sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Pastor publicitário analisa o uso de propaganda e marketing na Igreja "A gestão de uma igreja tem que ser ética e profissional, então pode emprestar uma série de estratégias do mundo empresarial, mas temos um limite", afirma Edmilson Mendes

Pastor voluntário há mais de dez anos, Edmilson Ferreira Mendes é teólogo, conferencista e preletor em vários eventos, e autor dos livros: "Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?". "Caminhos" e "Aliança". Além disso, Edmilson atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing.
Em entrevista exclusiva ao GUIA-ME, o pastor falou sobre como a experiência publicitária o auxilia no ministério, como denominações têm utilizado a propaganda para atrair membros e a relação entre Igreja e empresa. "A propaganda não é ruim, ela pode ser ruim", diz ele.
Guia-me: O fato de ser publicitário o auxilia em seu ministério pastoral?
Edmilson Mendes: Ajuda. Por exemplo, ele [pastor] é engenheiro e pastor, advogado e pastor, dentista e pastor. Acho que toda formação vai ajudar no ministério, e não só a Teologia. No caso da publicidade, ajuda, pela visão que a gente tem de mundo, das pessoas, a sensibilidade para olhar a vida, a arte, tudo isso contribui e acrescenta.
Guia-me: O senhor acredita que a Igreja usa de marketing e publicidade para atrair pessoas? Se utiliza, ela tem feito de maneira correta?
Edmilson Mendes: A igreja usa. Desde o grupo de jovens local, até o presbitério geral, a igreja tem usado a internet, a mídia impressa, seu veículo interno para falar com o seu público... É o 'cartazinho', o convite. Acho que dentro da realidade da Igreja, ela usa de forma correta. Digo realidade a condição financeira que ela tem. Existem igrejas e igrejas, umas têm dois milhões de dólares para investir em marketing e outras não têm, então cada uma dentro da sua realidade - sem criticar a que tem ou a que não tem -,usa as ferramentas que estão ao seu alcance.
Guia-me: Então, cartazes, slogans, propagandas televisivas, feitas de maneira correta, são válidos?
Edmilson Mendes: Sim, são válidos. São ferramentas que estão aí para serem usadas. A propaganda não é ruim, ela pode ser ruim se for usada para fazer uma lavagem cerebral nas pessoas, mas enquanto ela oferece um produto para nós escolhermos, ela é boa. Enquanto um produto começa a ser fabricado em baixa escala, ele é caro, mas à medida que você tem a propaganda, ela divulga, as pessoas começam a comprar e isso é produzido em grande escala, o preço cai. Por exemplo, a TV de plasma que custava 10 mil e hoje já está por 2 mil,ou seja, a propaganda foi boa para mim, ela me deu acesso a uma coisa que eu não tinha. Agora, quando a propaganda me faz consumir coisas que eu não preciso, me engana e me hipnotiza, ela é ruim, mas isso vale para todas as áreas da atuação humana.
Guia-me: Alguns líderes observam a Igreja como uma empresa com valores diferentes. A Igreja pode ser vista e comparada a uma empresa?
Edmilson Mendes: Até certo ponto, sim. A gestão de uma igreja tem que ser ética e profissional, então pode emprestar uma série de estratégias, planejamento e palavras do mundo empresarial, mas temos um limite, porque a Igreja não é uma empresa, ela é Igreja. Ela funciona diferente, é um organismo que tem pessoas, então não dá para eu ficar mensurando uma meta e falar 'tem que ser assim' porque há tantas variáveis! Tem dia que você acorda emocionado, na fossa, triste, revoltado, deprimido, e tem dia que você acorda 'pra cima',e a Igreja é desse jeito... O Espírito Santo é soberano para fazer o que quer com a Igreja, independente dos nossos planos, e se eu perder isso de vista, vira uma coisa mecânica, e a Igreja, nesse aspecto, não pode ser assim.
Guia-me: Em sua opinião, Igreja cheia representa êxito na pregação da Palavra e na publicidade?
Edmilson Mendes: Não. Crescimento não pode ser a resposta para se aquela Igreja está certa ou errada. Tem muita Igreja que está cheia, mas tem um conteúdo horroroso, e tem Igreja que está cheia e oferece um conteúdo muito saudável, mas isso não é toda a verdade, porque também há igreja que tem um conteúdo muito legal e está vazia, assim como uma com conteúdo horroroso que também está vazia. Não dá para medir igreja cheia dessa forma. Existem igrejas cheias por 'N' coisas: pregador, música boa, grupo de louvor, adoração...O que funciona é a multiforme graça de Deus, não temos que nos preocupar em padronizar uma igreja porque as pessoas são diferentes. Eu posso não gostar daquela, mas tem um público que gosta, e a graça de Deus está atuando. Não podemos achar que só nós somos bons, só nós sabemos fazer bem feito, até porque também cometemos equívocos, 'pisamos na bola', erramos.
Por Juliana Simioni

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