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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Entrevista: Augustus Nicodemus 'Muitos me Chamam de Fundamentalista'
Augustus Nicodemus diz “Não me acho xiita,” no seu novo livro, “O que estão fazendo com a Igreja.” “Mas muitos me chamam de fundamentalista,” acrescentou.
Nicodemus é pastor, professor e pesquisador brasileiro, atualmente exercendo a função de chanceler da famosa Universidade Mackenzie no Brasil.
Em entrevista ao Cristianismo Hoje Augustus Nicodemus falou sobre seu recém-lançado livro na Bienal de São Paulo.
Formado em Novo Testamento e doutor em Interpretação Bíblica pelo Instituto Teológico de Westminster (EUA), ele expressou em sua obra suas posições teológicas.
A começar pelo título do livro, Nicodemus confirma que sim, estão fazendo muita coisa ruim com a Igreja.
“Infelizmente, muita coisa ruim – desde desfigurá-la, passando uma imagem ao público de que todos os evangélicos e seus pastores são mercenários que vivem para fazer barganhas com Deus em troca de bênçãos, até destruí-la internamente, trocando o Evangelho de Cristo por um outro evangelho,” disse ele.
Para o autor, a pós-modernidade facilitou a influência do liberalismo, do relativismo e do pragmatismo na Igreja brasileira.
“A presente época, marcada pela pós-modernidade, facilita a penetração desses elementos na vida, liturgia e missão das igrejas evangélicas, como de fato temos presenciado.”
Mas ele afirma que há líderes evangélicos que conscientemente controem ministérios, Igrejas e movimentos apoiando-se em uma ideologia liberal.
Segundo ele, os efeitos práticos disso na Igreja são “o questionamento à autoridade da Bíblia, ao caráter único do Cristianismo e ao comportamento ético pregado historicamente pelos Cristãos.”
Nicodemus acredita que o movimento evangélico numeroso e multifacetado brasileiro não chegue a um fim e demonstra sua preocupação.
“...temo que esse processo de desfiguramento e de enfraquecimento teológico e doutrinário, levado a cabo por liberais, neopentecostais, libertinos e neopuritanos, acabe transformando a Igreja brasileira em algo distinto da Igreja bíblica.”
Entretanto, fazendo analogia com os sete mil que nunca dobraram os joelhos a Baal da Bíblia, ele acredita que, paralelamente, aconteça o fortalecimento de denominações, ministérios e grupos evangélicos que prezam a Bíblia.
Augustus afirma também que da mesma maneira que existe uma esquerda política, também existe uma esquerda teológica que valoriza o liberalismo.
“Não é coincidência que um grande segmento evangélico esteja defendendo bandeiras liberais, como o aborto, o reconhecimento das uniões homoafetivas, o sexo antes do casamento...”
Com relação ao movimento evangélico brasileiro, ele falou sobre a diversidade, dizendo que ela é sadia e bíblica.
Entendo, porém, que “existe uma unidade essencial e básica entre os verdadeiros cristãos, que pode ser resumida nos fundamentos da fé bíblica.”Augustus afirma que a teologia da prosperidade e a confissão positiva modificaram a maneira de pensar evangélica do país.
A confissão positiva acabou exercendo uma grande influência sobre os evangélicos brasileiros. Na minha opinião, todavia, ela não é a maior influência negativa.
“Considero a teologia da prosperidade, a busca de experiências místicas, as crendices e superstições que infestam os arraiais neopentecostais como sendo de maior periculosidade para a Igreja.”
Para ele o liberalismo teológico afetou as Igrejas tradicionais nos anos 60, especialmente os seus seminários.
“Isso causou graves problemas e disputas internas, que obrigaram essas Igrejas a relegar o crescimento a um plano secundário e a se concentrarem na própria sobrevivência.”
As Igrejas históricas, segundo ele, não conseguiram “sobreviver ilesas hoje são as menores entre os evangélicos, mais voltadas para o social e ainda em lutas internas com os liberais que sobreviveram dentro de suas organizações e estruturas.”
O pastor professor deu sua opinião sobre as lideranças autocráticas e monolíticas atualmente aceitas pelos fiéis, “é o que chamo em meu livro de ‘a alma católica dos evangélicos brasileiros.’
“Os brasileiros estão acostumados com o catolicismo romano e sua hierarquia eclesiástica totalitária.”
“No romanismo, os líderes não são eleitos pelo povo, como acontece na maioria das Igrejas históricas, cujo sistema de governo é democrático – eles são impostos, determinados, designados.”
por Cristiam Post
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