segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O estupro como arma


A guerra civil na República Democrática do Congo (ex-Zaire) teve início em 1997 e, desde então, a violência sexual vem sendo usada como arma de guerra. Essa nação africana tem o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo e uma renda per capita de US$ 180 anuais (cerca de R$ 320). Em setembro passado a Organização das Nações Unidas (ONU) reportou novo crescimento de casos de estupro no país e admitiu ter uma parcela de culpa por não proteger os cidadãos, apesar de ter 20 mil soldados no Congo.

O que antes parecia ser um problema apenas para as mulheres tem afetado os homens também: uma pesquisa divulgada recentemente pela rede “BBC” mostrou que 39% das mulheres e 24% dos homens já sofreram violação sexual – isso sem contar os casos de refugiados que não têm coragem de falar que sofreram abuso. “É uma estratégia de guerra usada pelos soldados para subjugar os cidadãos, mantê-los sob seu controle. Não ocorre por desejo sexual, por isso que vemos homens e mulheres sendo submetidos”, explica à Folha Universal o médico ginecologista Denis Mukengere, especialista no assunto que atende em média 10 mulheres estupradas por dia no hospital de Panzi, no leste do país. Não bastasse isso, os agressores ainda costumam ferir gravemente a genitália das vítimas com pedaços de pau, baionetas ou até tiros.

Área rica em diamantes, cobre, cobalto, ouro e nióbio, o país vive disputas territoriais e de poder há séculos, mas foi em 1997 que o presidente congolês em exercício desde 1965, Mobutu Sese Seko, foi obrigado a se exilar e o líder rebelde Laurent D. Kabila passou a ocupar o cargo. A guerra civil interna eclodiu neste momento e se arrasta até hoje. (K.M.)

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