A escolha do país como sede das Olimpíadas já era um dos temas das reuniões bilaterais entre diplomatas e militares mesmo antes do anúncio, segundo o site. Em um dos telegramas, a conselheira para assuntos administrativos da embaixada, Cherie Jackson, afirma que o apagão que atingiu 18 estados brasileiros em 10 de novembro de 2009 era uma “excelente ocasião” para tratar do assunto.
A conselheira, no entanto, afirma que a segurança física das instalações deve ser uma prioridade cada vez maior à medida que se aproximam os jogos. De acordo com ela, autoridades brasileiras “admitem a possibilidade de um ataque” e estariam identificando as instalações que precisam ser protegidas.
"O Brasil pode estar aberto a buscar cooperação em proteção crítica de insfraestrutura", afirma.
Cherie Jackson faz ainda um apelo para que diversos setores do governo dos EUA explorem as oportunidades a médio prazo no país.
Olímpiadas no Rio - O futuro é hoje
Em outro telegrama, assinado pela ministra-conselheira da embaixada, Lisa Kubiske, aponta oportunidades comerciais e militares. Segundo o site, no dia 24 de dezembro de 2009 o Departamento de Defesa dos EUA recebeu um relatório intitulado “Olimpíadas do Rio – O Futuro é Hoje”.
“O governo brasileiro compreende que enfrenta desafios críticos na preparação dos Jogos de 2016 e demonstrou grande abertura em áreas como compartilhamento de informações a cooperação com o governo dos Estados Unidos - chegando até a admitir que poderia haver a possibilidade de ameaças terroristas", diz o documento.
Segundo o documento, a admissão, "pouco usual" para um "governo que oficialmente acredita que não existe terrorismo no Brasil", foi feita por um assessor do Ministério de Relações Exteriores. "Além de preparar as oportunidades comerciais que os jogos vão oferecer às empresas americanas, o governo dos EUA deveria se aproveitar do interesse do Brasil no sucesso olímpico para progredir na cooperação bilateral em segurança e troca de informações”, diz.
'Jeito tipicamente brasileiro'
Num dos trechos das mensagens, a funcionária da embaixada dos EUA reclama ainda da falta de planejamento para os dois eventos. "Articular os objetivos mais amplos e deixar os detalhes para o último minuto pode ser o jeito tipicamente brasileiro, mas pode gerar problemas", comenta Kubiske.
"Os atrasos que esperamos do governo brasileiro em planejar e executar os trabalhos de preparação para uma Copa do Mundo e Olimpíadas bem-sucedidas com certeza vão gerar um ônus maior para o governo americano poder garantir que os padrões necessários serão alcançados", diz a mensagem.
Kubiske volta a citar as oportunidades para os EUA em se envolver na estrutura e recursos para os jogos. "Já existem oportunidades para o governo americano para buscar colaboração em função dos Jogos, incluindo aumentar a cooperação e a expertise brasileira em contraterrorismo", afirma o telegrama.
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