Num artigo no jornal iraquiano Al-Zaman, publicado simultaneamente em Londres e Bagdá, cuja linha editorial é independente e liberal desde a década de 1940, o colunista Majid Aziza dá destaque à situação da população árabe cristã no mundo muçulmano. A seguir, alguns trechos do artigo:[1]
Na Palestina, os cristãos estão quase extintos em conseqüência do controle que os extremistas muçulmanos têm sobre a questão palestina e da marginalização dos cristãos, sem mencionar o impacto negativo da intifada [revolta dos palestinos contra Israel] – que é dirigida pelas organizações islâmicas – sobre os cristãos da Palestina. |
Os cristãos têm vivido há séculos nas regiões conhecidas atualmente como países árabes, juntamente com outros grupos religiosos e, principalmente, com os muçulmanos que participaram com eles das aflições da vida. Mas os cristãos perderam o apoio de seus concidadãos islâmicos por muitas razões, inclusive pelo extremismo religioso entre alguns muçulmanos, pelo aumento da população [islâmica] por motivos religiosos, pelos atos de discriminação, coerção e expulsões individuais e coletivas de cristãos e pelas pressões que os cristãos vinham sofrendo até mesmo quando estavam servindo a seus países. Há muitos exemplos disso na Palestina, no Iraque, no Sudão, no Líbano, no Egito e em outras nações.
Aproximadamente 4 milhões de cristãos libaneses emigraram de seu país em conseqüência das pressões impostas pelos [muçulmanos]. Mais ou menos meio milhão de cristãos iraquianos deixaram seu país pelos mesmos motivos... Hoje a situação está ficando pior por causa da discriminação por parte dos extremistas muçulmanos salafitas. Na Palestina, os cristãos estão quase extintos em conseqüência do controle que os extremistas muçulmanos têm sobre a questão palestina e da marginalização dos cristãos, sem mencionar o impacto negativo da intifada [revolta dos palestinos contra Israel] – que é dirigida pelas organizações islâmicas – sobre os cristãos da Palestina. Com relação aos cristãos coptas do Egito, o que o governo e os muçulmanos fizeram e estão fazendo com eles daria para encher páginas e páginas de livros e jornais, explicando os atos de coerção, discriminação e perseguição. O que está acontecendo também com os cristãos na Argélia, Mauritânia, Somália e outros países é um problema que ocuparia espaço demais para ser explicado.
Essa situação ocorre igualmente nos países muçulmanos não-árabes. Em nações islâmicas como o Paquistão, a Indonésia e a Nigéria, os cristãos também sofrem perseguição. No Paquistão, os líderes muçulmanos decretaram uma fatwa [decisão religiosa] permitindo a matança de dois cristãos para cada muçulmano morto pelos ataques americanos no Afeganistão, como se os americanos representassem o Cristianismo no mundo. Em outros países os cristãos vivem com medo, sob a sombra de ameaças, e enfrentam uma crescente série de agressões toda vez que os Estados Unidos e seus aliados executam uma operação militar contra qualquer país [muçulmano].
Os cristãos têm medo do que lhes poderia acontecer nesses países. A situação é muito grave e requer atenção urgente. É difícil imaginarmos qualquer outro tempo em que os cristãos enfrentaram maior perigo do que atualmente nesses países..." (extraído de www.memri.org)
Diante dessa situação assustadora para os cristãos no mundo islâmico, é realmente estranho que muitas igrejas ocidentais insistam em reclamar apenas das "dificuldades" dos cristãos palestinos sob a "ocupação" israelense, como se não soubessem que Israel é a única democracia no Oriente Médio.
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