sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Os países da África Ocidental ameaçaram fazer uso da força nesta sexta-feira se o atual presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, não deixar o poder, segundo um comunicado divulgado após o fim da reunião da CEDEAO (Comunidade Econômica de Estados de África do Oeste, que inclui 15 países) na capital da Nigéria.

A CEDEAO exigiu que Gbagbo deixe o poder, afirmando que "no caso de uma recusa a este pedido não negociável, a Comunidade não terá outra opção senão tomar todas as medidas necessárias, incluindo o uso da força legítima, para que sejam cumpridas as aspirações do povo marfilenho". No comunicado, o bloco também expressou sua "profunda preocupação com o número inaceitavelmente alto de vidas perdidas desde de 7 de dezembro de 2010", e alerta as autoridades de que, o mais rápido possível, serão julgadas em tribunais internacionais por terem violado os direitos humanos".
Além disso, a cúpula "decidiu enviar uma delagação de alto nível à Costa do Marfim". A CEDEAO, que já excluiu a Costa do Marfim em uma cúpula anterior, em 7 de dezembro, reconheceu Alassane Ouattara como vencedor das eleições de 28 de novembro. Os partidários de Ouattara esperavam que a CEDEAO se pronunciasse por uma opção militar para expulsar Gbagbo, segundo Patrick Achi, porta-voz do governo de Ouattara. Seu primeiro-ministro, Guillaume Soro, já havia pedido na quarta-feira "o recurso à força".
Para a França, Gbagbo ainda pode fazer uma "saída honrosa". "Mas, à medida que o tempo passa e mais atos de violência ocorrem, esta perspectiva se afasta", indicou a ministra francesa das Relações Exteriores, Michele Alliot Marie. A chefe da diplomacia americana, Hillary Clinton, reiterou seu apelo a Gbagbo, pedindo que renuncie "imediatamente" ao poder.
Na quinta-feira, o Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou uma resolução que condena firmemente a violência dos sequestros e assassinatos cometidos no período pós-eleitoral na Costa do Marfim, manifestando preocupação com as atrocidades perpetradas. A cúpula de Abuja acontece um dia depois do encontro da União Econômica e Monetária da África Ocidental (UEMOA), que reconheceu Ouattara "como presidente da Costa do Marfim eleito legitimamente", e única pessoa habilitada a tomar "medidas relativas ao funcionamento da UEMOA" e do Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO) em nome de seu país.
"A questão do compromisso não está sobre a mesa", declarou Odein Ajumogobia em Abuja, antes de iniciar a cúpula extraordinária da CEDEAO dedicada à crise política da Costa do Marfim. "Estamos decididos a ver Gbagbo deixar o poder", destacou o ministro nigeriano, cujo país detêm a presidência de turno da CEDEAO.
Ouattara, por sua vez, pediu à comunidade internacional que envie a Abidjan uma missão da Corte Penal Internacional (CPI). "Esperamos que a CPI possa enviar uma missão à Costa do Marfim para estabelecer a responsabilidade de uns e outros, e que todos aqueles que estão envolvidos de uma maneira ou de outra sejam levados a Haia", sede do tribunal internacional, afirmou Guillaume Soro em uma entrevista publicada nesta quinta-feira pelo jornal francês Liberation.
"Esperamos energicamente que a comunidade internacional não demore muito para se dar conta que o lugar do (atual presidente Laurent) Gbagbo não é o palácio presidencial, e sim a Corte Penal Internacional de Haia", afirmou. A comissária adjunta para os direitos humanos da ONU, Kyung-Wha Kang, declarou-se alarmada com a violência provocada pela confusa eleição presidencial marfinense. Segundo a ONU, 173 pessoas foram mortas entre 16 e 21 de dezembro.
"Entre 16 e 21 de dezembro, os responsáveis pelos direitos humanos receberam informações sobre 173 mortos, 90 casos de tortura, 471 detenções, 24 desaparecimentos forçados ou involuntários", afirmou Kyung-Wha Kang ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, em uma reunião especial dedicada à Costa do Marfim.

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