialistas no acompanhamento do fenômeno das drogas proibidas–, decorreu da proposta norte-americana de derrame de herbicidas nos campos de papoula. Aliás, a repetir, com danos ecológicos irreversíveis, o Plan Colômbia : despejo de glifosato da Monsanto na Colômbia por aviões contratados da empresa privada Dyn Corp.
Assim e pelo que se extrai do informe de Costa sobre estocagem, os talebans fizeram a sua “caderneta de poupança” ( estocagem de valioso produto ilegal). Em outras palavras, os talebans controlam o mercado e estocam para evitar queda de preços. Também afastam risco de não contar com o produto no caso de destruição por derrame aéreo de herbicidas. Só para lembrar, durante os derrames de insumos químicos previstos no Plan Colômbia, as áreas de cultivo da folha de coca migraram para as reservas ambientais, para clareiras abertas na região Amazônica colombiana e para o Peru. Na Ásia, e eliminado o plantio no Afeganistão, voltaria a crescer a produção no denominado Triângulo do Ouro: Birmânia(Mianmar), Laos e Tailândia.
A publicação do Wikileaks confirma o que muitos presumiam e nunca fora revelado: estocagem. Agora, para especialistas mecionados, a estocagem é realizada pelos senhores das guerras e não pelos talebans, conforme informe de Costa.
Para Costa, a repetir o então presidente W.Bush, o ópio é a “verdadeira e própria fonte de financiamento dos talebans” e isso “ deveria levar os serviços de inteligência a descobrir os locais de armazenamento e seguir a movimentação da droga”.
PANO RÁPIDO. O czar Antonio Costa fazia o jogo norte-americano da “war on drugs” e se mantinha no cargo por escolha dos EUA. Para o cargo de czar vale a escolha feita pelos maiores doadores de recursos à Unodc. E EUA e Itália são os maiores doadores, ou melhor, os grandes mantenedores da Unodc.
– Wálter Fanganiello Maierovitch–
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